A partir da definição de governança, podemos dizer que temos mudanças na governança da espécie quando ocorrem as raras Revoluções Cognitivas.
Ou seja, tomamos decisões, a partir das tecnologias cognitivas disponíveis, que limitam ou expandem a participação de mais gente na toma de decisão de forma sustentável.
(Entende-se forma sustentável como uma relação custo/benefício que seja compatível com os objetivos das organizações.)
Assim, temos barreiras tecnológicas que impedem o aprimoramento da governança da espécie, que podemos chamar também de macro-governança. Ou seja, em um dado momento histórico não há como melhorar a governança sem que haja uma mudança RADICAL nas tecnologias cognitivas disponíveis.
Vivemos hoje um momento desse tipo.
Quando novas tecnologias cognitivas surgem e mudam o tripé da governança (quem, como e com que objetivo?) um novo modelo de macro-governança está sendo gestado. De fato, não é toda mudança nas tecnologias cognitivas que alteram a governança.
Podemos dizer, assim, que tivemos três grandes Revoluções Cognitivas na história, de macro escopo e algumas Revoltas Cognitivas. O papel impresso, que melhorou a escrita foi uma revolta, assim como o alfabeto. Porém, a escrita foi uma Revolução, assim como a fala e agora o digital.
Uma revolta ou uma Revolução Cognitiva expandem as ideias em circulação e melhoram ou alteram de forma incremental ou radical o Tripé da Governança da espécie.
Na história podemos dizer que houve três Revoluções Cognitivas, que nos permitiram um novo modelo de tomada de decisões e uma mudança da governança da espécie:
- – A Revolução Cognitiva da linguagem – com a chegada da fala, que nos legou o mundo oral e a tomada de decisões, via conversas e ordens orais. Bom notar que a fala foi a base para a consolidação da espécie, que se desdobrou no modelo de tribos que se formaram na aurora da nossa história;
- – a chegada da escrita, que nos legou o mundo escrito e a tomada de decisões, via leitura e ordens escritas. Bom notar que a escrita foi a base para o monoteísmo, que se desdobrou no modelo de hierarquia que temos hoje;
- – a chegada do digital – que está nos legando a nova governança digital, que nos permitirá administrar um mundo de 7 bilhões de habitantes.
Podemos dizer, assim, que temos três modelos de governança da espécie:
- A governança oral – hegemônica e modeladora das organizações até a chegada da escrita;
- A governança escrita – hegemônica e modeladora das organizações até a chegada do digital;
- A governança digital – que está no seu processo primitivo de implantação.
Note que as governanças não são excludente, mas se sobrepõem, se potencializando.
Porém, há uma melhoria na qualidade de decisão a cada uma destas etapas, que me permitem que as decisões sejam de melhor qualidade, embasadas no critério de:
- – mais qualidade das autoridades;
- – mais critérios meritocráticos de escolha;
- – e mais ética nos seus propósitos.
(Note que estes critérios devem ser vistos no macro cenário, com momentos de fluxo e refluxo, pois aprimoramos com a República, mas que acabou perdendo seu viço com a concentração das ideias versus o aumento demográfico.)
Uma nova governança da espécie, a meu ver, é demandada quando há um aumento populacional, que nos leva a uma nova complexidade demográfica, ampliando o problema da baixa qualidade de tomada de decisões.
Poucos acabam cada vez mais tomando a decisão por muitos e deixando um conjunto de pontos de vistas de fora, aumentando a taxa de sofrimento.
Revoluções Cognitivas têm um papel mutacional de promover mudanças profundas na governança da espécie, que nos levem a um modelo de governança mais compatível com a complexidade demográfica a cada momento da nossa espécie.
É isso que dizes?
[…] Assim, podemos dizer que quando mudamos de forma massiva as tecnologias cognitivas para atender novas complexidades demográfica e essas permite novas formas de tomada de decisão estamos diante de uma Revolução Cognitiva e no início de um novo modelo de governança da espécie. […]