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Vivemos um daqueles momentos em que o risco maior talvez seja não apostar em nada – John Elkington;

(O texto abaixo formará um livro, “50 coisas que aprendi sobre o mundo 2.0″. Colaborações são bem vindas e os que ajudarem na revisão, melhoria do texto serão citados nele. Ver também outros posts para o e-book. )

1 – A Internet forma um conjunto de tecnologias de informação e comunicação integradas, surgidas no final do século passado, que inaugura uma nova ecologia informacional na sociedade, tivemos algo similar com a chegada da fala, da escrita e da escrita impressa;

2– A passagem de uma ecologia informacional para outra pode ser considerada uma revolução da informação e da comunicação. No passado tal fenômeno macro-histórico, com a chegada do papel impresso, passou por 4 fases distintas: difusão e massificação da tecnologia, surto filosófico, revoluções sociais e, por fim, consolidação. Estamos agora ainda na fase 1, nos cinco primeiros minutos do primeiro tempo;

3- Revoluções nestes dois campos são fenômenos raros na sociedade, tendo outro similar ocorrido há 500 anos com a chegada do papel impresso na Europa e têm como característica principal a descentralização da informação e da comunicação (o que não ocorreu com a chegada do rádio ou da tevê), impactando fortemente na forma de estruturação do poder, com variações nas diferentes regiões do globo;

4– Tais revoluções, apesar de serem iniciadas com fenômenos tecnológicos, têm forte impacto na maneira em que a sociedade se organiza, criando condições sociais para um longo processo de mudanças culturais e filosóficas, alterando a forma que pensamos o mundo e gerimos a sociedade tantas alterações que pode-se afirmar que inauguramos uma nova civilização, a partir desse fenômeno;

5– Há fortes indícios que a Internet e suas consequências sejam motivadas pelo acentuado aumento da população ocorrido nos últimos 200 anos, quando passamos de 1 para 7 bilhões de habitantes, o que obriga a toda a sociedade a rever seus modelos de gestão, onde se inclui principalmente a forma de exercer o poder na políticas, nas empresas, nas escolas, etc;

6– O novo ambiente informacional permite, de forma mais dinâmica, em função das novas e mais complexas demandas, resolver problemas produtivos, de informação, comunicação e de gestão social de forma menos burocrática, restabelecendo novas formas de trabalho mais colaborativas, que são mais econômicas e competitivas do que as anteriores e, por isso, tendem a ser adotadas em larga escala, apesar as resistências culturais vistas hoje em dia;

7– Todas as instituições da sociedade passam a ser influenciadas pelo novo ambiente informacional, tendendo a descentralização de poder, revisão de processos e procura de novas formas de gestão mais inovadoras e ágeis. São mudanças estratégicas de longo prazo. Para isso, alguns pilares conceituais começam a ser revistos, tais como: trabalho versus colaboração; lucro versus motivação; democracia atual x  novo tipo de democracia;

8– A chegada desse novo ambiente informacional, entretanto, induz quase que naturalmente mudanças estruturais de gestão, pela nova forma de comunicação e informação,  mas não garante que elas ocorram de forma mais humana, reduzindo sofrimentos, o que depende dos esforços que podem ser feitos por movimentos sociais e espirituais, certamente utilizando esse novo ambiente de troca;

9– Mudanças em ecologias informacionais alteram a forma de funcionamento do cérebro de forma irreversível, tendo aspectos que reduzem e outros que ampliam sofrimentos humanos, no que podemos chamar de inevolução, parte resolve problemas, parte cria;

10 – A nova ecologia informacional por ser fenômeno raro e incomum questiona de forma radical nossas teorias sobre a sociedade, principalmente, a influência da demografia e a relação desta com a informação, comunicação e mudanças sociais. Assim,  para compreender o fenômeno é preciso recorrer à filosofia e história, que ajudam a superar crises desse tipo. Tal fato, exige de todos nós grandeza de espírito, abertura ao novo, aprofundamento teórico e criação de espaços de diálogo aberto para superar de forma coletiva as dificuldades que já temos e teremos para participar e influenciar nesse processo irreversível.

Que dizes?


8 Responses to “10 coisas que aprendi sobre Internet”

  1. Nepô,

    veja se entendi o seu texto:

    (i) a nova ecologia informacional é um ponto de grave inflexão e, portanto, de crise;

    (ii) nos propõe uma charada;

    (iii) cuja solução, como todo problema, está nela mesmo;

    (iv) mas tudo depende da resposta que dermos, senão…

    Se for isso, fica aqui a seguinte pergunta?

    Nossa época, e as que dela advirem, é propícia a profundas reflexões histórico-filosóficas da lavra de uma massa cooperativa?

    Saudações.

