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A Ecologia da Informação é um conceito apresentando por Thomas Davenport, que evoluí aqui com meus botões para o seguinte:

Um ecosistema de informação é um ambiente de troca de informação, que passa a ser preponderante em uma sociedade e, por sua dinâmica, adotada em todo o planeta.

 

Há no mundo um ecosistema informacional hegemônico.

Há no mundo um ecosistema informacional hegemônico.

 

Os ecosistemas se modificam, a partir de uma nova tecnologia de informação, pois barateia o custo da circulação das idéias.

As alterações nos ecosistemas estão diretamente relacionadas ao aumento populacional, já que mais habitantes demandam mais produtos e serviços, que geram mais necessidades informacionais, tornando os ecosistemas passados obsoletos, gerando uma demanda por novos para facilitar a troca e o compartilhamento de conhecimento.

Obviamente que há sub-sistemas, até hoje, temos tribos indígenas sem escrita, populações de analfabetos, de não usuários de computadores ou da Internet, mas podemos dizer que há na sociedade um preponderante.

O ecosistema, portanto, é  hegemônico, mas não evolui de forma homogênea na sociedade.

São movimentos seculares que agora, com a inovação constante das novas tecnologias de informação, ganharam outro ritmo e ficaram mais evidentes.

Ou seja, sempre existiram, mas como demoravam para mudar pareciam imóveis.

Podemos destacar na história humana os seguintes ecosistemas da informação:

O do silêncio – quando ainda não falávamos, gesticulávamos ou grunhíamos;

O dos grunhidos e gestos – antes da fala;

O oral – quando os grunhidos passaram à palavras;

A escrita –  ao registrarmos o que falávamos;

O livro impresso – quando desenvolvemos tecnologias que reduziram o custo da distribuição da palavra escrita;

Das mídias de massa – ao podermos espalhar a voz e a imagem cada vez mais longe;

Do computador – que expandiu a possibilidade do armazenamento e recuperação da palavra impressa, da voz e dos gestos;

Da rede – que permitiu integrar todos os outros ecosistemas, reduzindo o custo de todas as ações informativas.

A cada ecosistema humano de informação estabelecemos uma forma de articulação entre as pessoas.

Até o surgimento da escrita, toda a articulação humana era feita de forma presencial, eu te vejo, você me vê, nós nos falamos.

Passaremos chamar de articulação informacional um para um, inspirados por Pierre Lévy;

Com a escrita, iniciamos a jornada da articulação um para muitos, à distância, que foi cada vez mais se sofisticando, até a chegada da rede;

Com a rede, iniciamos a articulação  muitos para muitos, também a distância, inaugurando além de um novo escositema, mas criando ainda uma nova forma de articulação.

(Notem que nas cavernas podíamos ter a articulação um-para-muitos, ou muitos-para-muitos, mas sempre limitados ao espaço físico com a presença de todos os atores. A novidade dos ecosistemas posteriores foi poder incluir novas formas de articulação à distância.)

Com a rede, temos uma dupla passagem nos ecosistemas informacionais, similar à passagem do ecosistema oral para o da escrita, ainda inspirados em Lévy.

Ou seja, há uma dupla passagem: novo ecosistema (da rede) e nova possibilidade de articulação (muitos para muitos a distância).

A rede – agregadora de todos os outros ecosistemas anteriores – conseguiu, ainda, além disso,  reduzir drasticamente todos os custos das atividades informacionais dos ecosistemas passados , como mostra a tabela abaixo:

 

ecosistemas1

 

 

Houve a redução na difusão, articulação, armazenamento e recuperação da informação. Além de criar uma desintermediação do acesso à informação, já que as bases de dados, antes localizadas em ambientes não acessíveis e regionais, migraram para a rede.

E permitiram que o próprio usuário possa, cada vez, mais interagir direto com estas bases de dados, permitindo, inclusive, que possa incluir seus registros (blogs, comentários, venda, etc), com rápido e barato armazenamento e recuperação da informação.

