Conhecer é questionar as lógicas de plantão – da safra de 2011;
Texto conceitual
Livre para republicação (coloque apenas o nome do autor e o link para este texto, pois pode ter uma versão mais nova)
Versão 1.0 (Rascunho) – 25/01/2012 – colabore na revisão!
Os artigos científicos passaram a ser nos últimos séculos o epicentro da Ciência, pela circulação em revistas científicas.
A Ciência – como toda a sociedade – foi fortemente moldada e condicionada nos últimos séculos pelo ambiente de circulação do papel impresso.
A produção de documentos acadêmicos impressos (revistas e livros) seguia e ainda segue um processo de produção próprio inerente desse ambiente impresso.
Na seguinte ordem:
- Pesquisa;
- Redação;
- Submissão aos pares;
- Leitura/aprovação;
- Preparação para publicar;
- Publicação;
- Distribuição;
- Leitura pelos interessados;
- Possíveis críticas;
- Retorno à Pesquisa.
Há, assim, na produção acadêmica impressa um tempo “X” da circulação de ideias dos itens 1 ao 10.
(Ver mais sobre tempo de circulação de ideias aqui. —> E ainda aqui.)
Baseado a experiência e não em dados apurados, posso arriscar dizer que o tempo da Ciência 1.0 – ou da Ciência baseada no processo de circulação de ideias do papel impresso (dos itens acima de 1 ao 10) – gira hoje em torno de 6 meses a um ano.
Esforços vêm sendo feito na migração da Ciência para o mundo digital para reduzir esse tempo claramente pouco dinâmico em um mundo muito mais conectado e, portanto, apressado.
Inicialmente tais esforços vão na direção da subitituição da forma de circulação das ideias, utilizando-se do meio digital, mandendo-se a cultura de controle do processo anterior.
Na maioria dos casos, procura-se alterar o processo apenas nos itens 5 ao 7, mas mantendo o mesmo caminhar nos demais, inclusive periodicidade das publicações e mesmo a norma de só publicar o que foi aprovados pelos pares.
Veremos que a lógica do mundo digital é outra.
Uma Revolução Cognitiva como a atual nos condiciona a uma nova cultura de circulação de ideias, mais dinâmica, alterando todos os itens do processo de produção cognitiva.
E é quando há essa mudança cultural da circulação de ideias altera-se o próprio fazer da Ciência, o que justifica chamar de Ciência 2.0.
Altera-se para:
- Pesquisa muito mais coletiva;
- Redação dos resultados on-line;
- Submissão aos pares on-line, depois de publicado (os pares opinam pós-publicação e não antes e não só os pares, outros elementos da comunidade, que são separados por perfis, graduados, mestres, doutores, etc);
- Leitura/aprovação é substituída por classificações dos leitores (curtir, estrela, etc);
- Preparação para publicar deixa de existir, pois é on-line;
- Publicação automática;
- Distribuição automática;
- Leitura pelos interessados, ao longo do processo da produção;
- Possíveis críticas sâo feitas no rodapé documento, quando nâo feita no próprio corpo em documentos wiki.
O tempo da Ciência 2.0 provoca a queda de 6 meses a um ano para a divulgação perto do zero – on line.
É uma nova cultura científica mais adequada as necessidades de um mundo super-populoso.
A passagem, entretanto, será demorada e bastante dolorosa.
Mas será inevitável.
Antecipar-se seria bom.
Uma boa pauta que deveria ir para a mesa do novo Ministro de C&T.
Que dizes?
Nepô, você sabe bem o que penso disso!!! É o caminho!!!
Mas… (sempre tem um mas) acabar com o a “cultura de controle” não seria ciência 2.0, mas revolução científica 2.0!!!! 🙂
A revisão dos pares tem seu mérito. Em algumas pesquisas, imagina uma descoberta médica, há que ter revisão de especialistas, no caso, médicos de comprovado conhecimento naquela área… Isso tudo pode e deve ser ADAPTADO para um processo mais rápido e coletivo… Será uma longa MIGRAÇÃO, com muitas, MUITAS resistências.
Só não vale uma SOPA na ciência!!!! 🙂 Os donos dos meios não gostam que os conteúdos saiam circulando livres por aí… 🙂
Bjs!
Ale, gosto do conceito de revolução científica, pois é justamente do que estamos falando. A revisão dos pares continua existindo, mas não mais na pré-publicação, mas na pós-publicação. Você poderá, por exemplo, escolher apenas ler os artigos que foram indicados por um doutores e não ver os demais. Quem define o critério é o usuário, conforme a sua necessidade. Os donos dos meios, como você diz, não gostam, mas a revolução cognitiva acho que tb não gosta deles. 😉
[…] (Leia mais sobre a maneira que a Ciência 2.0 deveria atuar.) […]
Voce conhece edge.org? Lendo esse site as vezes tenho a impressão de estar dentro do laboratório daqueles cientistas. Grande mérito de John Brockman (editor do site)
Vou ver, valeu a dica.