Quem projeta o futuro sem teorias, não é cientista e nem estrategista, mas adivinho.
Versão 1.0 – 04 de abril de 2013
Rascunho – colabore na revisão.
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Para responder a essa pergunta, comecemos com a dificuldade humana de maneira geral e depois (no post seguinte) com a conjuntural que estamos vivendo agora.
De maneira geral, projetar o futuro exige abstração.
Quanto mais distante queremos projetar, mais complexo fica o exercício, pois mais e mais fatores terão que ser considerados, criando uma fórmula mais sofisticada.
É preciso compreender que nossa maneira de ver o mundo sem esforço, seguindo o que nos ensinam, é indutiva.
Quando pensamos em resolver problemas ou projetar para frente baseamos em nossos sentidos mais objetivos (visão, escuta, memória do que aprendemos) e mais subjetivos (intuições, interesses, condicionamentos, insights).
A indução (sentidos) é muito útil para conhecer o que passou e os assuntos menos complexos, pois podemos colocar os elementos em um laboratório e procurar descobrir o que ocorreu. Existem fatos que podem ir sendo armazenados e colocados juntos para fechar o quebra cabeças. O futuro é diferente, pois pede dedução, abstração e trabalho diretamente com teorias.
Quem projeta o futuro sem teorias, não é cientista e nem estrategista, mas adivinho.
Quanto menos fatos e mais insólita é a situação, mais a indução terá problemas e precisaremos da dedução, que é juntar o que é mais difícil de ser visto e gerar sentido.
House, o do seriado médico da tevê, recebe os casos clínicos mais difíceis, pois tem uma capacidade de abstração maior do que maioria dos médicos. Ele é um linkador de fatos que normalmente as pessoas não juntam, pois é mais dedutivo do que indutivo.
- A indução é, assim, um exercício que se baseia em fatos, dados, que podem ser coletados e analisados com mais facilidade, pois são mais fáceis de serem colocados juntos e gerar um sentido;
- A dedução é um exercício que se baseia em fatos, dados, que ao serem analisados não fazem tanto sentido o que nos gera mais dificuldade.
Podemos dizer, talvez, que quanto mais complexidade, mais apelaremos para a dedução e quanto menos mais usaremos a indução.
- O futuro, entretanto, é algo que ainda não aconteceu.
- Não podemos trazer o futuro para um laboratório.
- Portanto, o futuro pede uma taxa de indução maior, pois é mais complexo.
É preciso trabalhar com abstrações de forças que estão no presente e precisam ser projetadas para frente.
- Quais forças devem ser consideradas?
- Quais são permanentes e quais são transitórias?
- Como se relacionam?
- E como podem ser projetadas?
Precisamos para projetá-las de outros elementos: os conceitos, as relações de causa e efeito (alguns, poucos/poucas ou vários/várias) entre as forças para que possamos compreender quais são as tensões, que formarão as tendências futuras.
A dedução futura é, assim, um exercício de forças em tensões que ocorrem hoje e como elas vão ocorrer no futuro. É preciso identificar elementos-chaves que se repetiram no passado, no presente e vão, por tendência, se refletir mais adiante.
É complexo!
A análise do futuro exige, portanto, um método mais abstrato, dedutivo, no qual vamos nos basear menos em fatos e nos nossos sentidos do que vemos, sentimos, adotando, ao contrário, conceitos, teorias, que nos possibilitarão ver as forças.
Se não fizermos isso, vamos olhar para o futuro como olhamos para o presente e não vamos conseguir nada além do horizonte!
Para se ver o futuro, vamos precisar de:
- Internamente: mais abstração e dedução.
- Externamente: conceitos e teorias, que é a relação entre as forças permanentes.
Só se estuda o futuro com teorias eficazes!
E é fato.
Quando falamos de Internet, que nos joga para consequências futuras distantes, as pessoas querem usar, por hábito a indução, o que conseguem ver, querem cases próximos, querem ver o que os outros concorrentes atuais estão fazendo, o que os leva para um erro grosseiro, pois é preciso abstrair novos conceitos, ainda mais quando temos rupturas teóricas, que falaremos no próximo post.
Isso tudo dificulta a análise e a projeção do que irá ocorrer e o que podemos fazer.
Por enquanto, é isso, que dizes?