Todo organismo humano vivo que não troca com o meio externo tende a se intoxicar com as suas próprias ideias e interesses – Nepô – neste post;
Versão 1.0 –16 de março de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
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Podemos dizer que o principal fenômeno de impacto para as organizações depois da chegada das redes digitais é o aumento de poder dos clientes.
Hoje, empoderados com uma máquina guerra informacional, os consumidores 2.0 podem de forma mais barata, de qualquer lugar e globalmente, entre outras facilidades:
– se organizar;
– se expressar;
– comparar preços;
– comprar com confiança e segurança de desconhecidos sem marca, (casos do Mercado Livre e Estante Virtual, etc);
– montar mais facilmente negócios ligados à circulação de ideias;
– copiar, mudar, alterar, comentar, criticar curtir, não curtir produtos, serviços, informações de todos os tipos;
– doar;
– etc.
A chegada das redes sociais digitais – uma mídia mais descontrolada que a anterior – marcou , a partir do fim do século passado, o início do fim do império da mídia de massa (jornais de grande circulação, rádio e tevê), que acabou por intoxicar as organizações, tornando-as preguiçosas, pouco inovadoras, cartelizadas e, principalmente, sem canais de diálogo aberto com a sociedade.
Podemos dizer que:
Todo organismo humano vivo que não troca com o meio externo tende a se intoxicar com as suas próprias ideias e interesses.
Podemos afirmar ainda que nas últimas décadas com o reforço do aparato de mídia de massa as empresas tiveram a falsa ilusão de controle sobre a sociedade, seus clientes, os mercados.
Montaram sua estrutura, desde a criação de produtos, melhoria, venda, recriação, de atendimento, marketing, comunicação, relações públicas com pouco olhar e interferência externo.
Da missão à medição, isso criou um padrão de intoxicação em todo o mercado, que dava (e continua dando) a falsa ilusão de que as coisas deviam e sempre seriam e serão desse jeito.
Existe uma falsa impressão que a organização e o método de geri-la é e será sempre assim, independente o poder de escolha do consumidor.
O fenômeno é tão novo, inusitado, global e rápdio que deixa a todos atordoados.
Eram (e são) estruturas que representavam essa intoxicação de um caminho unidirecional de conversa umbilical.
Isso foi, aos poucos, definindo uma série de políticas nas organizações por causa de um fator fundamental: o contexto da relação de poder com os clientes, que estavam mais desinformados e ativos do que estão hoje.
A chegada das redes sociais digitais muda um pouco o contra-peso dessa balança e exige um reposicionamento das organizações em diversos aspectos, não tecnológicos e nem setoriais, mas estruturais, na base da mentalidade de o que somos, onde estamos e para onde vamos.
Essa crise existencial abre um campo fértil para o processo de desintoxicação, que resume o que podemos chamar de implantação de empresas 2.0.
Temos que pensar em formas mais eficazes para realizar essa passagem de organizações 1.0 para 2.0, via desintoxicação, que é basicamente restabelecer canais verdadeiros de troca com o mundo exterior e dar espaço para novas vozes no mundo interior (intranet 2.0).
(Esse mercado de desintoxicação, aliás, é o grande filão ainda inexplorado por empresas de consultoria em gestão e comunicação!)
Isso vai acontecer no tempo, pois os defeitos das organizações são mais visíveis, como também, surgem concorrentes a cada dia “muito mais focadas no cliente” mais antenados com os desejos do consumidor 2.0.
Hoje, como comentei em dois posts (aqui e aqui) os canais de comunicação e atendimento com os clientes deixam de ser ponta e passam a ser ponte. A tão propalada inovação nada mais é do que recriar a comunicação interna ou externa, ou seja:
A verdadeira gestão da inovação é a criação dos canais de comunicação bi-direcionais, de diálogo, com o mundo exterior para reduzir a intoxicação 1.0!
