Uma ciência, a meu ver, não pode ter um foco em algo que é a solução, o martelo, mas deve se voltar para o problema que faz com que precisemos usar o martelo!
Como disse no post anterior, a produção do conhecimento deve se focada em redução de sofrimentos dos seres vivos gerada por problemas.
Veja a proposta da Ciência das Redes, por exemplo, que se dispõe a ter como objeto as redes para poder lidar melhor com a complexidade.
O objetivo, no final, é criar metodologias, tecnologias, serviços, produtos e processos em um mundo complexo para reduzir sofrimentos de seres vivos, conforme leio no livro “Linked” do Barabasi.
As redes fazem parte, a meu ver, da metodologia, da parte final, do problema aumento radical da complexidade humana e formas de lidar com ela.
Redes são ferramentas humanas, empoderadas por tecnologias e metodologias de todos os lados para que possamos lidar melhor com a complexidade cada vez maior, em função dos saltos demográficos.
Uma ciência, se vamos chamar um movimento em torno de problemas ainda de ciência, deve ter como foco algo que possa minimizar sofrimentos.
Uma ciência, a meu ver, não pode ter um foco em algo que é a solução, o martelo, mas deve se voltar para o problema que faz com que precisemos usar o martelo!
As redes são ferramentais nessa direção e não podem ser o objeto central de uma nova Ciência, apenas instrumentos para que possamos resolver os problemas levantados.
Quando ouço falar em Ciência das Redes traduzo para metodologias e aprendizados de como elas funcionam, um estudo interessante e relevante, mas não podemos caracterizá-la como uma ciência, apenas metodologias.
Assim, como não acho que devemos ter a ciência do hambúrguer, nem do carro, nem do avião, mas estudos destas tecnologias e as metodologias, que devem estar dentro de um determinado contexto.
É um estudo de metodologias e ferramentas para que as ciências – que se debruçam em problemas – possam utilizar.
Não formaria uma escola, mas disciplinas em várias escolas para a solução de problemas.
Hoje, lidamos com redes digitais, por exemplo, para lidar com um mundo complexo de 7 bilhões de habitantes.
O problema é minimizar sofrimento dos 7 bilhões, através de metodologias e tecnologias – as melhores possíveis.
Meu temor é que comecemos a criar a ciência das redes, assim como criamos a ciência da computação, da informação, da comunicação e, de novo, nos misturemos o que é martelo (metodologia) do que é o sofrimento (o problema a ser minimizado), que deve guiar a Ciência 3.0
Ou seja, diria que o estudo das redes se encaixa no Triângulo de Conhecimento (filosofia, teoria e metodologia) como metodologia e não como um guarda-chuva de estudos.
Podemos, por exemplo, criar uma teoria sobre o efeito das mudanças das redes na sociedade. Isso não seria uma ciência, mas uma abordagem teórica para solucionar e pensar um dado problema.
Seria a Teoria das Redes e seu impacto na história humana, mas nunca uma Ciência.
Que dizes?