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 O aumento vertiginoso da população, foi, aos poucos, criando um terreno fértil no âmago da sociedade para procurar novas formas que superassem os intermediadores de plantão, pois verifica-se que havia um custo cada vez maior com o antigo modelo de gestão, com resultados cada vez menores.

Versão 1.0 – 21 de setembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Ontem, comecei mais um novo módulo “Conversão 2.0” com os alunos do curso “Estratégia em Marketing Digital“, turma XI, do IGEC/FACHA.

Defendi que estamos vivendo algo como uma “Pandemia reintermediadora”.

Tal epidemia é um fenômeno social provocado por dois fatores já identificados:

  • a) aumento radical da população de 1 para 7 bi em 200 anos (que cria uma latência);
  • b) surgimento de uma nova tecnologia cognitiva desintermediadora, que traz para a sociedade duas novas possibilidades: profusão de novas fontes de ideias e aumento radical da participação das pessoas nos processos de todos os tipos.

Há, assim, dois elementos que se juntam:

  • – O interno –  uma forte latência da sociedade a procurar novas formas de resolver velhos problemas, que o aumento vertiginoso da população torna cada vez mais agudos;
  • – o externo – a chegada de uma nova tecnologia cognitiva desintermediadora que permite que novas formas de reintermediação sejam possíveis de serem tentadas para solucionar antigos problemas.

Note que a reintermediação não á uma novidade para o ser humano.

Reintermediar é preciso quando alguém concentra muito um determinado processo e o volume a ser processado aumenta.

Note que sempre fizemos isso em escala micro:

  • – uma ficha catalográfica reduz o poder da bibliotecária, incluindo o usuário no processo de pesquisa;
  • – o disque-denúncia envolve a população na luta contra o crime;
  • – o cartão de vale-transporte eletrônico elimina a necessidade do trocador dentro do ônibus.

O aumento de volume para o intermediador faz com que preciso tomar duas atitudes e/ou:

  • a) aumentar o número de pessoas para intermediar o processo, onerando o custo da intermediação, para tentar manter a mesma qualidade (o que significa entregar a tempo o que se promete);
  • b) reintermediar, procurando novos conceitos, metodologias e tecnologias.

O aumento vertiginoso da população, foi, aos poucos, criando um terreno fértil no âmago da sociedade para procurar novas formas que superassem os intermediadores de plantão, pois verifica-se que há um custo cada vez maior com resultados cada vez menores.

Isso pode se ver na educação, na saúde, na economia, nos ambientes de informação, nos jornais, no cinema, nos bancos, nos aeroportos, na gestão das organizações públicas e privadas.

 

Ou seja, o modelo de gestão intermediador que criamos nos últimos séculos começou a ficar obsoleto, conforme a população foi crescendo e gerando crises pontuais ao longo do tempo.

Porém, para que a pandemia reintermediadora se alastrasse faltava um elemento que permitisse:

  • – reintermediar os atuais processos de forma confiável, mantendo ou melhorando a qualidade;
  • – com menor custo.

Todas as iniciativas que estão se multiplicando com o uso da Internet (e agora celular) que estão gerando valor vão nessa direção.

  • É o Ingresso.com que reintermedia os bilheteiros do cinema, via rede;
  • É a Estante Virtual que reintermedia a venda de livros usados, via rede;
  • É o checkin online que reintermedia os atendentes no aeroporto, via rede;
  • É o banco online que reintermedia os caixas do banco, via rede;
  • É o Táxibeat que reintermedia as cooperativas de táxi, via rede;
  • É a Amazon que reintermedia as livrarias, via rede;
  • É a Benfeitoria (crowdfunding) que reintermedia o financinamento de novos projetos, via rede;
  • É o Facebook que reintermedia a praça do bairro, via rede.

Se pudermos colocar o vírus da atual pandemia reintermediadora no laboratório vamos ver suas “perninhas” e perceber que ele inocula as “células” humanas que desejam mais qualidade de vida, ignorando os modelos intermediadores conhecidos.

Podemos dizer, assim, que tivemos outras pandemias desse tipo no mundo com a chegada da Escrita, mais particularmente com a chegada da Escrita 2.0, quando a prensa aparece e começa a se disseminar na Europa, a partir de 1450, inicialmente por Gutemberg, que marca a massificação desse novo ambiente cognitivo.

Os nossos antepassados passaram a perceber ser possível desintermediar os modelos que existiam para viver melhor, com o aumento radical que a população teve naquele período.

