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Brasil 1.0

O Brasil já tem uma população bastante criativa. Basta ao governo deixar os brasilieiros serem quem eles são – Bruce Mau – da minha coleção de frases;

Estamos chegando às próximas eleições presidenciais, que repetirá a mesma neurose brasileira das passadas.

Dois partidos (PT e PSDB)  disputando o poder, que, de fato, está há 20 anos nas mãos de outro (o PMDB), que espera o resultado na sombra para continuar mandando, com sua maioria parlamentar, através de uma aliança conservadora da elite mais atrasada do pais, para manter uma população alienada e cooptada por quem dá mais esmola.

O projeto do PMDB, de fato quem não sai do poder, é simples e claro: garantir que a fumaça aconteça sem fogo.

E, enquanto isso, garantir para um forte segmento (principalmente o mercado financeiro) que nada vai mudar, nenhuma reforma seja feita e que qualquer projeto de país, seja cozinhado em fogo brando, até se dissolver na sopa da acomodação.

Enquanto o fogão da mesmice cozinha, PT e PSDB brigam por uma falsa polêmica: o tamanho do Estado.

Vê-se que estradas privatizadas ou companhias de celular ou banda larga, planos de saúde, sem fiscalização sobem preços, atendem mal e criam cartéis e monopólios, deixando o consumidor sem bom atendimento e a quem reclamar.

Isso não é fato?

E que hospitais, escolas, justiça sem meta de qualidade e eficiência não atendem bem ao cidadão.

Idem?

Temos aqui o pior do Estado Máximo e o pior do Estado Mínimo.

Enquanto ficam nessa polêmica ideológica vazia e o resultado que interessa: atender melhor, é deixado de lado nos dois casos.

Ao invés de melhora da gestão, levanta-se bandeiras ideológicas, nas quais o cidadão é massa de manobra e não fim, objetivo principal, como resultado de produtos e serviços.

O centro da discussão, entretanto,  em ambos os casos, tanto do fortalecimento público, quanto privado,  é de gestão e controle.

O público ou o privado podem funcionar, desde que, acima dos interesses menores, esteja como meta principal o atendimento à população. E em ambos os casos isso não acontece.

Já falei mais sobre isso aqui.

O problema da briga PT e PSDB, incentivada pelo PMDB, é a falta de uma agenda mínima de mudanças e de reformas, que pudesse unir lideranças visionárias e moderadas (e não mesquinhas) dos dois partidos para traçar um projeto de país, através de reformas necessárias, a despeito do bloco PMDB e aliados, que querem manter o sopão.

Afastar tudo que é não é consenso e afinar naquilo que se pode avançar.

Projetos de diálogos de antagonistas como esse ocorreram na África do Sul, na Irlanda e no Chile.

Leiam “Presença“, de Peter Senge e amigos.

No centro desse debate, é preciso começar a discutir um projeto de país a-partidário, um país 2.0, com a ampliação da cidadania da população (como pessoas e não eleitores), utilizando-se de novos conceitos de participação, via rede,  resgatando inclusive a ideia de empoderamento popular, deixada de lado no PT nos últimos anos, aliado a um discurso de empreendedorismo e cooperativismo, que o PSDB, defensor da iniciativa privada,  deveria fazer e não faz.

Aqui, ou se é cotista, “bolsista da família”, ou se tenta um emprego público através de concurso.

Cadê o sonho de ser um empreendedor?

Estamos sufocando a nossa tão propalada e pouco exercida, criatividade!!!!

Devemos procurar traçar uma meta que nos daria perspectiva de sair só da produção de comida e matéria-prima para outros produtos e serviços de mais valor agregado, que também farão a diferença no futuro, gerando e podendo distribuir riqueza, a partir da criatividade.

Isso, entretanto, exige inovação, sabedoria e generosidade.

Coisa que nossos líderes, que ficam em uma briguinha de botequim, ainda não praticam.

Impossível?

Quem sabe?

A neurose só se resolve com vontade e criatividade no contra-fluxo das emoções e impulsos.

Que dizes?

Pós-post:

Um dado interessante para avaliar nosso Brasil 1.0 e a falta de uma alternativa interessante.