A empresa focada no cliente é a que conversa e muda, com e junto com o consumidor 2.0, em rede, desde a criação dos produtos até o acompanhamento do seu uso, pensando sempre mais no problema dele e menos no seu. o que gera fidelização, algo cada vez mais difícil em um mundo que as marcas despencam.
Isso pede algo completamente novo tanto a nível estratégico, de visão, de organograma, de tecnologias, de mentalidade, perfil profissional.
Algumas empresas terão que criar novas empresas e isolá-las da mentalidade anterior para não serem envenenadas pelas ideias antigas.
Isso vai exigir um esforço grande das escolas de negócio, de comunicação, das agências e firmas de consultoria de todo tipo que prestam serviços para um novo esforço de mudança radical da mentalidade 1.0 intoxicada.
Há uma oportunidade de ouro, na criação de novas empresas desintoxicadas para consultorias desintoxicadoras.
E também para as empresas que querem sair na frente como diferencial competitivo.
Estou com projetos nessa área de formação e apoio estratégico, se tiver interesse, me diga: cnepomu@gmail.com
Que dizes?
[…] (Como detalhei neste post.) […]
A desintoxicação talvez vá além de se livrar do modelo unilateral anterior. Não é fácil para os humanos e para os organismos corporativos que eles criam abrir mão do controle das suas criações. Além disso há exemplos como o da Apple que são enormes sucessos muito embora mantenham profundo controle sobre seus produtos totalmente surdos para as vozes coletivas. Ou pelo menos aparentando isso.
Mas, tirando essas anomalias, a grande maioria das outras empresas realmente se vê diante de clientes que desenvolvem outras formas de distribuição de produtos digitais (filmes, livros, musicas), se apropriam da sua propriedade intelectual remixando e recriando e criticando.
Essa desintoxicação não pode se limitar a parecer estar aceitando e se adaptando, tem que ser de verdade.
Afinal a mídia, que antes servia às corporações e aos governos mais que aos cidadãos, começa a perceber que há um novo patrão na cidade, mas essa é a desintoxicação da mídia de massa para sobreviver no século XXI.
Essa mídia de massa, ainda intoxicada, não serve totalmente à nova massa, mas já demonstra sinais de não estar tão comprometida com a estrutura de poder antiga.
Além disso não podemos esquecer que a própria sociedade também está intoxicada, o viral Kony2012 é uma boa demonstração disso. Só é 2.0 em sua forma de distribuição, mas a proposta é totalmente 1.0, mas assim mesmo se tornou o viral mais rápido da história da Internet.
Há intoxicação para todo lado, mas concordomplenamente com você: a desintoxicação é inevitável.
A civilização sobrevive mesmo que demore a se desintoxicar, mas corporações não devem se dar ao luxo de esperar, deviam se prontificar já para o período de analises clinicas como cobaias, coisa aliás, que algumas tem feito com bons resultados.
Roney, é importante vermos taxas.
Não haverá organizações desintoxicadas, ou 2.0 puras, ou um mundo novo e colorido 2.0, sem interesses, etc.
O que temos hoje é uma elevada taxa de intoxicação de um modelo de gestão muito voltado para dentro da organização, que novos modelos têm desbancado no jogo sadio da competição do mercado.
O que amadureci é que o trabalho mais importante de consultoria a ser feito é esse trabalho de discussão da mentalidade (que é a parte cognitiva) e o trabalho de novas ações (que é a parte emocional).
É isso, valeu visita e comentário,
Nepô.
Ando numa fase tecnopessimista… Digo, uma fase pessimista com os humanos mesmo 😉
Concordo plenamente que um mundo puramente 2.0 dentro do que costumamos chamar de 2.0 é território para ficção científica ou pelo menos utopias.
Mentalidade/Cognitivo e Ação/Emocional é uma abordagem brilhante!
Hora de ir para minha prancheta refletir 🙂
[…] (Continuação da discussão iniciada aqui.) […]