A história nos mostra também que mudanças nas ecologias de informação têm forte impacto na sociedade e gera três movimentos distintos:

  1. O surgimento de novos hábitos informacionais;
     
  2. Que geram novas lógicas e valores, a partir da circulação e articulação de nova idéias;
     
  3. Por fim, a nova lógica se tranforma em uma nova cultura, que passa a exigir novas estruturas de poder, já que a maneira que a informação circula está diretamente ligada a forma que pensamos e concebemos como devemos nos organizar socialmente.

Podemos dizer, assim, que hoje a sociedade já passou pelas primeira etapa das mudanças dos hábitos, já  está gerando gradualmente uma nova cultura e valores e se prepara, como vimos na eleição do Obama, para começar uma nova etapa de questionamento dos modelos de poder em todas as instâncias.

Já vemos e veremos no futuro mudanças similares à difusão das novas idéias, através dos livros impressos, que resultaram em diversas revoluções (francesa, americana, industrial, russa, etc)  e moldaram a sociedade que vivemos.

Entretanto, se compararmos às mudanças anteriores, com o grau de alteração do escosistema atual, da rede, podemos dizer que nessa escala nunca havíamos tido tantas novas variantes e com um agravante: em escala global.

É muito difícil prever o que está por vir, mas, certamente, podemos ter algumas pistas iniciais, por exemplo:

– uma desentermediação cada vez maior, rediscutindo todas as instâncias hoje necessárias dos três poderes legislativo, executivo e judiciário;

– um mudança no modelo empresarial capitalista, que envolva fornecedores, consumidores e trabalhadores em um ambiente mais colaborativo; 

– A passagem de ambientes sociais hierárquicos para verticais, entre outras.

Mais: as alterações dos ecosistemas informacionais farão parte de nossa vida, vide a Web 1.0, Web 2.0 e se fala agora na Web 3.0..

Não serão mais seculares, mas cada vez mais próximas e visíveis.

Em função disso, teremos que criar uma ciência multidisciplinar  para estudar esse novo fenômeno e repensar a maneira de como olhamos a história passada e nos preparar o futuro, pois a influência destes ecosistemas foi muito maior do que imaginávamos anteriormente.

Há uma clara crise teórica a ser resolvida.

Vivemos, portanto, um momento interessante, único, particular, instigante – um cruzamentos da humanidade.

O nascedouro de uma nova civilização, baseada na rede, o que não quer dizer que será melhor que as anteriores, pelo contrário, mas que terá uma forma organizacional completamente distinta da que estamos acostumados atualmente.

As mudanças sociais, como vimos na história,  são  mais lentas que o avanço tecnológico, mas são constantes e definitivas.

(O poder hegemônico da Igreja e da Monarquia, como tivemos na Idade Média,  foram enterrados depois do livro impresso, em um processo que demorou quase 300 anos. As mudanças atuais, entretanto, pela dinâmica da rede não levarão tanto tempo.) 

Nossos filhos já demonstram, de certa forma,  o que virá pela frente: um novo ambiente de troca.

Cabe a nós – ao invés de fugir da onda – estar dentro dela para influenciar ao máximo que tudo que virá seja sempre a favor do que há de humano em todos nós.

E você o que diz disso tudo?

Esse post é uma atualização do artigo sobre Plataformas do Conhecimento, que faz parte do trabalho do meu doutorado, que conta com o apoio do CNPq.

23 Responses to “Os ecosistemas da informação”

  1. André HP disse:

    Essa forma ‘presencial’ do ecossistema mais arcaico, envolvia bem mais emoções e estímulos nas interações interpessoais.

    “A passagem de ambientes sociais hierárquicos para verticais, entre outras.” Como assim?

    Sobre a próxima etapa desse ecossistema, creio que é a mudança de responsável pela construção e difusão de informações. Até então temos a relação estratificada do macro para o micro. Segue-se a informação colaborativa, onde todos informam e são informado – o que acaba jogando uma concepção trivial do jornalismo e outros profissionais de produção de informação.

