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Uma pós-graduação em uma área de ponta que, digamos, está completamente coerente, toda amarrada, numa área mutante, é algo extremamente grave, pois vai dar uma falsa impressão de coerência em algo que não existe, colaborando, ao contrário, por despreparar o aluno, que deve saber conviver com diversas visões diferentes, na escola e, depois, fora dela.

Versão 1.0 – 21 de agosto de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Dou aula em várias e uma das questões dos alunos é a falta de coerência entre matérias, mas me pergunto: tem que ter? Será que o mérito é justamente não ter?

Vamos defender o ponto de vista.

Quando pensamos em pós-graduação imaginamos que estamos preparando alunos para receber informações mais consistentes sobre um determinado problema para exercer uma atividade profissional demandada pelo mercado.

Existem problemas, entretanto, que a sociedade já domina mais e outros não.

Imagino que pós-graduações na área de medicina e petróleo, por exemplo, em soluções de problemas mais antigos podem procurar uma coerência entre cadeiras, professores, temas, etc.

Mas em áreas novas como é da chegada do novo ambiente digital e o que exatamente temos que fazer isso é muito mais delicado.

Uma metodologia, seja ela qual for, é resultado de três fatores encadeados:

  • Filosofia –  (os limites e possibilidades humanas diante do problema);
  • Teoria –  (como as forças atuam nesse dado problema);
  • Metodologia –  (a partir da filosofia e teoria, como devemos atuar para minimizar problemas e criar oportunidades, gerando valor para a sociedade?)

No atual momento, estamos patinando nos três, na verdade, uma pós nessa área diria que é uma tentativa, no máximo possível, para preparar o máximo possível, os alunos para poder se situar e ajudar.

Não há ainda nada consistente, o que nos leva a metodologias completamente variadas, pois cada um utiliza a sua, pois está tudo voando no ar.

Mais recentemente comecei a perceber que uma pós nesse tipo de ambiente deve ser vista pelos coordenadores, professores e alunos como uma república de pós.

Cada módulo deve ser visto como uma pós-graduação em separado e cabe os alunos ir coletando esse conjunto de visões diferentes e formas diferentes de atuação para “costurar”  algo a ser feito.

Isso não deve ser visto como fraqueza, mas como diferencial.

Assim, não se causa frustração e, acho eu, é a melhor forma de se preparar para o mercado ainda em consolidação.

Uma pós-graduação em uma área de ponta que, digamos, está completamente coerente, toda amarrada, numa área mutante, é algo extremamente grave, pois vai dar uma falsa impressão de coerência em algo que não existe, colaborando, ao contrário, por despreparar o aluno, que deve saber conviver com diversas visões diferentes, na escola e, depois, fora dela.

Assim, procurar coerência é bom, mas melhor ainda é procurar conversar bastante, ter os professores mais inquietos e passar para o aluno todas as certezas da hora, mas principalmente todas as nossas dúvidas.

Assim, estamos preparando-os de forma muito melhor para esse mundo ainda incerto, que vai encontrar no mercado de trabalho.

Que dizes?

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