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A anatomia do dogmatismo ou a tentativa de entender a cabeça de um bolivariano.
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Um dos grandes mistérios da política brasileira recente é o fenômeno do dogmatismo nocivo messiânico.
 
Um conjunto grande de pessoas socialmente abastada, inteligente, dotada de educação superior, muitos mestres e doutores, não conseguiu criticar o governo bolivariano, apesar da crise política, econômica e ética no país. Por quê?
 
A isso podemos chamar de dogmatismo nocivo messiânico.
 
Um dogmático de maneira geral não tem espaço de percepção necessário para fazer o jogo saudável entre vida-identidade, pois o espaço da percepção foi incorporado pela identidade dogmática.
 
O dogmatismo é oriundo, a meu ver, de um transtorno cognitivo/emocional, no qual há junção da percepção (que deve ser mais líquida e interativa/social) com a identidade (um pouco mais sólida e subjetiva/pessoal).
 
A vida telefona para o dogmático, mas o aparelho está sempre mudo.
 
Podemos dizer que um torcedor de um time de futebol é dogmático do ponto de vista esportivo, pois nada do que houver com o seu time o fará deixar de ser torcedor do mesmo.
 
E aí podemos separar dois tipos de dogmatismos:
 
O dogmatismo inofensivo – no qual há uma junção da percepção com a identidade e NÃO acarreta sofrimento ou dano para a sociedade;
 
O dogmatismo nocivo – no qual há uma junção da percepção com a identidade e SIM acarreta sofrimento ou dano para a sociedade.
 
Um membro de torcida organizada que quer bater em todos os adversários é um dogmático nocivo, mesmo que não estivermos falando de política ou religião.
 
O dogmatismo nocivo é todo aquele em que o dogmático quer impor aos outros os seus dogmas, como se os outros não tivessem direito de pensar ou sentir de forma diferente.
 
Para o dogmático nocivo não haverá revisão ou autocrítica, há uma verdade única que os outros têm que se curvar a ela. A sua identidade dogmática vê uma verdade que o torna um emissário do futuro no presente.
 
E aí entramos na política e nas religiões. E isso nos faz chegar ao dogmatismo messiânico aquele que além de não conseguir separar identidade e percepção tem projeto fechado do futuro, do qual ele sabe ou defende para onde todos devemos ir.
 
Podemos dizer que existem políticos e religiosos que praticam o dogmatismo não messiânico, aquele que NÃO tem um projeto fechado do futuro, do qual não sabe ou defende para onde todos devemos ir.
 
O dogmatismo não messiânico pode ser incluso naqueles inofensivos, pois com o tempo a sociedade irá descartar tais propostas por serem consideradas inválidas.
 
O dogmatismo não messiânico torna a pessoa apenas incompetente, pois vai cometer os mesmos erros.
 
A maior escala nociva, assim, dos dogmatismos são aqueles que têm projeto político para a sociedade e é messiânico. Tais projetos, independentes os fatos, tentará impor verdades fechadas para a sociedade.
 
Um dogmático nocivo messiânico é um emissário do futuro, pois ele já definiu o que virá, já viu para onde todos nós devemos ir e o que ele quer é trazer o quanto antes esse futuro (chamado de utopia) para o presente.
 
O que assistimos no Brasil nos últimos anos, com a derrocada do PT, é a explicitação desse tipo de dogmatismo nocivo e messiânico que explodiu justamente quando a vida brasileira bateu num poste.
 
Há uma incapacidade, transtorno cognitivo/emocional de contorno grave, de conseguir criar espaço saudável de percepção entre a identidade e a vida, que permita que os dogmáticos nocivos messiânicos possam absorver o que aconteceu.
 
Na incapacidade interna para que isso seja possível, recorrem a uma espécie de narrativa repetitiva, fechada, tribal, fantasiosa de ver inimigos por todos os lados, atribuir aos demais todos os erros e demonstrar a total impossibilidade de lidar com a vida.
 
O dogmatismo se converte em uma paranoia coletiva alucinógena.
 
Do ponto de vista racional (e nem afetivo) não há nada que possa ser feito, pois encarar as mensagens que a vida está mandado implica em rompimento com a própria identidade.
 
É como se pedisse para um flamenguista deixar de ser flamengo, por que perdeu-se um campeonato.
 
Talvez, possamos ter experiências similares na queda do muro de Berlim, com os dogmáticos soviéticos. Ou no fim da era nazista, naqueles que acreditavam no Terceiro Reich. Ou ainda mais longe, nos fiéis da Igreja Católica Totalitária Medieval.
 
A queda do PT é muito mais do que apenas um projeto político que ruiu, mas a derrocada de uma base estrutural do ego, da identidade, que não consegue mais ter espaço no mundo dos fatos
 
Há uma crise existencial dos bolivarianos, que é vista apenas pelos outros, de fora para dentro. Será um processo lento e dolorido que apenas poucos conseguirão passar.
 
O que resta para quem está de fora é simplesmente fazer de tudo para reduzir o espaço destes transtornados na esfera da política, deixá-los isolados, lambendo as feridas e esperar que alguém um pouco menos intoxicado comece o processo de reconstrução dos egos.
 
Vai ter que partir da tribo para a tribo.
 
Não vai ser fácil.
 
É isso, que dizes?

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