Versão 1.0 – 11/09/13
Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.
Muitos pesquisadores da Antropologia Cognitiva (mesmo que eles não se chamem ou chamavam assim) desenvolveram a ideia que os meios eletrônicos rádio e televisão foram a oralidade secundária.
Tivemos a primeira, até o surgimento da escrita há 6 mil anos, na qual tivemos o que Eric Havelock chamou de fase inicial do “perito-letrado” – uma escrita elitizada até os dias de hoje . (Ver mais no livro Revolução da escrita na Grécia”). Uma longa fase da escrita com diferentes momentos, incluindo a prensa, a partir de 1450, no mundo ocidental.
Depois, tivemos a tal oralidade secundária com o rádio e TV, como um conceito de um retorno ao oral sob novos marcos.
A Internet podemos dizer que seria uma terceira oralidade, pois permite a transmissão de imagens e áudio, além de podermos até falar em uma escrita oralizada.
Podemos dizer que a característica básica da oralidade é a de permitir a troca entre pares, via fala.
A fala, diferente da escrita, permite a troca rápida, no mesmo local e a interferência constante de um no discurso do outro, teoricamente, pois existem espaço como em um tribunal ou em uma sala careta que isso é possível, mas não permitido.
A fala é mais líquida, não registrada, a não ser mais recentemente.
A escrita veio sofisticar, por necessidade, a fala.
O problema principal da escrita foi o jogo do perde-ganha.
Ganhamos a diapasão do discurso de um lugar para outros sem o autor presente.
Porém, pagamos o preço dele ser fechado e com dificuldade de mudança.
Isso marcou a nossa espécie.
A segunda oralidade que permitiu o retorno da voz a distância, entretanto, manteve, por incapacidade das tecnologias o discurso fechado de um emissor central para as pontas.
A segunda oralidade manteve o que tenho chamado de monoteísmo cognitivo, ou seja, um emissor de fora, que profere uma “mensagem sagrada” com a qual temos apenas uma relação de recepção e não de interferência.
Sim, podemos pensar o digital como um certo retorno a uma terceira oralidade, com as seguintes características:
- – a produção coletiva de textos líquidos, passíveis de mudança, como um discurso oral;
- – o fortalecimento pelo baixo custo e diversidade de informações orais, via áudio e vídeos, principalmente pelo Youtube;
- – as trocas constantes entre pessoas em espaços distintos, principalmente, pelo Facebook;
- – a forte interação em tora a Internet, pós mídias sociais.
Temos agora na terceira etapa a oralização digitalizada com a característica de termos tudo gravado. Ou seja, é mais líquida e deixa rastro, o que nos leva a uma flexibilidade maior e uma privacidade menor.
Vide espionagem como um problema central entre estados.
Bom, é isso, depois desenvolvemos mais.
Que dizes?