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Versão 1.06 – 13.08.09 (sujeita à alteração)

Veja o roteiro.

A anatomia das redes de conhecimento

De forma clássica e inspirado por Pierre Lévy, identificava claramente três grandes redes de conhecimento na história humana, tendo com núcleo central uma tecnologia cognitiva:

Rede Oral – baseada na fala – que permitiu a articulação entre os humanos no mesmo local, num modelo interativo um-um, no qual era necessário que “eu e você” estivéssemos na mesma caverna;

Rede Escrita – baseada nos diferentes tipos de alfabetos – que permitiu a articulação entre os humanos , no qual eu posso me comunicar contigo sem estar presente no mesmo local,  num modelo interativo um-muitos, do qual o rádio e a tevê ampliaram o alcance do livro sempre na mesma lógica: eu mando e você recebe.

E, por fim, a Rede Digital, que se inicia com o computador de grande porte em 1940, digitalizando os registros do passado e permitindo o modelo interativo muitos-muitos a distância, com a chegada da Internet, em 1990, que possibilita, pela primeira vez, a conversa de todos para todos, cada um em sua própria “caverna” em mensagens abertas que podem permitir a agregação ou modificação de seu conteúdo, preservando os rastros digitais daquilo que vamos trocando.

redes_digitais

(Note que a rede Escrita engloba o rádio e a tevê, talvez o nome possa evoluir para ficar mais claro esse potencial, mas manterei por enquanto dessa forma.)

Mas, apesar de ser um bom parâmetro, e um critério de classificação havia sempre um porém.

Como inserir nestas redes o Rádio e a Televisão, por exemplo?

Ou seja, o que observo é que qualquer teoria deve servir para facilitar nossa olhar sobre o real e conseguir ser coerente ao analisar todos os fatos do objeto estudado.

De fato, estas tecnologias marcam e possibilitam esse tipo de rede, mas, como o próprio Lévy destaca, há em cada uma das redes, ou mesmo fora delas, tipos de interação (um-um, um-muitos, muitos-muitos.).

Assim, podemos supor que as redes de conhecimento podem ser melhor delineadas se, ao invés de analisarmos as tecnologias, nos atermos as mudanças destas interações a distância.

Ou seja, a escrita possibilita a comunicação do um-muitos e se expande ao longo do tempo, até se massificar com o livro impresso. O mesmo se dá com o computador, que digitaliza os registros, mas se massifica e se expande com a chegada da Internet, inaugurando o muito-para-muitos a distância.

Dessa maneira, acredito que fica mais aderente apresentarmos um novo quadro das redes, não mais preso a uma dada tecnologia, mas as mudanças culturais em larga escal de um novo tipo de interação, tendo assim três grandes redes no passado e apontando para uma nova, a dos robôs inteligentes no futuro, como vemos abaixo:

O quadro acima acredito ser mais exato com o que acontece no mundo.

A forma de comunicação um-um continua a evoluir a ser adaptado dentro dos novos ambientes informacionais em um processo contínuo, como foi a criação do telefone e depois do Skype, por exemplo.

É uma continuidade importante, mas que, além destas inovações, existem outras que alteram a interação a distância, que poderiam ser considerados saltos radicais, ficando o avanço pequeno, como saltos incrementais, constituindo todo um novo ambiente.

Desta forma teríamos a rede do um-um, a rede do um-muitos e a rede do muitos para muitos, caracterizando cada uma destas redes, a partir do momento que dada tecnologia alcança um custo reduzido, facilidade de armazenamento e de uso, que permite o acesso as ideias, a partir de um dado, suporte a um conjunto cada vez maior de pessoas.

É interessante observar que  nas cavernas tínhamos uma forma de comunicação (um-um) eu falo e você escuta, mas sempre no mesmo lugar. Mas havia também eu falto para todos (um-muitos). E o muitos-muitos, quando todos falam em volta da fogueira.

Ou seja, as três alternativas de comunicação já estavam ali nas cavernas. O que fizemos ao longo desse tempo, durante milênios, foi tentar construir ferramentas informacionais que nos permitissem realizar as mesmas atividades das cavernas, mas só que a distância.

Ou seja, a escrita e os meios de massa conseguiram levar a palavra oral e até os gestos para o mundo exterior.

Eu posso, ao escrever um recado, me comunicar com você sem estar presente.

Ou em um jornal, atingir a uma massa de pessoas da mesma forma.

Assim como em um programa de rádio ou de televisão.

E a rede digital possibilitou a distância conversa muitos para muitos.

Assim, podemos afirmar que as redes de conhecimento sempre procuraram desintermediar espaços e algumas vezes o tempo.

Conseguir levar o que só era possível em determinado lugar erspecífico para outros.

Expandido as três formas de comunicação locais (um-um/ um-muitos / muitos-muitos) para além dos limites físicos.

O computador em rede abre a possibilidade de termos conversas em grupo para muito além do espaço das cavernas.

Ou seja, aos poucos conseguimos ampliar nosso potencial da caverna, estendendo aquele espaço para todo o planeta.

Alargamos as paredes, em função do crescimento da população do planeta, que exige velocidade nessa comunicação, como veremos mais adiante.

Existe, entretanto, fases distintas pelas quais estas redes surgem, evoluem e se massificam.

É o que veremos a seguir.

Veja o roteiro.

3 Responses to “A web não é um disco voador – a anatomia das redes de conhecimento (3)”

  1. […] em 7 07UTC Julho 07UTC 2009 às 12:07 A web não é um disco voador – a anatomia das redes de conhecimento (3) « Nepôsts – … […]

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  3. […] em 7 07UTC Julho 07UTC 2009 às 12:07 A web não é um disco voador – a anatomia das redes de conhecimento (3) « Nepôsts – … […]

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