A pandemia que começou em 1450, se espalhou lentamente pela Europa e resultou na reintermediação, pela ordem:

  • Política: da monarquia para a república, reintermediando os reis;
  • Religião: da religião única, com bíblia única, em latim, para a reintermediação de várias correntes do cristianismo, com novas versões da bíblia nos idiomas locais;
  • Economia: com o fim do controle da iniciativa individual, o surgimento de um sistema econômico mais dinâmico, que foi o capitalismo, a base para as organizações que temos hoje.

O que eu disse para meus alunos é que eles são, antes de tudo,  agentes de reintermediação.

Não vão espalhar novas tecnologias ou novos meios de comunicação pela sociedade, mas ajudar a espalhar essa  “Pandemia do bem” a reintermediar processos na sociedade, vencendo as resistências dos antigos intermediadores, com seus evidentes interesses no controle passado.

E estimular fortemente mais e mais processos reintermediadores, aprendendo a usar todo esse novo ambiente para viabilizar, de uma nova forma, a solução de problemas com menor custo e com melhor qualidade, quebrando a natural desconfiança 1.0 que brota em toda sociedade.

Este é o desafio colocado para quem se dispõe a ser um agente de mudança do mundo 1.0 para o 2.0.

Não é uma tarefa fácil, mas será muito mais difícil se não tiverem a consciência histórica do seu papel do nosso papel no mundo.

Por aí,

Que dizes?

26 Responses to “A pandemia reintermediadora”

  1. Fernanda Salvador disse:

    Bom dia!!!

    A aula de ontem a noite me fez pensar em coisas, que nunca parei para imaginar…Coisa simples, mas que as vezes passa despercebida.
    O choque tecnológico que vivemos hoje em dia, é o mesmo que as pessoas em 1450 viveram com algumas descobertas, como a prensa, e revolução da escrita.
    me fez pensar realmente que é importante puxarmos o DNA da tecnologia, para cada vez mais nos acostumar e entender de onde vem toda essa evolução.

  2. Luciana Sodré disse:

    A minha filha de 10 anos aprendeu a montar o cubo mágico assistindo um video no youtube. Engoliu dois pequenos ímãs de brinquedo e descobriu no Google o risco que estava correndo antes de me contar o que aconteceu. Quebrou minha máquina fotográfica e antes de me contar descobriu no Google Maps o telefone e endereço da assistência técnica mais próxima. Isso para contar os episódios mais recentes.

    Consegue imaginar os desdobramentos de atitudes como essas?

    E a escola, como vai?

    PS. Adorei as fotos desse post. 🙂

  3. Rogério Campos Rocha disse:

    Outras invenções tecnológicas pretéritas – podemos citar algumas como o PC, a TV, o Fax e o rádio – geraram uma ebulição e até certo desconforto no Status Quo de suas respectivas épocas. Essas “novas” tecnologias pretéritas chegaram, algumas, para ocupar uma lacuna no mercado e outras chegaram sobrepujando e exterminando outras já existentes, como no caso dos PCs que basicamente extinguiram as máquinas de escrever e o próprio fax que anteriormente tinha exterminado o telex. Encarando a comunicação como principal meio de transmissão de informação e conhecimento, logo uma ferramenta de poder no processo cultural e do condicionamento sociológico, vou me centrar nos dois exemplos de meios de comunicação de massa, a TV e o rádio. Ambos permitiram a agilidade na difusão da informação, a interatividade não participativa (unificação da mensagem) entre os públicos e, o rádio, certa mobilidade. Mas essas “maravilhosas” ferramentas de comunicação com as massas ainda tinham dois problemas. Ambas pertenciam às classes economicamente dominantes e só permitiam a comunicação de mão única. Ou seja, o intermediador difundia somente seus interesses.
    Com o advento da internet e a massificação da rede mundial de computadores passamos a presenciar, segundo Pierre Lévy, o maior fenômeno sociológico dos últimos séculos. Agora, estamos tendo a oportunidade de vivenciar a ebulição e o desconforto no Status Quo de nossa época. Essa nova tecnologia, por que não chamar de nova mídia, que chega para ocupar sua lacuna no mercado mundial, sobrepujando e exterminando outras, permitindo a interatividade participativa e de maneira relativamente barata, não sendo mais somente ferramenta das classes dominantes. Para ilustrar, podemos citar o exemplo do Twitter do jovem Renê Silva. Morador do Complexo do Alemão, Renê se tornou, da noite para o dia, uma celebridade “Global” e porta voz da sociedade, trazendo notícias diretamente de dentro da área conflagrada durante os oito dias de operação policial para a retomada daquela região. Hoje, com a franca e galopante expansão das variadas redes sociais, podemos perceber um processo democrático de comunicação e geração de informação que se tornou essa verdadeira pandemia desintermedidora. Graças aos avanços da ciência e com menos conflitos bélicos de proporções mundiais, a população do planeta atingiu a assustadora quantia de 7 milhões de indivíduos. Uma boa ilustração para esta realidade pode ser conseguida no vídeo “200 anos, 200 países”, postado no You Tube.
    A questão é: Com a crescente onda da pandemia desintermediadora, como regular a veracidade do volume de informações geradas na rede?
    Daí, achei fantástico o título “a pandemia reintermediadora” do artigo, que surge da necessidade de “reintermediar os atuais processos confiáveis, mantendo ou melhorando a qualidade e com menor custo”. Concordo que processo semelhante só foi experimentado, anteriormente na nossa História, com a popularização da escrita, através dos tipos móveis de Gutenberg.

