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Versão 1.0 – 29/08/13

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Aprender é algo complexo.

A espécie humana tem um grau de aprendizado e criação sofisticado.

Já vimos neste post “A invisibilidade da interpretação” que a nossa maior dificuldade é não conseguir enxergar que o mundo é sempre interpretado e nós enquanto espécie temos uma inviabilidade de conhecer a realidade real. Ou seja, só conseguimos chegar na realidade interpretada.

Vou colocar algumas variantes no processo de conhecimento em qualquer área.

Nosso primeiro problema é interno, pois a sociedade para se estabelecer como sociedade cria uma rede de poder (usando ideias de Foucalt). Para ele, o poder não é um centro, mas uma grande rede que se estabelece dentro e fora das pessoas, de forma mais ou menos coercitiva, conforme o contexto.

Ou seja, há uma subjetivação das ideias da sociedade dentro de cada uma das pessoas, que aceita uma dada macro-interpretação da realidade e passa a agir conforme esta. Esta narrativa hegemônica teria alguns conceitos chaves que seriam os centrais, tal como hoje a ideia do lucro, força do mercado como motivador principal de todo o sistema. Como a ideia de Deus foi relevante e estruturante social no passado.

(Não estou questionando, apenas exemplificando.)

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Qualquer sociedade precisa dessa, digamos, “fé social” em uma dada interpretação geral para que possa se estruturar. Esta “fé social” é imposta pela força (ditadura) ou pelo convencimento (democracia, através do controle das ideias).

Esta fé social é um conjunto de forças em tensão, que provocam uma “narrativa hegemônica” aceita e é sobre ela que se estruturam os instrumentos de produção ou seja, a economia, a política, as organizações sociais, com suas demanda, ofertas e, obviamente, interesses de continuidade e perpetuação.

O interessante que esta narrativa, que podemos chamar de senso comum é introjetada em cada pessoa, via  organizações reprodutoras da narrativa hegemônica, tanto do ponto de vista cognitivo como afetivo, começando pela família, escola, mídia, amigos,conhecidos.

Há, assim, dois processos de conhecimento distintos quando pensamos em aprendizado, pois há:

  • Os pró-hegemônicos – que atestam, reforçam, mantém a narrativa oficial, que são estimulados fortemente. São conhecimentos em geral incrementais a base do que já existe. Reforçam os interesses vigentes, o que Kuhn definiu como ciência normal.
  • Os anti-hegemônicos – que questionam, contrapõem narrativa oficial, que é desestimulado fortemente, são conhecimentos em geral radicais, de ruptura, abrindo um crise paradigmática naquilo que já existe. Questionam os interesses vigentes. o que Kuhn definiu como ciência extraordinária (pois vai contra a ordem – isso vou discutir mais depois).

O problema é que temos que colocar esse cenário dentro de contextos de expansão ou contração cognitivas (ver mais sobre isso aqui.)

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Tenho dito que a escola não é uma organização revolucionária da sociedade.

Ela é uma organização conservadora e reprodutora da narrativa hegemônica.

Sempre será assim, com exceções que justificam a regra.

(Ver mais sobre isso aqui.)

O processo de aprendizado, assim, quando se quer “sair da caixa” é a procura de uma narrativa anti-hegemônica, que vai ferir interesses e é uma luta interna de cada um para superar as  autoridades introjetadas, que não só aceitam a narrativa oficial, mas são, mesmo que de forma tímida, sua defensora.

Conhecer assim, quando se quer ter uma visão anti-hegemônica é lutar contra as autoridades dentro e fora de nós para que possamos re-interpretar a realidade de forma a questionar alguns de seus princípios básicos.

Por enquanto, é isso.

Que dizes?

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