Num mundo de ideias controladas a memória fazia a diferença.
Diria até que a história da evolução das Tecnologias Cognitivas tem sido a de deixar mais e mais nossas mentes mais livres para criar do que para ficar lembrando.
O valor estava em quem conseguia, em sala de aula, por exemplo, reproduzir o que leu nos livros.
A estabilidade social, advinda do controle da circulação de ideias, nos fez dedicar nosso esforço mental a assuntos e estes à memória.
Tinha valor quem sabia tudo sobre um dado tema, se possível, de memória.
Num mundo de ideias descontroladas o processo se inverte.
A taxa de valor da memória cai.
Os assuntos vão ficando obsoletos, pois há uma forte demanda para lidar com cada vez mais novos, diferentes e mutantes problemas.
Há uma relação, assim, do Pêndulo Cognitivo, entre:
- – Quanto mais controle de ideias, mais vamos nos dedicar a assuntos;
- – Quanto mais descontrole de ideias, mais vamos nos dedicar a problemas.
E surge a demanda de outro tipo de pesquisador/professor e de tipo de inteligência: a do articulador.
(Quem desenvolve muito sobre isso é Edgar Morin, nas teorias e filosofia da complexidade.)
Sob esse ponto de vista, gera mais valor aquele que consegue articular diferentes assuntos para lidar com um dado problema.
A teoria aberta e a aula participativas, dentro do que vamos chamar de pensamento complexo, demandam por ele.
Seu mérito não é saber muito sobre algo, mas um tanto sobre várias coisas e, fundamentalmente, a capacidade de articulá-los na direção de um dado problema.
Sim, há uma luta surda no campo do conhecimento entre o memorizador e o articulador.
O primeiro fez sucesso no mundo de ideias controladas e se vê em franca decadência na atual expansão cognitiva.
Há uma clara perda de poder e de, quando em vez, um embate.
É isso, que dizes?