  4. Paulo Santos disse:

    desconfiança 1.0:
    o futuro é: redução de custo
    ou consumo responsável.

    e se for custo, tem o significado de preço?

    na economia atual, a redução de custo parece apontar
    para o custo imediato, não importando a sustentabilidade
    do ato no médio/longo prazo.

    os modelos de reintermediação apontados apenas apontam para a
    concentração. reduz custo no curto prazo e destrói modelos distribuidos.
    mas apos a desarticulação da economia distribuida, os controladores
    destes sites manterão os “custos baixos”?

    após o google ser ferramenta indispensável, manterá a qualidade
    sem custo?

  5. Tatiane Silva disse:

    O termo reintermediar não sai da minha cabeça desde a aula de ontem!
    O que estaria ainda então por ser reintermediado?
    É quase como se estivéssemos colocando o tal bichinho, com o tal DNA, para fazer uma sessão de análise (psicanálise , talvez) e pudéssemos acompanhar suas elaborações e suas discussões internas. Entendo que olhar os acontecimentos do passado me remete a isso.

    O ciclo de 1450 pra 1990, pode até ser considerado grande ( ainda mais pra essa geração onde 1 mês é tempo demais ) , mas acredito que o próximo ciclo sure muito menos.

    E o mais curioso, no meu ponto de vista, os usuários de todas as tecnologias e meios disponíveis hoje, não fazem a menor IDEIA de como estão sendo afetados, influencidos ao mesmo tempo que não sabem´, ou talvez ainda não dimensionem o próprio PODER que tem em mãos.

    O lance é entender a prensa , um pouco de noção do contexto da vida em uma “kitnete” e partir para reintermediar a vida.

    É isso aí .. 2.0, 3.0 que venha o N.0!

  6. Alexandre Bento disse:

    Eu gosto de ver também pelo lado humano e social. A web 2.0 coloca a visibilidade ao alcance de todos nós. Todo cidadão conectado passa a ter uma voz mais alta e pode expôr suas ideias e criações. Diariamente milhões de vídeos são “upados” para o youtube e a maioria produzido por amadores. As pessoas mostram seus talentos (algumas vezes duvidosos), fazem críticas, sátiras…etc.
    O conteúdo do que nós lemos, assitimos e ouvimos não pertence mais somente aos poderosos da mídia. O poder agora está com cada um de nós graças a web 2.0, graças a sites como youtube, facebook, blogs, videologs, twitter, Linkedin, etc…
    O povo passou a ter voz para o governo e o consumidor passou a ser ouvido pelas empresas.

  7. Jaqueline Rocha disse:

    Além de correlacionar os fatos atuais com o nosso passado, percebi que estamos participando de uma mudança crucial na humanidade. Perceber que faço parte dessa mudança trouxe-me uma responsabilidade enorme.
    Entender esse “bichinho” e saber lidar com suas possíveis consequencias é o que eu mais quero! Para que nesse ápice possa acrescentar algo de bom e produtivo nesse novo mundo de conexões. Onde todos teem voz ativa.
    Só tenho medo de quando a sociedade perceber o poder que ela tem nas mãos. Quando a sociedade perceber que é 2.0 teremos uma revolução política ?

  8. Sarah Costa disse:

    Rogério, obrigada pelo resumo de uma bela aula. Me poupou um grande trabalho e ainda garante seu 1,5. rs
    “Retwitto” o comentário da Tatiane, que é a síntese das idéias colocadas com o entendimento da intenção sugerida.

    Olhemos para o passado, entendamos o presente e projetemos assim, brilhantemente, o nosso futuro e o “dos nossos”.

    Obrigada Nepô!

  9. Claudia Mattioli disse:

    Nepô,
    Parabéns pelo blog! Será uma fonte rica de aprendizado e troca para todos nós.
    Voltar ao ano de 1.450 e entender as mudanças que vêem ocorrendo para então seguirmos para o futuro faz toda a diferença. Entender os motivos que levam a este processo da reintermediação faz sentido para entendermos onde estamos e para onde vamos.
    Agora a responsabilidade que temos é algo que não havia pensado: a de passarmos de Usuários para Profissionais, para Agentes de reintermediação. Os desafios são inúmeros. Estamos vivendo o mundo 2.0 com muitos usuários ainda no mundo 1.0. Para isso e para tantos outros desafios, precisaremos nos capacitar de forma estratégica. Mas vamos lá! Nepô está aí para nos mostrar o caminho!

