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Muita gente diz que otimismo e pessimismo é uma questão de copo com água pela metade: o pessimista vê sempre a parte vazia e o otimista a cheia.

Há, por tendência, dois temperamentos ao se pensar e sentir o mundo: os mais céticos, que tendem à depressão. E os mais crédulos, que se aproximam da mania.

E ainda os instáveis, que batem aqui e ali.

Porém, é papel dos cenaristas, dos estrategistas, dos profissionais de prognósticos se auto-conhecer para evitar que seu temperamento influencie resultados.

Por mais otimista que seja um médico, não vai poder afirmar que um cidadão que levou um tiro que atravessou a cabeça tem boas chances de sobreviver.

O cético/pessimista, de maneira geral, tem espécie de mundo ideal na sua cabeça e tudo que ocorre nunca está próxima dessa idealização.

Muitos dos meus alunos mais céticos sempre comparam tudo que ocorre por aí com o mundo ideal que têm na cabeça e não com os fatos do passado.

Não se compara a situação do hoje com a do ontem para ver se estamos piorando ou melhorando a qualidade de vida. Mas o mundo ideal utópico com os fatos e sempre se terá uma avaliação negativa do que ocorre e do que virá.

Um cenarista, por sugestão do Peter Drucker, nunca olha para a floresta já formada, mas para as pequenas mudas que vão formar a futura.

Dentro desse conceito, minha visão do século XXI é otimista.

Em primeiro lugar, temos que compreender que a raiz das principais crises que vivemos hoje é em função da incapacidade que temos de administrar o aumento radical demográfico que tivemos nos últimos séculos, quando saltamos de 1 para 7 bilhões de Sapiens no planeta.

Não existe nada mais problemático do que termos mais e mais demandas, mais e mais bocas a serem alimentadas, mais bebês nascendo, mas adultos com problemas de transporte, saúde, habitação, saneamento, educação, comunicação.

Acredito que o século passado foi o epicentro da crise da espécie, pois tivemos aumento de complexidade, mas sem recursos para reinventar o modelo de administração da sociedade.

Vivemos processo radical de centralização, baixa autonomia de pensamento, massificação de ideias, produtos e serviços, que resultou em regimes totalitários ou centralizados.

O século XXI vive, ao contrário,  Revolução Civilizacional, com descentralização dos canais de trocas de ideias, produtos e serviços, que nos apresentará um longo ciclo de inovação.

Muito do que vemos de novidade no Brasil já é a ponta do iceberg do que virá.

Estamos na fase 1 da Revolução Civilizacional, na qual estamos questionando o passado, mas ainda não massificamos filosofias, teorias e metodologias que permitam mudanças mais amplas na sociedade, com a implantação de novos modelos administrativos, tais como o Uber nos sugere.

Assim, o prognóstico otimista diria que:

  • apesar do radical aumento de complexidade, que nos faz ter muito mais problemas a serem administrados;
  • da demanda de tolerância num mundo super-habitado;
  • já temos as primeiras ferramentas que nos permitem lidar melhor e de forma bem diferente com tudo isso.

O cenário de curto e talvez de médio prazo é de conflito entre o velho e o novo mundo, mas a macro-história demonstra que o Sapiens sempre opta, em sua maioria, pela qualidade e bem estar, quando este se torna viável.

É isso, que dizes?

 

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