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Versão 1.0 – 15/08/13

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Sócrates

 

Qual é o principal curso que as organizações precisam?

Filosofia.

Filosofia?

Sim, precisamos reaprender a pensar com nossas próprias cabeças.

Podemos dizer que os últimos 200 anos, com a consolidação da revolução francesa (capitalismo e democracia embutidos), o mundo caminhou na direção do “você não está aqui para pensar, mas para fazer”.

Criamos um modelo organizacional vertical, com uma cabeça que ganha muito na frente, sábios e velhos conselheiros nas pontas e um bando cinza de “colaboradores” dessa visão na defesa.

O cidadão do século XX foi educado para não pensar.

O modelo de escola é o da repetição, da desarticulação de saberes, todo focado em assuntos, vindos da divindade do livro didático, que tudo sabe e tudo vê.

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Muitos acreditam que o processo de conhecimento humano é uma evolução, não é. É feito de ciclos.

É isso que a Antropologia tecno-cognitiva nos tem demonstrado.

Quando temos um novo ambiente cognitivo centralizador (papel impresso e mídia de massa), temos um recuo geral na capacidade de pensar e vice-versa: quanto temos um ambiente-cognitivo descentralizador, necessitamos voltar a desenvolver nossa capacidade de refletir.

Estamos saindo de um longo ciclo de controle, de um mundo que se estabilizou dentro de um modelo político, social e econômico, mas que chegou ao seu limite.

O que ocorre em momentos como o atual, pós-revoluções cognitivas, é o retorno dos filósofos e da necessidade de repensar como pensamos e poder criar espaços para repensar o mundo.

O maior problema que tenho com meus alunos, deve ter sido igual aos que os professores e filósofos tiveram depois da idade média, uma baixíssima capacidade de abstração.

Hoje, nós achamos que a realidade é justamente aquilo que vemos, pois incutiram em nós a invisibilidade do conhecimento que nos foi imposto a conta-gotas ao longo de nossas vidas.

Somos muito mais robôs do pensamento alheiro do que pensadores por nossa própria conta.

Vivemos num mundo em que respeitamos autoridades apenas pelo posto que elas estão e não pelo que elas dizem ou fazem. 

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Nós fomos oprimidos na nossa capacidade de nos ver como seres humanos.

Fomos reduzidos a um crachá. Nos vemos apenas como peças de uma engrenagem dentro de um projeto alheio que não é o nosso.

Com essa maneira de pensar, queremos em sala de aula o mesmo que temos nas organizações:  aprender para continuar apertando botões alheios.

O problema é que o consumidor/cidadão modificou o seu modo de pensar e fazer.

Estamos numa guinada.

E agora exige-se algo muito mais dinâmico e organizações muito diferentes das atuais, o que vai exigir criatividade, que é justamente o que falta em nós.

Assim, o retorno ao estudo à filosofia, não ao estudo desarticulado, baseado em pensadores isolados, mas uma relação da história com suas escolas de pensamento e como tudo varia, conforme mudamos nossos pontos de vista.

É disso que precisamos – urgente!

Que dizes?

One Response to “O gap filosófico”

  1. Giuliano Coutinho disse:

    Concordo. Mas percebo que não participaremos dos frutos desta mudança. Acredito que qualquer mudança, venha trazer turbulências. E, talvez até nos jogar de volta ao passado. Eventualmente ocorre, como é o caso de golpes e restrições a liberdade. Não acredito que pensar seja pra todos. Ao menos é o que observo nas ruas. Em geral as pessoas querem o que já está pronto… é mais fácil. Voltar a pensar, como disse, vai demorar anos, décadas, ou mesmo séculos e acho que deva mesmo ser lento este processo. Pois do contrário haveriam rupturas e toda a sociedade poderia sofrer. Como bem sabe, toda mudança deixa cicatriz. Também penso que as mudanças são lentas propositadamente para que aqueles que estão no poder, possam se adaptar, adaptar suas empresas, sua estrutura. Aqueles que não o fazem, viram passado. A história está cheia de exemplos. Sim, nós somos como gado, guiados em um sistema arcaico e viciados em práticas perniciosas, tendenciosas. Sim, lutamos por causas pouco dignas, como cargo, dinheiro e status. Afinal, fomos educados assim e ainda educamos dessa forma. Receio que pela nossa idade e momento na história, sejamos espectadores de uma mudança, mais que ator, infelizmente. Ouço opiniões nas ruas do país, já bastante avançadas sobre liberdade, direitos e etc. Porém ninguém ainda sabe exatamente como construir algo com isso. Ou, pelo menos teve coragem de fazer algo. Por isso dou-lhe parabéns, por ser uma voz, que de certa maneira guia, orienta e esclarece este período de mudança que também enxergo e valorizo. Imagino que num futuro ainda distante, a confiança entre as pessoas e povos deva ser muito superior a de hoje, eu diria até ‘confiança total’, pois não será possível a humanidade do futuro agir de outra forma. As informações no futuro serão totalmente abertas, todo mundo saberá instantaneamente sobre tudo e nada será oculto devido a tecnologia. Acredito que este seja o caminho natural da civilização. Por isso não tenho pressa, nem expectativas sobre isso. Talvez, no futuro, a humanidade olhe para nós com vergonha e se indagará -Como podiam viver daquele modo? Está é realmente uma boa pergunta. Apenas sobrevivemos e nos defendemos, nos protegemos da melhor maneira que podemos e está é a principal razão para não avançarmos. Por medo, se retém informação, não se promove o mérito, se combatem as ameaças antes mesmo de sua existência. Hoje países, realizam ataques defensivos de que poderá ser um potencial inimigo! Enfim, para ser sucinto, o ‘pensar’ que propõem deve ser feito, mas é perigoso. Abrirá a caixa de pandora, que deve mesmo ser aberta. Mas será rechaçado e combatido por muitas outras forças, dentro e fora do país. Ao menos no quesito crítica o Brasil sairá na frente de muitos outros. Mas não há como avançar com a baixa escolaridade geral do povo e aí está o maior risco de insucesso nosso. O de voltarmos e ser guiado após uma grande trauma e passarmos mais cinquenta anos catando cacos e deletando memórias amargas. Pensar é a única saída digna, mas também pode ser muito danoso. Parece reticência, eu sei. Mas trata-se apenas de uma reflexão de momento. Apenas cautela de quem aprendeu a interpretar o mundo e as ações de pessoas e reações de instituições que hoje trabalham para se perpetuar. Esta é a realidade que espero que mude, como acredito, você também. Grato pela leitura e reflexão.
    Cordialmente,
    Giuliano

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