  10. Lailla Micas disse:

    Há algum tempo tenho pesquisado sobre cultura digital, novas tecnologias e inovação, com o intuito de entender melhor a revolução cognitiva e social pela qual estamos passando e vivo no meu dia a dia. Mas sempre observando tudo, olhando de fora… sem perceber que faço parte deste processo. Ainda não tinha parado para refletir e me enxergar como uma agente de transformação na sociedade. E este papel me motiva bastante! Obrigada por abrir nossos olhos, Nepô!

  11. Katley Maia disse:

    Todas as manhãs enquanto me preparo para ir trabalhar e arrumo as crianças pra escola , tenho o hábito de me conectar em todas as redes sociais e informativas, para saber sobre o trânsito , os acontecimentos etc…
    Uma certa manhã meu provedor estava off … por alguns segundos colei as placas: E agora??
    Pensei :Abençoado seja o criador da tecnologia mobile , que graças a Deus não permitiu que minha rotina fosse interrompida.
    Enquanto dirigia para o trabalho e me atualizava pelo celular , pude refletir o quanto ja nos encontramos totalmente dependentes desta inovação tecnológica.
    Lembro-me que ha uns 20 anos , a unica forma de comunicação eram tv ,rádio ,cartas e telegramas. Então pensei : E meus pais ? E meus avós , como viveram sem internet?Por acaso foram menos favorecidos?
    Penso que desde que o mundo existe , já viviamos como uma grande rede social ,com amizades constituidas pelo grupo em que viviamos, mas com relacionamentos totalmente presenciais.
    Confesso que a nova “cultura digital” me fascina e me conquista a cada dia .Porém é preciso entendermos todo o processo desta nova e mutante evolução tecnológica .
    Ao analisar o surgimento desta nova cultura, constato que também estamos sujeitos a conviver com os transtornos próprios deste mundo virtual. A necessidade de sempre adquirir a mais nova tecnologia e o vício de estar sempre conectado são algumas facilidades/dependencia que “este mundo” começa a nos apresentar.
    Mas para constituirmos expertise digital e gerenciarmos solução seja a nosso favor ,seja a favor de nosso cliente , acredito ser extramamente importante esta desconstrução da evolução tecnológica que estamos vivenciando através do “Conversão2.0”.
    E que venha o próximo encontro!

  12. Eu acho interessante observar esse processo através da ótica das consequências comportamentais que essas mudanças tecnológicas de reintermediação causam, tais como uma nova atitude e maneira de se relacionar. Quando olhamos para as mudanças nas quais estamos imersas com olhos analíticos, é curioso notar uma nova interface que desenvolvemos ao ter acesso a determinado dispositivo ou a realizar alguma tarefa específica, por exemplo. E o processo é tão natural quanto a nossa capacidade de adaptação. Sabe, não tem um manual de ‘como usar uma interface touch” (embora possa até ter. Tem?). De repente, ao menor sinal, estamos lá, abandonando nossos teclados físicos e digitando em teclados touchscreen. Assustador.

  13. Clara Matos disse:

    Toda essa discussão sobre como podemos atuar nessa grande rede que é a internet é o que me instiga e anima. Sendo otimista, aceito o desafio e espero curtir cada vez mais essas novas possibilidades. Adorei esse caminho inverso que você nos apresentou para uma reflexão que pode ser inspiradora. Se voltar ao passado para analisar o presente e definir estratégias para o futuro. Ter esse outro olhar será nosso diferencial. É só o começo!

  14. andre disse:

    Muito interessante, comecei a escrever um blog há um ano atrás pararesolver um problema de minha categoria, taxistas auxiliares do municipio do RJ, um ano depois, posso contabilizar 300 mil acessos, um jornal impresso que vai as ruas todo mês com 30 mil exemplares, um projeto de lei aprovado na camara dos vereadores e um canal aberto com o nosso prefeito e secretário de transportes. Tudo começou porque os intermediadores começaram a cobrar altos valores para nos representar, R$ 1.500,00 para se associar e mais R$ 200,00 por mês para atingir este objetivo que foi alcançado com a aprovação da Lei 5.492/12 art. 6º, criamos a chance de fornecer permissões cassadas aos motoristas diaristas, permissão esta que custa até R$ 150,000,00 e vai sair de graça, valeu nossa mobilização em torno da internet.

    Ah, o end. é : taxinforme.blogspot.com

    abs

    André

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