Ler o seguinte artigo:https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/3/19/grandes-fortunas-e-miserias . Faltou uma imagem fundamental, que mostra que a população mais pobre paga mais imposto do que as mais ricas:

lula_impostos 001

8 Responses to “Brasil 1.0”

  1. Carlos Nepomuceno disse:

    Sobre este tema, fiquei contente de ver o discurso da Marina no Valor de 23 de Novembro de 2009, que tinha separado aqui para ler. Só agora tive tempo de replicar. Veja lá:

    “Valor: PT e PSDB têm de convergir para uma agenda estratégica?

    Marina: E é isso que eu tenho dito: enquanto o PSDB e o PT não conversarem sobre aquilo que é estratégico para o Brasil e criarem uma governabilidade mínima, uma cesta básica de governabilidade para esse país, nós vamos continuar reféns do fisiologismo dentro do Congresso. Se eles forem capazes de fazer essa cesta básica de governabilidade, nós vamos qualificar a oposição no Congresso. A oposição e a situação. Porque cada governo saberá que, naquilo que for essencial e estratégico, não haverá aventura. Não haverá política do quanto pior melhor. E ele vai poder constituir uma base com mais tranquilidade, sem depender do fisiologismo exacerbado”.

    Concordo, isso é tão óbvio!!!

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Ainda sobre o tema, o WSJ, avalia o Governo Lula e frisa o seu pouco apetite para reformas:

    “Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco.”

    Às vezes me pergunto se a popularidade do Lula, além de suas qualidades evidentes de liderença, não se explicariam pela aceitação do sopão, diferente, por exemplo, do Obama que colocou sua popularidade à tapa para aprovar o plano de saúde.

    A íntegra da matéria:
    http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,contenha-seu-entusiasmo-pelo-brasil-diz-colunista-do-wsj,533830,0.htm

  3. […] enviados de Deus” (como é, por exemplo, Lula, o filho do Brasil), se encaixam e reforçam o Brasil 1.0. Relaxa,  Deus há de […]

  4. Carlos Nepomuceno disse:

    Bom, começa a campanha, e ainda não tenho candidato, sei em quem não vou votar…porém, sou aberto a boas propostas, vou anotar aqui aquelas que achar legal na campanha, idependente candidatos:

    Impostos para poluidores:

    A senadora Marina Silva (PV-AC) defendeu ontem o aumento da carga tributária imposta a indústrias poluentes e a exigência de contrapartidas ambientais de produtores rurais interessados em renegociar suas dívidas com os bancos públicos federais, num discurso em que esboçou diversas propostas que poderão ser incorporadas pela plataforma que ela apresentará em sua campanha à Presidência da República.

    https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/4/13/marina-defende-imposto-para-poluidor

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Um dado interessante sobre futuros de países (incluindo o nosso), está nesta matéria sobre o diferencial americano, que poderia nos ajudar a ver o que podemos nos espelhar:

    Na fronteira de um renascimento
    https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/4/19/na-fronteira-de-um-renascimento

    O potencial americano para o futuro:

    Em suma, os EUA estão na fronteira de um renascimento demográfico, econômico e social, construído sobre seus pontos fortes históricos. O país sempre foi bom em destruição criativa.

    Sempre se sobressaiu na construção de comunidades descentralizadas.

    Sempre foi adepto do materialismo moral que cria produtos com significados.

    Certamente um país com tudo isto a seu favor não vai esperar passivamente e deixar que uma cultura política podre o arraste para o fundo.

    Querem saber?

    Concordo!

  6. Carlos Nepomuceno disse:

    Caiu a ficha agora, lendo o bom texto do @albertocalmeida
    De que a discussão sobre impostos se encaixa perfeitamente nessa passagem do mundo 1.0 para o 2.0.

    O imposto alto nos leva a uma arrecadação e uma centralização do nosso dinheiro para que alguém faça por nós as coisas….

    Um imposto mais baixo transfere a decisão para o cidadão de onde ele quer colocar o seu dinheiro.

    Uma fortalece o estado provedor e outro o estado empreendedor, claro que não necessariamente de forma direta, mas um centraliza e escolhe por você.

    E outro descentraliza e você escolhe por você mesmo.

    Não vejo candidatos que falem claramente sobre isso…e acho que passa pelo nosso velho autoritarismo (interessado) de não achar que a massa sabe cuidar dela sozinha….

    Leiam o artigo…

    https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/6/11/imposto-menor-mais-para-voce

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