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 Estamos aprendendo que quanto mais antiga for a topologia de rede, mais ela tende a ficar obsoleta, pois as autoridades escolhidos dentro desse ambiente aprendem a dominar os macetes da representação, os canais de circulação de ideias e mudam, muitas vezes, as normas, a seu critério, para se manter como autoridades cada vez mais ilegítimas.

Versão 1.0 – 14 de novembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Avançamos bastante na análise das mudanças que a Web 2.0 traz para o mundo.

Em resumo, observamos que ela traz uma nova topologia de rede, que muda a cultura humana, mas vamos tentar detalhar mais aqui como isso se dá em detalhes.

O ser humano precisa para viver em sociedade de estabelecer representações.

Precisamos definir critérios para dizer quem são as nossas autoridades, pois não conseguimos fazer tudo e precisamos delegar para que alguém que faça por nós – quanto melhor, melhor.

(Entende-se autoridade qualquer cargo com poder de decisão ou ação em um dado processo.)

Qualquer sociedade/organização será, assim, avaliada na sua taxa de eficácia por estes critérios de representação das autoridades de plantão. E também pela sua capacidade de fazer a revisão destes critérios.

A base da sociedade, assim, é estabelecida pelos critérios das escolhas das autoridades, que irão fazer um conjunto de atividades por nós que nós não conseguimos ou temos tempo para fazer sozinhos.

Vamos escolher autoridades para:

  • – decidir por nós;
  • – filtrar por nós;
  • – produzir para nós;
  • – e nos anteder em tudo aquilo que não conseguimos sozinhos.

Estabelece-se normas de como alguém pode ter determinada representação social para exercer um determinado posto, desde médicos, advogados, políticos, juízes, jornalistas, organizações, empresas de mídia, etc…

E “votamos” todos os dias ao comprar produtos ou serviços de “a” ou “b”.

Quem nos atende bem, continuamos com eles. E se não atendem, mudamos.

 

Uma sociedade/organização, portanto, é mais ou menos eficaz para resolver seus problemas em função das autoridades e os critérios definidos para escolhê-las, mantê-las e tirá-las da posição que ocupam. Quanto mais meritocráticos forem estes critérios, teoricamente, mais a sociedade consegue ter sempre  autoridades mais eficazes para representá-la.

Há, assim, o que podemos chamar de validação social das autoridades.

Essa validação, estamos aprendendo mais agora, é fortemente dependente da topologia de rede de plantão.

Com a chegada da Revolução Cognitiva Digital a topologia de rede muda e afeta fortemente os critérios de representação, algo completamente novo dentro das teorias sociais e de gestão.

Ou seja, a validação das autoridades foi, é e será limitada pelas possibilidades que a topologia de rede permite.

Estamos aprendendo que quanto mais antiga for a topologia de rede, mais ela tende a ficar obsoleta, pois as autoridades escolhidos dentro desse ambiente aprendem a dominar os macetes da representação, os canais de circulação de ideias e mudam, muitas vezes, as normas, a seu critério, para se manter como autoridades, criando uma certa ilegitimidade.

É a lei topológica do poder.

Tal lei nos releva que quanto mais antiga for uma topologia mais ela tende a perder aos poucos o poder pelo mérito e ganhando mais e mais o poder pela força do aprendizado dos macetes da topologia em vigor.

Vai-se aumentando a taxa de esperteza, dos fins em si mesmo e reduzindo a dos princípios e da sabedoria!

Quem tem o osso não quer largar e aprende formas cada vez mais sofisticadas de mantê-lo na boca!

Esse processo vai tirando meritocracia do ambiente como um todo, intoxicando os critérios de escolha e tornando-o ambiente cada vez mais viciado por mais que os critérios sejam reavaliados dentro da topologia de plantão, pois ela tem limites claros de mobilidade. Só uma nova topologia pode fazer uma mudança mais profunda.

  • Ou seja, revoluções sociais mexem o sistema dentro da mesma topologia.
  • Revoluções cognitivas mudam a topologia.

A topologia de rede, assim,  estabelece limites meritocráticos,  pois o ambiente tem dificuldade para  se reinventar, pois tende a ir se intoxicando de si mesmo.

Há, entretanto, um fator determinante para que haja uma mudança topológica global: o aumento da população.

O fator quantitativo obriga uma revisão constante em todo o ambiente, pois mais gente, significa mais demanda, mais inovação, criando crises contínuas de representação.

Pede-se mais e mais  meritocracia para resolver de forma mais eficaz os  problemas, mas e vai se esbarrando nos limites/paredes da topologia viciada de plantão.

Cria-se uma invisível latência topológica!

Uma Revolução Cognitiva vem resolver de forma sistêmica esse impasse da representação  sem que haja atores conscientes completamente de seu papel ao usar/criar/apoiar/defender novas tecnologias cognitivas desintermediadoras.

Ao introduzir uma nova topologia de rede, permite-se na sequência uma mudança da forma de representação, ampliando os limites definidos pela topologia passada, tirando, aos poucos, a força das antigas autoridades, que dominavam os macetes da antiga topologia, mas não da nova.

É preciso uma revalidação das autoridades, como problematizei aqui.

A nova topologia permite, assim, estabelecer novos critérios de representação das autoridades.

  • A revolução cognitiva do papel impresso, em 1450,  trouxe mais fontes de informação, troca e, portanto, transparência, criando um ambiente mais aberto do que o passado;
  • a revolução atual digital, a partir de 2004, traz tambémmais informação, troca e, portanto, transparência, criando um ambiente mais aberto do que o passado e permite ainda, isso é novo, critérios de validação pelo Karma Digital, através de cliques involuntários e expressão voluntária (curtir, estrelas, comentários, etc) – o Google é filho exatamente desse novo modelo dos rastros voluntários e involuntários, por isso gera tanto valor, pois consegue uma boa taxa de meritocracia na nova topologia.

Procura-se, assim, com a nova topologia constituir novo ambiente mais meritocrático do que anterior para que se possa rever o modelo de representação, através de uma oxigenação e uma desintoxicação de todo o ambiente, reintermediando as antigas autoridades, que perderam gradualmente o mérito, se afastando dos problemas e criando crises contínuas.

É a tentativa de se dar um salto meritocrático na sociedade até que um novo conjunto de autoridades aprenda os macetes do novo ambiente, tornando-o novamente viciado em um ciclo constante da procura de um modelo sempre mais eficaz para atender as demandas da sociedade.

São ciclos longos (já foram séculos, agora talvez sejam décadas) e estamos vivendo o final de um ciclo agora, com uma topologia intoxicada diante de uma nova fortemente oxigenante.

É isso,

Que dizes?

 

2 Responses to “A lei topológica do poder”

  1. […] Como tenho dito aqui, estamos migrando de um tipo de validação social para outra. […]

  2. […] Como tenho dito aqui, estamos migrando de um tipo de validação social para outra. […]

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