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Versão 1.0 – 15/08/13

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Faz tempo que ando desgarrado da academia tradicional.

O fazer acadêmico criou um modelo interessante, porém muito próprio de um modelo incremental, o que Kuhn batizou de ciência normal.

Ou seja, note que uma tese ou uma dissertação precisa criar sempre um roteiro que a embase, através de citações e a partir de pensamentos de outros autores.

Isso é interessante e válido quando estamos lidando com um tipo de problema mais conhecido em que estamos precisando mexer poucos pedaços.

Nessa direção, sempre tive dificuldade em analisar a Internet (causas e consequências) e talvez (quase certeza) não tivesse chegado a algumas conclusões no modelo tradicional da academia.

Sem falar no tempo de produção dos artigos, do burocrático sempre encadeamento de ideias (as vezes é preciso surtar), na falta de espaços reais de diálogo e no caráter (in) validador das autoridades/pares que nem sempre querem novidades. Acaba sendo um lugar inóspito para desenvolver visões mais radicais para problemas completamente novos.

Me senti muito à vontade no blog, no espaço de diálogo com meus alunos/clientes, pois pude experimentar diversas hipóteses e rapidamente receber feed-back de sugestão de outros autores, inconsistências. Precisava de um espaço aberto, sem um texto formal acadêmico para poder formular mais livremente hipóteses, que demorariam muito mais tempo em um modelo ABNT tradicional.

Não acredito que tal método não é científico e o da academia é o único método científico válido, pois acredito que cheguei a alguns resultados interessantes, que podem servir de base para a discussão de outros pesquisadores.

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Temos que ver o fazer científico em duas etapas, dentro ou fora das normas tradicionais:

  • Fase 1 – filosófica/teórica/metodológica – criar hipóteses mais consistentes – através de argumentos lógicos daqueles que estão na praça, rebatendo outros pensadores (filosofia), analisar as novas forças, a partir desses novos pensamentos (teoria) e analisar como se pode agir diferente, a partir disso (metodologia). Note que sempre acredito, no meu caso, de tudo integrado, pois me considero um pesquisador aplicado;
  • Fase 2 – teste do modelo – a partir de ações de treinamento (no qual se testa os argumentos teóricos filosóficos) e da metodologia (onde se testa ações) para ver se fazem sentido.

Na defesa nas minhas hipóteses da fase 1, muito influenciada pela Escola de Toronto, da qual acredito que acrescentei algumas novidades, precisei questionar alguns conceitos que me pareceram inconsistentes:  tais como crise informacional, explosão informacional, sociedade do conhecimento. Tive que problematizar o papel da tecnologia na sociedade, questionar a prática (metodologia) de ver rede social como apenas uma mudança de comunicação e não da governança da espécie.

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Fui ao longo do tempo tendo que desenvolver novos conceitos, mas não o fiz sozinho.

Minha prática se baseou no seguinte modelo, que talvez seja muito mais consistente do ponto de vista dinâmico e de testes de conceitos do que o atual acadêmico, analise:

  • a) leitura variada e escuta de vídeos na Internet, áudios, etc;
  • b) contínuo refletir, via blog e canal do Youtube, com discussões no Twitter e Facebook. Note que tudo foi feito de forma aberta, diária, em uma espécie de rascunho compartilhado, no qual pude desenvolver ideias e ser questionado, via comentários, o tempo todo, incluindo aulas e palestras completas disponíveis na Internet. Em termos de quantidade de escrita dificilmente um pesquisador na minha área tenha escrito tanto quanto eu e tenha sofrido tantas críticas com tanta diversidade. Imagina se ficasse aqui esperando o tempo dos artigos acadêmicos;
  • c) desenvolvimento de hipóteses e compartilhamento das mesmas em sala de aula, palestras e grupos de estudo dialógicos para aferir a lógica e a consistência das argumentações (note que isso isso ocorreu/ocorre em ambientes longe da academia, onde as pessoas são muito mais céticas e precisam de tais teorias para tomar decisões, o que dificulta por um lado, mas traz um ingrediente interessante por outro);
  • d) consultoria em empresas para testar se a metodologia é ou não funcional, se agrega ou não.

Posso dizer que já discuti minhas ideias com um público estimado de muito mais de 2 mil pessoas.

Se analisarmos com calma, posso dizer que no meu micro escritório criei um personal departamento de pesquisa, no qual fui sendo um ponto de referência, sem custos, de um dado ponto de vista para as pessoas que estão circulando no que chamo “lado b” da modernidade, dentro das redes sociais. Dessa prática tem algo que podemos ver a construção de um novo modelo de ciência, que talvez se aplique a muitos outros problemas e não só os radicais.

Sei que não estaria no ponto que cheguei se tivesse seguido a norma tradicional (e não estaria tão satisfeito). E não acho que as minhas conclusões são pouco científicas, pois elas têm consistência nos argumentos/prática, pois por caminhos tortos e dialogando/testando com e na sociedade .

Tenho uma uma banca a cada dia, em cada sala de aula que entro ou consultoria que faço.

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Muitos dirão que os pares são melhores questionadores para testas hipóteses. Mas quem dialoga com os pares na academia? Cada um tem uma trilha separada. O bacana do meu público é que eles têm o que a academia não oferece muitas vezes: um problema real e emergente que precisa de saídas. Nada melhor para boas teorias que um campo fértil de problemas e seus atores, não?

Não nego que o doutorado muito me ajudou, mas não poderia encará-lo como fim em si mesmo, (veja reflexões sobre isso aqui). Há algo de bem novo em tudo isso e acredito que é um caminho para um novo modelo de produção de conhecimento, que precisa ser melhor discutido.

É isso.  que dizes?

 

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