  2. Paulo Bancovsky disse:

    Nepomuceno

    Perfeita a sua retrospectiva e perpectiva.
    Ela alcança os fundamentos da construção dos ciclos percorridos pelo homem e consolida a epopéia da Humanidade.
    Obediente, mesma linha, a aceleração dos avanços tecnológicos e do “engenheirar a tecnologia” realiza e faz acontecerem as novas plataformas e novos saltos, cada vez mais ousados, maiores e mais potentes. Nudam as feições dos relacionamentos e as do planeta
    Nas condições vigentes está em curso o reordenamento das forças dos estados “ditos potencias” com possibilidade de conflitos, confrontos e até guerras. Percebo uma ruptura entre dois mundos, o dos detentores das novas capacidades e os outros, os retardatários ou carentes de desenvolvimento, incapazes, no momento de de acompanharem os saltos Portanto por algum tempo histórico, permanecerão subordinados ou colonizados pela Sociedade da Informação e do Conhecimento, Aceleração um lado e estagnação pelo outro definem o ritmo do crescimento do “gap”, do fosso , dos abismos, óbices e barreiras.
    Uma filosofia de base cultural, tecnológica e informacional desabrocha com vigor hercúleo, revoluciona e arrasta tudo e quase todos num tsunami digital forte tanto que está recostruíndo o mundo que conhecemos.

    Parabéns pela sua visão , parabéns pela sua interpretação , parabéns pela janela de discernimento que auxiliará muitos e perceberem o cenário e tomaram suas providências

    Eng Paulo Bancovsky

  3. Vilma Goulart disse:

    Tenho uma sensação de que pode surgir, junto com tudo isso, uma nova forma de economia, de pequena escala, com os cidadãos consumindo produtos e serviços uns dos outros ao invés de consumi-los de grandes empresas (com exceção dos produtos que não podem ser comprados dos pequenos).

    A Economia Solidária, o Comércio Justo e o Consumo Consciente são conceitos cuja prática vem crescendo e arregimentando novos fiéis a passos largos. Outro dia, por exemplo, ouvi alguém dizer que segundo uma pesquisa, o Consumo Consciente já representa, a 10a maior ameaça aos negócios das grandes empresas.

    Além destas novas práticas, as redes sociais também se tornaram um perigoso Calcanhar de Aquiles para as empresas, pois uma opinião negativa sobre um produto ou serviço nas redes pode significar um arranhão sem precedentes para a imagem corporativa.

    Portanto, creio que a relação econômica que começa, agora, a desenhar seus primeiros contornos, talvez só possa ser visualizada daqui a algumas Copas do Mundo e outras tantas Olimpíadas. rss

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Vilma, sim…o mercado livre já não seria um pouco isso?
      A Estante Virtual, quase isso. Além do site de troca de livros e outro de investimento de pequenos em projetos interessantes? É, concordo contigo, também teremos isso, mas não só isso, pois tem coisa que exige algo bem grande, como petróleo, ou soja, etc…

      tks,
      Nepô.

  4. Nepô,

    Obrigado pela resposta à minha indagação.

    Acho que entendi, principalmente por conta da luz vinda da participação da Vilma Goulart.

    Para tirar qualquer dúvida, me diga se esse movimento filosófico a que você alude é algo que terá raízes em movimentos como os da Economia Solidária, do Comércio Justo e do Consumo Consciente, referidos pela Vilma.

    Saudações.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Renato, a filosofia se debruça sobre como pensamos o mundo….diria que estas ações são consequências de um novo modo de pensar. Acredito que os conceitos que estarão no cardápio serão: Deus, lucro, liberdade (englobando democracia), conhecimento, informação, ser, estar, sobreviver.

      Precisaremos pensar tudo isso com outros olhos e estes temas serão a base desse surto (que aqui e ali já acontece) e nos levará a poder começar a querer mudar o mundo (criando ações que a Vilma coloca).

      É isso.

      Grato pela visita e comentário,
      Nepô.

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Paulo, só li agora o seu comentário.

    Vc diz:

    “Uma filosofia de base cultural, tecnológica e informacional desabrocha com vigor hercúleo, revoluciona e arrasta tudo e quase todos num tsunami digital forte tanto que está recostruíndo o mundo que conhecemos.”

    Sim, é exatamente isso que os estudos me mostram….pois estamos repetindo (com devidas proporções) fenômenos já vividos e deram nisso. Costumo brincar que são prognósticos e não profecias, com uma memória de cálculo baseada no passado, através de argumentos lógicos.

    Se interagir com uma lógica mais eficaz que a minha estou pronto para rever os “números”, mas o que leio e vejo tem se confirmado o fato.

    Grato pela visita e comentário,
    Nepô.

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