Avisa na chocadeira 1.0: um ovo de dinossauro analógico, nunca vai virar um pinto digital;
Versão 1.0 – 27 de fevereiro de 2013
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.
A Folha de São Paulo, seguindo a miopia geral das organizações tradicionais, está praticando um esporte perigoso e não olímpico: tiro no pé (parece que tem praticado com eficiência).
Vejamos:
- 1- fechou o seu conteúdo para vender um pacote de assinatura digital, o leitor só pode ler 20 matérias, depois aparece um banner impeditivo;
- 2- fechou os comentários para quem não é assinante;
- 3- não tem, como os outros jornais também não, critérios meritocráticos digitais para classificar comentários.
Os estrategistas dos jornais devem ter pensado muito para tomar a decisão e se basearam na experiência de alguns outros “concorrentes”, que estão vivendo a crise de dificuldade de alinhamento da velha ordem à nova ordem.
(Precisa avisar que a concorrência agora é a nova ordem com o Google anos-luz à frente.)
Olharam para o lugar errado, viram o concorrente errado, tomaram a decisão errada.
Vamos ao que Freud chamava de princípio da realidade:
- 1- quem quer continuar lendo a Folha sem restrição, basta reinstalar o browser a cada 20 artigos, ou seja, não há restrição, apenas chateação – inócuo;
- 2- os comentários, matérias de leitores, participação é a base do noticiário do futuro. O jornal faz uma pequena parte para provocar e o resto será uma bolsa de valores meritocrática de quem é interessante com quem não é. Estão mandando seus leitores comentarem em outro lugar? Justamente as pessoas que vão gerar valor no futuro?
- 3- afirmam que os comentários não agregam valor, é tudo participação inócua. Claro que é, só existe relevância e significado quando a plataforma colaborativa é bem administrada e gerida para que o bom suba e o ruim desapareça e seja denunciado. Sem isso, é o que vemos na sociedade hoje, num mundo com 7 bi de pessoas e um ambiente cognitivo bolado há 200 anos atrás: quem poderia dizer algo não tem espaço e quem tem espaço demais não tem nada a dizer.
(Note que as bobagens que são ditas pelos midiáticos, que são ouvidos todos os dias pela Folha não fazem parte desse bolo, só o leitor é produtor de besteira.)
Leiam, PELO AMOR DE MEUS FILHINHOS, a tese de Bia Martins, que mostra como os jovens JÁ RESOLVERAM ESSE ITEM BÁSICO DO NOVO MUNDO.
A Ombudsman da Folha comentou o assunto na sua coluna no domingo passado.
Apresenta comentários irritantes para provar que o leitor mais atrapalha que ajuda, o que reforça a ideia da supremacia de quem está dentro do jornal (que sabe e domina) e quem está fora (que pouco sabe e deve apenas ler para ver se aprende alguma coisa).
O mundo é assim desde 1800, com seus líderes-alfas que nos representam no trono do papel impresso. A bastilha 2.0 se aproxima!
Porém, a base de qualquer projeto 2.0 da garotada, até de 10 anos, aprendam com o Clube dos Pinguins, da Disney, é a eterna vigilância.
Vandalismos são caçados pelos colaboradores e o que é bom sobe, valorizando quem tem algo a dizer e o que é ruim, desce.
Se não há uma plataforma digital colaborativa que faça isso, que permita reduzir ruído, fraude e vandalismo, não há como haver participação saudável, ponto.
O mundo atual não é melhor que o anterior, apenas temos plataformas que conseguem que tenhamos uma taxa maior de meritocracia, que é o que falta para nossas organizações, que se perderam no monólogo de massa.
Ou seja, a humanidade nasce egoísta, de novo Freud, é a sociedade que cria instrumentos para não deixar!
A Folha não vê o que dá certo e dá dinheiro: o Google e em especial o Youtube, que é o modelo do jornalismo do futuro.
A ver:
- 1- tudo aberto;
- 2- critérios de meritocracia do que é bom, sobe e o que é ruim, some;
- 3- quem começa a bombar, passa a ser da casa e ganha o seu naco $$$ da plataforma;
- 4- por fim, anúncios personalizados, segmentados, que permite juntar oferta com demanda.
Não me venham dizer que conteúdo de graça e venda de anúncio é algo que não dá certo, pois então temos que ir lá fechar a TV Globo e dizer que eles não dão certo há décadas.
O que não dá certo mais, na internet, é conteúdo aberto e anúncio não segmentado.
O que vejo é essa crise de visão generalizada por um lado.
E o Google com uma nova visão e um novo modelo de negócios ganhando fortunas, de outro.
A história mostra que quando uma organização cresce de mais e começa a sobrar dinheiro começa a olhar para os lados e ver o que pode comprar.
Se a antiga mídia não quer virar umas das Organizações Google, sugiro rapidamente sair de Matrix e começar a olhar o novo mundo do jeito que ele é e não como gostariam que ele fosse.
Não rezar, parece, que não tem ajudado.
Que dizes?
Quase sempre a sombra do poder, as mídias, em especial, a impressa, tem genuíno horror a concorrência. Na visão obtusa, desses barões, a verdades está lá fora, nas agẽncias de notícias, basta traduzir. O jornalismo crítico é mistério desdenhado. Por isso, a tradição de não considerar o leitor, aliada a questão material de sobrevivir bem de fundos publicitários governamentais, caso mesmo da Folha. Venda em banca foi para os pasquins.
Jenkins já falava da cultura participativa e dos veículos que insistiam em usar velhas estratégias em novas plataformas! O medo de que o jornalista perca a sua soberania assusta mais do que o risco de obsolescência!
Nepô,
Poderia apenas dizer:
“Parabéns pelo artigo, muito bom!”;
Este mesmo tipo de comentário que eles não querem mais, porque quem precisa de público, engajamento e outras coisas mais? Daqui a pouco vão fazer igual ao Carrefour.com, e fechar sua operação online, as vezes penso que se esquecem que o trabalho de um jornal é fornecer informação e não vender papel, quem vende papel é gráfica.
Falando em Lider-Alpha, gosto de pensar no Alpha como em programação, a versão não completa, cheia de bugs, aberta para poucos. Com certeza algum menosprezado estágiario, irá ler seu artigo e concordar, mas, pelo aqui poderá comentar ao contrário do site da Folha.
Abraço
Raphael Figa