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A filosofia nos ensina que existem duas formas de abordar um problema:

  • A indutiva – a mais tradicional, rápida, mais comum no dia-a-dia que vou chamar de martelo, na qual você apenas se baseando na sua experiência, intuição, contatos, emoções, conversas para chegar a uma conclusão de como abordá-lo. Aqui você vem dos fatos para as teorias, pois trabalha com um problema que está dentro de paradigma conhecido.

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  • A dedutiva – a menos tradicional, que vou chamar de chave de fenda, na qual você se baseia na análise racional de um dado problema, identifica suas características e procura na história situações similares. Aqui você vem das teorias para os fatos pois trabalha com um problema que está indo para um paradigma desconhecido.

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Qual a melhor?

Depende do problema.

  • O martelo, a indução, é boa para pregos, ou problemas conhecidos, que já foram estudados, que são muito parecidos com o que se conhece. No fundo, pode-se entrar em uma fase indutiva em problemas que já passaram há tempos por uma dedução e agora estão mais compreendidos.
  • A chave de fenda, a dedução, é boa para parafusos, problemas desconhecidos, pouco estudados, que são muito diferentes daqueles que se conhece. Um problema desconhecido exige um esforço mental muito maior, pois ele demonstra que algo do nosso repertório de conceitos não se encaixa e é preciso criar um novo repertório.

E ainda:

  • Se você usar a chave de fenda, dedução, para algo simples, vais gastar tempo e dinheiro para algo que pode se resolver de forma mais fácil, através da troca de experiências sobre um dado problema.
  • Se você usar o martelo, indução, para algo diferente, complexo, vai gastar tempo e dinheiro para algo que se pode se resolver de forma mais reflexiva, teórica, através do estudo da situação e fatos que aconteceram no passado.

 

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Assim, recomenda-se quando temos uma continuidade dos processos, tirar da caixa de ferramenta o martelo, a indução, pois é algo que conhecendo mais os fatos, se chega a uma conclusão eficaz.

Trabalha-se, assim, sem a necessidade de quebra de paradigma do pensar, há uma continuidade do pensamento e nossas emoções, intuições e conversas com quem convive com o problema são suficientes para nos ajudar em uma tomada de decisões.

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Por outro lado, quando temos uma descontinuidade dos processos, sugere-se tirar da caixa de ferramenta a chave de fenda, a dedução, pois é algo que conhecendo/criando novos conceitos, se chega a uma conclusão mais eficaz.

Trabalha-se, assim, com a necessidade de quebra de paradigma do pensar, há uma descontinuidade do pensamento. E por isso nossas emoções, intuições e conversas com quem convive com o problema (e sob o mesmo paradigma) NÃO são suficientes para nos ajudar em uma tomada de decisões.

Porém, temos um sério problema hoje pós Ditadura Cognitiva, dentro de um processo de fim de Contração Cognitiva, em que temos uma baixa capacidade de abstração e uma dificuldade muito grande do pensamento dedutivo.

Quando analisamos a guinada do mundo digital, 99% das pessoas têm adotado o método indutivo para entender a ruptura. “Eu falei com fulano, eu acho isso, sinto aquilo, intuo aquilo outro”.

O caminho  indutivo na ruptura dificulta mais a ver o cenário, pois há uma intoxicação do paradigma que se vive. Todas as emoções e intuições precisam ser questionadas, em novas bases e quando não são refletem o que passou e não o que está por vir.

Enquanto isso não for feito, vai se “rodar” o emocional no paradigma passado.

É preciso passar por um lava-jato teórico, através de um questionamento contínuo do pensamento atual para começar a ver diferente e voltar a poder usar a emoção e a intuição, sob um novo olhar e não o mesmo.

A indução só é possível a ser praticada, quando já estamos dentro de um novo paradigma e não do antigo!!!

Não quer dizer que a teoria que a dedução defende é a melhor, a certa, pelo contrário, é apenas uma tentativa de entender melhor o problema de formas mais adequada.

Há, assim, um grande diferencial entre as abordagens indutiva e dedutiva para quem deseja fazer um planejamento estratégico mais eficaz.

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  • A indutiva, martelo, procura entender o digital, a partir da emoção e não procurando criar uma análise mais consistente, pois só métodos mais apurados podemos nos ajudar a entender o fenômeno, pois trata-se de uma ruptura da maneira de pensar.
  • A dedutiva, chave de fenda, procura entender o digital, a partir da razão e procurando criar uma análise mais consistente, com métodos mais apurados para nos ajudar a entender o fenômeno, pois leva em conta a ruptura da maneira de pensar.

Assim, não é possível comparar as duas abordagens neste caso, pois a dedutiva tende sempre a ser mais convincente e aí tem um risco, pois a dedução é um método mais eficaz para analisar o problema, que tem que procurar teorias consistentes.

Pode haver a abordagem dedutiva que produzam teorias menos eficazes. E até se pode ter uma indução que chegue a algumas conclusões próximas de uma dedução, com menos argumentos ou mesmo precisão.

Qualquer análise indutiva sobre o digital é um grande risco, pois pode induzir a cenários pouco consistentes e a custos sem necessidade. O problema que a dedução exige uma capacidade de abstração e um tipo de pensamento que usamos no passado cada vez menos. Aí está o problema para lidar com tudo que temos pela frente, vivemos o paradoxo de que agora precisamos ser radicalmente dedutivos em um mundo radicalmente indutivo.

É isso, que dizes?

 

One Response to “Problemas, martelos e chaves de fenda”

  1. […] Pode dar alguns palpites em situações similares que ele resolveu, mas não necessariamente entender todo o processo e os desdobramentos do digital. Ele está usando de forma esperta o modelo indutivo de pensar, que tem suas limitações, veja mais aqui. […]

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