Versão 1.0 – 05.08.13
Podemos observar que o uso continuado pelas novas gerações no mundo todo e no Brasil em particular, que é onde tenho acompanhado mais de perto, provoca uma mudança na plasticidade da mídia e depois do cérebro e no modelo de aceitação da representação/organizações/verdades vigentes.
O modelo da plasticidade cerebral 2.0, que podemos balizar da chegada da prensa, em 1450, passando pela mídia de massa, criou um critério de reforço da realidade/verdade específico.
AUTORIDADE PRODUZ – EU CONSUMO – ATRAVÉS DAS AUTORIDADES DE PLANTÃO.
- – é relevante quem é uma autoridade de uma da organização;
- – são poucos os canais alternativos de relevância;
- – desconfie daquilo que não vem das autoridades;
- – o modelo é vertical, individual;
- – eu recebo e alguém transmite.
Há uma verticalidade e uma separação de construção da representação/realidade entre a sociedade, que se isola ao receber a mensagem “da verdade”.
A plástica do cérebro se adapta a esse modelo, com algumas mudanças pontuais, a partir da consciência e da contra-informação que é construída a muito custo, que provoca rebeliões e algumas revoluções pelo caminho contra o modelo, mas a plástica da mídia e do cérebro ficam intocáveis.
Porém, não há nesse caminho desde a chegada da nova plástica cerebral 2.0 alterações substanciais no cérebro da humanidade.
O uso continuado das ferramentas de mídia social, apenas o uso, nada mais, independente daquilo que circula, foi criando uma nova plasticidade cerebral, que vai se aproximando à plasticidade da nova mídia mais horizontal.
Note que se modifica:
- – é relevante quem tem algo para dizer e não a autoridade de uma da organização;
- – são muitos os canais alternativos de relevância;
- – desconfie daquilo que vem das autoridades, pois agora eu posso a cada informação ter uma ação diante dela: curtir, estrelar, compartilhar, comentar;
- – o modelo é mais horizontal e mais coletivo;
- – eu recebo/transmito.
A nova plástica cerebral 3.0, assim, não é fruto de uma conscientização diante do poder, no estilo clássico, mas uma não diagnosticada até aqui mutação cerebral que desarticula o padrão da plástica anterior, na qual estava estruturado o controle social das autoridades e das organizações de plantão.
Ou seja, o atual modelo das organizações não é compatível com a nova plástica cerebral dos jovens, assim como o modelo da monarquia não o foi quando os jovens passaram a ler livros e ter uma relação diferente com a informação circulante no fim da Idade Média.
O que se modifica é a plasticidade cerebral, que exige um outro modelo de organização social compatível com essa nova plástica.
Podemos, se isso se consolidar com pesquisas de campo mais adiante, afirmar que a história humana pode ser completamente reescrita a partir das mudanças das tecnologias cognitivas, como sugere Pierre Lévy.
O que eu acrescento é que estas mudanças são fruto da modificação da plástica cerebral, que estabelece uma nova demanda social, que nos levou à Revolução Francesa e ao modelo social, político e econômico. E nos fará reinventar a atual sociedade.
Em outras palavras, o que estamos dizendo aqui que antes de qualquer coisa o ser humano vai mudando a sua plástica cerebral, compatível com as tecnologias cognitivas de plantão e depois vai procurando ajustar a sociedade a esse novo modelo cerebral e não o contrário.
O elemento que complementa tal cenário é o aumento da população, que vamos falar no outro post.
[…] A plasticidade cerebral 3.0 […]