É muito comum criticar a atual compulsão do uso das novas mídias. De fato, é algo que gera diversos problemas e precisa ser combatido. Porém, há uma perversão nessas críticas, pois por dentro dela há toda a raiva e a inveja do novo que ela traz e que assusta e incomoda muita gente.
Portanto, precisamos separar dois conceitos relevantes:
- – a compulsão a uma determinada mídia;
- – e os efeitos dela sobre a sociedade.
Não, não é a mesma coisa.
Note que a chegada de QUALQUER mídia cria um encantamento viciante.
Foi assim com a fala (presume-se), com a escrita, com o papel impresso, com o rádio e a televisão.
- Para ficar em algo mais recente, a minha geração foi VICIADA na televisão.
- Como a geração passada foi VICIADA no rádio.
- Como talvez as anteriores foram VICIADAS nos livros.
Na vida, há uma diferença sutil entre o uso criativo e o destrutivo, entre a dose do remédio e do veneno. Há indícios fortes para dizer, portanto, que toda mídia é viciante, pois nos embriagamos dela.
A Internet é viciante e talvez ainda mais por ser móvel, como foi o livro de bolso, o rádio de pilha, ou a televisão para carros.
Sim, temos um problema e precisamos combatê-lo.
Porém, não podemos dizer que essa compulsão – que é de todas as novas mídias que chegam e nos aprisionam – é resultado da Internet.
É sim mais um problema compulsivo que o ser humano tem que lidar.
Outra coisa completamente diferente da compulsão da mídia é seus efeitos objetivos e subjetivos na sociedade, pois nem todos são viciados.
A chegada de uma nova mídia cria um novo ambiente cultural, independente da compulsão do uso.
O efeito de uma mídia podemos colocar como:
- – na plástica cerebral – que se adapta à nova prótese;
- – na subjetividade – ao permitir mais ou menos contato com mais ou menos gente;
- – na objetividade – ao permitir mais ou menos desenvolver projetos com mais ou menos gente.
Assim, podemos dizer que todas as mídias novas geram algum tipo de vício que devem ser administrados, mas o principal efeito na sociedade, além de se lidar com a compulsão, é perceber a sua abertura ou fechamento para a ampliação da subjetividade e objetividade do sujeito.
O papel impresso abriu canais, o rádio e a tevê fecharam e agora a Internet abre.
Olhar apenas para os efeitos compulsivos e parar neles é uma arma de quem está com medo ou tem interesses em que o potencial dessa abertura não se desenvolva.
É isso,
que dizes?
Versão 1.0 – 04/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.