O Rei era filho do papel manuscrito e não conseguiu enxergar que o papel impresso seria a sua guilhotina!
Haverá sempre uma relação harmônica entre a Governança da Espécie e os Ambientes Tecno-Cognitivos.
Ou seja, a governança da espécie será a cara do ambiente tecno-cognitivo e vice-versa Porém, primeiro sempre mudamos as tecnologias, que abrem novas possibilidades e, só então, entram os inovadores das novas possibilidades criadas para fazer os ajustes para colocar a sociedade (economia e política inclusive) compatíveis com o novo ambiente.
Podemos analisar isso com mais vagar se olharmos a última grande mutação da Governança da Espécie ocorrida com o que chamo da Revolta Cognitiva do Papel Impresso, a partir de 1450.
O modelo do ambiente tecno-cognitivo do papel manuscrito-oral, que sustentava o controle de poder da monarquia foi solapado pelo papel impresso.
Ali, a partir de 1450, começou a haver uma profunda dicotomia – que foi ficando cada vez mais ampla – entre o ambiente tecno-cognitivo que se ampliava e o controle da Governança da Espécie manuscrita-oral, que declinava.
O controle sobre a sociedade que o ambiente tecno-cognitivo oral-manuscrito permitia se tornou inviável no papel impresso.
Ou seja, o Rei era filho do papel manuscrito e não conseguiu enxergar que o papel impresso seria a sua guilhotina!
A tecnologia do papel impresso tinha embutida nela uma quebra de barreira tecnológica, que permitiu novas possibilidades para a espécie como agora com a Internet:
- – uma liberdade não mais controlada de novas fontes;
- – a redução radical do custo de circulação de ideias a distância;
- – o que nos levou ao aumento da Taxa de Circulação Horizontal das Ideias, o que é mortal para uma Governança em decadência.
Os ideias de liberdade que apareceram como uma bandeira política 350 anos depois nas Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789) foram iniciadas com a quebra de barreira tecnológica no novo ambiente tecno-cognitivo do papel impresso.
O poder da monarquia centralizado exigia como contra-partida o controle das ideias centralizadas.
Uma dependia da outra.
O que é interessante observar é que houve uma dissintonia que foi nos levando a um novo modelo de Governança da Espécie muito mais aberto do que o anterior.
Porém, ele não seria possível sem os pensadores iluministas, que cumpriram o papel de se aproveitar do novo ambiente para propor um novo.
Podemos dizer, assim, como ocorre agora, que a Governança da Espécie é moldada e condicionada pelo ambiente tecno-cognitivo que impõem limites à espécie e determina um tipo de controle social.
Quando uma nova tecnologia cognitiva quebra estas barreiras e estabelece novas formas de controle e descontrole, a base da Governança se fragiliza, pois o que não era possível barreira tecnológica passa a ser.
Assim, temos uma espécie de Gangorra entre Governança da Espécie e ambiente tecno-cognitivo:
A Governança da Espécie sempre terá que ser compatível em controle com o ambiente tecno-cognitivo disponível.
Quando há uma Revolta ou uma Revolução cognitiva há uma barreira tecnológica que foi quebrada, que liberta uma série da latências antes prisioneiras da limitação passada, permitindo que um novo modelo de Governança passe a ser gestado, como está ocorrendo agora com as revoltas sociais em vários países – o primeiro passo.
(Veja mais sobre Ciclo da chegada de novas tecnologias aqui.)
A partir daí, surge o espaço para os inovadores do novo ambiente tecno-cognitivos que começam um trabalho de reconstrução do novo ambiente social, se libertando das antigas barreiras impostas pelas tecnologias passadas.
Há aí uma tensão em quem se beneficiava dos limites tecnológicos e acreditava que aquele ambiente era “natural” e não “tecno-natural” e que poderia ser modificado com a chegada de novas tecnologias cognitivas disruptivas.
É isso, que dizes?
[…] – as mutações radicais cognitivas – que rompem barreiras cognitivas, que nos possibilitam expandir nosso cérebro, modificando em maior escala a plástica cerebral, alterando também nos casos de Revoluções Cognitivas a Governança da Espécie, falei mais sobre isso aqui. […]