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Versão 1.0 – 27/08/13

escola de toronto

Quem tem acompanhado o blog e minhas reflexões sabe que eu baseei minhas teorias sobre as mídias sociais, a partir da Escola de Toronto. 

Um bom texto para discutir esse assunto é esse aqui: “Pensamento comunicacional canadense: as contribuições de Innis e McLuhan – de Luiz C. Martino“.

Martino apresenta um pouco a contribuição da escola de Toronto para a comunicação e vou destacar o seguinte:

  • – afirma que uma escola se caracteriza como tal, quando tem um elo, um fundamento que une todos os pesquisadores;
  • – que a escola de Toronto tem uma teoria sobre a comunicação e não apenas observações;
  • – que a teoria deles se baseia em olhar a comunicação como elemento central do modelo de sociedade, que se resume na frase conhecida de McLuhan: “O meio é a mensagem”.

O texto mostra que a principal crítica dos pensadores de comunicação sobre tal tese “o meio é a mensagem” é seu determinismo tecnológico. Ou seja, o ser humano seria colocado como uma “marionete” das tecnologias e isso não estaria próximo dos fatos.

Martino se coloca afeito à Escola de Toronto como uma teoria promissora, citando inclusive Childe, um historiador conhecido e famoso, que critica excessos (pelo que li com razão), mas acredita em algo interessante a ser aprofundado).

Martino

Martino

As críticas que vejo e tenho lido, normalmente, nem sempre compreendem bem a proposição dos canadenses. As que compreendem apelam para o livre arbítrio e as outras forças que não seriam as da tecnologia.

Acredito que base da escola de Toronto é algo mais profundo e filosófico, que eu tenho tentado desenvolver com o conceito da tecno-espécie.

Não faz sentido pensar o ser humano como uma espécie animal como as demais. Lévy aborda bem isso nos seus livros.

Somos COMPLETAMENTE dependente das tecnologias para sobreviver, vide o filme “Naufrágo” do Tom Hanks, no qual ele cai em uma ilha e para sobreviver precisa resgatar as tecnologias básicas já desenvolvidas pela humanidade: ferramenta de caça, corte, produção do fogo, roupa para se aquecer, etc.

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Ou seja, falar em determinismo tecnológico sob esse ponto de vista é criar uma fumaça onde não se deve.

O que podemos dizer que somos condicionadores e condicionados pelas tecnologias, desde que ganhamos um cérebro com meia dúzia de neurônios.

Assim, temos que fazer uma revisão filosófica de como nos vemos como espécie para que possamos nos ver como uma tecno-espécie, dentro de uma tecno-economia, uma tecno-política, uma tecno-sociedade, em uma tecno-comunicação, refletindo em uma tecno-filosofia, em uma tecno-escola, tecno-etc. 😉

Nossa tecno-espécie é adaptativa às conjunturas existentes, a partir do desenvolvimento de tecnologias diversas que exercem diferentes condicionamentos na sociedade.

O que a Escola de Toronto tem como base – e eu tendo a achar que tem lógica – é de que as tecnologias cognitivas (conceito melhor detalhado por Lévy das tecnologias que expandem o cérebro) têm um poder maior de alterar os modelos, pois expande a capacidade de pensar, comunicar, informar, aprender, produzir novas tecnologias e mudar nossa tecno-sociedade.

Novas tecnologias cognitivas tornam nossa espécie mais flexível, mais inovadora e adaptativa.

O cérebro dentro dessa linha de raciocínio seria o epicentro da sociedade humana, sendo ele algo mutante, pois, conforme a neurociência tem demonstrado, varia a sua plasticidade, conforme as tecnologias à sua volta – vide estudos do Nicolelis com macacos e humanos.

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Assim, a crítica ao determinismo tecnológico parte da ideia de uma espécie não-tecnológica. Se pensarmos assim, sim faz sentido, mas se nos vermos com uma tecno-espécie, temos que graduar as tecnologias que chegam e como elas vão influenciar nas nossas tecno-vidas.

É justamente o contrário!

A base da reflexão crítica está antes disso, na própria maneira filosófica de se ver o  humano, (falta um pouco de filosofia na Escola de Toronto, é fato, o que Lévy tem ajudado).

Assim, não é o meio (de comunicação) apenas que é a mensagem, mas toda a tecnologia, seja qual for,  é a massagem no nosso cérebro, que muda para poder se adaptar aos novos instrumentos.

Portanto, nosso cérebro muda quando novas tecnologias aparecem e muda mais e de forma mais rápida e visível, quando massificamos um novo meio de comunicação/informação/conhecimento, tal como a fala, a escrita, o alfabeto, o papel impresso, o computador e a Internet, podendo falar de vários outros.

O que falta acrescentar é o fator demografia como fator latente que torna essas mudanças cada vez mais emergentes. E acoplar ao conceito de demografia o da gestão da espécie que precisa de mais flexibilidade, conforme aumentamos a complexidade.

Ou seja, não se pode criticar as teorias da Escola de Toronto sem uma revisão filosófica mais ampla.

E é disso que se trata esse fase neo-“torôntica” para compreender os fenômenos provocados pelas mídias sociais.

Não há hoje nas teorias da comunicação nada que seja mais pertinente dos que nossos amigos canadenses.

Que dizes?

2 Responses to “Sobre determinismo tecnológico”

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