    A prova concreta disso, são os blogs.

    Forte Abraço!

  2. […] na hora da verdade  – quando o bicho pega –  vale a lógica do acionista, do modelo do ecosistema de informação […]

  3. cnepomuceno disse:

    André,

    “A passagem de ambientes sociais hierárquicos para verticais, entre outras.” Como assim?

    Com a rede há uma desentermediação do acesso à informação o que fortalece modelos organizacionais horizontais….no qual o usuário tem acesso direto à base de dados.

    Isso vai moldar as organizações sociais.

    Value a visita,
    abraços
    Nepomuceno.

  4. Grande Nepomuceno,

    este assunto muito me interessa (http://tinyurl.com/manifesto20) e poder ter certeza de que acompanharei de perto seu trabalho. Mantenha-nos informados.

    []s

  5. alegomes disse:

    “Com a rede há uma desentermediação do acesso à informação o que fortalece modelos organizacionais horizontais…”

    Então acho que você quis dizer

    “A passagem de ambientes sociais hierárquicos para HORIZONTAIS, entre outras.”

  6. […] mais de 500 anos, entre a chegada de Cabral ao país e o nosso mundo Web, tivemos vários ecosistemas da informação, cada um mais ágil do que […]

  7. cnepomuceno disse:

    Alegomes, isso mesmo….

    Uma passagem para ambiente mais horizontais, se comparados ao que temos hoje e mais verticalizados para os que teremos amanhã…

    Um processo contínuo…

  8. […] Repito: as novas tecnologias informacionais estão criando um novo ambiente de conhecimento. […]

  9. […] na maneira que olhamos a sociedade não há e não havia espaço para mudanças dessa natureza, na ecologia informacional do […]

  10. […] 19 Março 2009 por cnepomuceno Dando continuidade ao post sobre ecosistemas da informação… […]

  11. […] que um computador em rede e no Orkut capacita para entrar no novo ambiente ecológico informacional, é um grande passo, mas não tira ninguém do lugar. É preciso projetos diferentes, outros […]

  12. […] posterior: postei depois deste post outros sobre os ecosistemas de informação e sobre as redes de […]

  13. […] o meu objetivo principal mostrar do alto de uma montanha para apontar uma GRANDE  mudança de ambientes informacionais de uma sociedade baseada no papel, na mídia de massa e no computador isolado para outra conectada […]

  14. […] seu livro à ecologia da informação, Thomas Davenport, que comentei aqui,  lembra que as empresas de a sociedade moderna passaram a valorizar muito a tecnologia e […]

  15. […] Hoje, o que há de novidade nesse campo é a chegada de um novo ecosistema informacional: […]

  16. Laerte disse:

    Carlos,
    te descobri pelo google, exatamente, porque estava fazendo buscas por “ecologia da informacional” depois de ter lido sobre esse tema em “Ciência da informação: origem, evolução e relações” (SARACEVIC, 1991). Seu texto parece mais claro do que o de Saracevic, se é que eu entendi bem o que você escreveu aqui. Ah, tem outra coisa que eu não entendo: quais são os exemplos de novas tecnologias da informação que poderíamos citar? usa-se muito este termo, mas nunca se cita exemplos…
    Obrigado pela atenção.

  17. Laerte disse:

    Onde se lê “ecologia da informacional”, leia-se “ecologia informacional”. Desculpem-me.

  18. cnepomuceno disse:

    Laerte,

    A nova tecnologia da informação da vez é a Internet e suas aplicações específicas, redes sociais, telefones virtuais, mensagens eletrônicos, emails, navegadores, etc, resolve?

  19. Laerte disse:

    Bastante, Nepomuceno.
    Cometi a falha de antes de ir ao faq (leia-se google), fazer a pergunta. Mais fui no site do IBGE e encontrei um documento muito bacana sobre “O Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação do Brasil Aí ficou claro quais são precisamente os artefatos desse setor.

  20. […] ” Hoje, o que há de novidade nesse campo é a chegada de um novo ecosistema informacional: […]

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