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Totalitarismo é um sistema político no qual o Estado, normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, facção ou classe, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, sempre que possível.

Recomendo este documentário:

Narra a história, pouco difundida, dos holocaustos comunistas na União Soviética, que mataram mais de 11 milhões de pessoas, de forma deliberada, por motivos ideológicos, antes dos nazistas.

Apresenta a relação das origens do nazismo e do fascismo e destas com as ideias de Marx. Sim, Hitler e Mussolini tiveram um pezinho no Marxismo. E a Gestapo e a SS nazistas fizeram cursos com a polícia secreta russa para aprender técnicas de opressão.

E podemos especular sobre o ovo da serpente dos movimentos totalitários, ao procurar analisar as origens do pensamento que nos leva a esse tipo de regime que defende o “novo humano”.

Vejamos.

Haverá, isso faz parte da nossa história, sempre no mundo alguém que estará insatisfeito com a espécie humana.

Somos animais com características específicas que produzem uma sociedade complexa, injusta, violenta, marcada por guerras, descasos, problemas sociais, ecológicos, políticos, econômicos de todos os tipos.

A história nos mostra o que conseguimos ser de melhor ao longo de nossa jornada na terra. Obviamente, que quem chega, principalmente, os jovens olham para tudo isso e acreditam que algo poderia ser diferente. E surge um campo fértil para acreditar que tudo vai mudar se conseguirmos criar um novo ser humano. Todo o pensamento totalitário será sempre a-histórico, pois defenderá que tudo que foi feito até aqui é algo que pode ser reconstruído baseado em um movimento de ruptura e de reengenharia social-cultural.

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Assim, há uma divisão entre pessoas que:

  • aceitam essa “natureza humana” a partir da história e procuram tentar lidar com ela e construir uma sociedade que possa administrar o que o passado nos demonstra o que podemos ser. incorporando nossas falhas;
  • e aqueles que não aceitam essa “natureza humana” e querem que o ser humano – por algum tipo de reengenharia social – venha a ser outra coisa, a partir de purificações políticas, econômicas, sociais, raciais, etc.

O pensamento de não aceitação do ser humano a partir da sua história abre mão de algo que já demonstrou ser possível, para algo incerto para algo “completamente novo”. Uma mudança, a partir de agora, do ponto zero.

(E isso é que deve ser combatido fortemente nas escolas, na juventude para demonstrar o que esse tipo de pensamento gerou na história!!! Isso não é feito, ao contrário, é estimulado essa “visão crítica a-histórica” que acaba criando simpatizantes e líderes totalitários.)

Marx, ao comprar a ideia de Rousseau, do selvagem bom e a procura dessa bondade humana, passou a acreditar que todos os problemas humanos não eram da espécie, do indivíduo, mas da forma que a sociedade se organiza.

Ou seja, o problema não é de cada indivíduo, mas do conjunto dos indivíduos, que vivendo em uma sociedade sem classes, ou sem opressão, conseguiria se superar, chegando ao homem novo. Idem Hitler, Mao, Stalin, Mussolini, Fidel, Maduro, etc…

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O marxismo, assim, como o nazismo, como o fascismo e mesmo o anarquismo parte dessa premissa de que tudo que foi feito até agora pode ser ignorado e é possível com algum tipo de receita nova, começar do zero.

As tentativas totalitárias, assim, são totalitárias pois:

Por que é preciso que seja totalitária, pois precisa remodelar o ser humano que entra “a” e precisa sair “b”. É preciso, como tenta todo o regime totalitário, moldar o ser humano “estragado pelo passado” e “salvá-lo para o futuro”.

O Estado exerce uma função transformadora, o que precisa ser feito por:

  • – fortalecimento do centro, que sabe de onde o ser humano tem que ir, impondo do centro para as pontas esse modelo;
  • – uma purificação gradual, com mais e mais poder centralizado, que vai cada vez mais ficando mais radicalmente puro, eliminando os desviantes, pois não há outra forma, todos que não se encaixam no modelo.

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Assim, o problema do nazismo, do comunismo, do marxismo, do anarquismo e de todos os ismos, que acreditam na sociedade ideal, do novo homem, nos levam ao totalitarismo, pois o ser humano tem que ser algo que nunca foi.

E para que isso seja possível o mal precisa ser colocado em alguns humanos, que precisam ser eliminados, pois eles são tudo aquilo que leva à sociedade a esse estado de miséria, de opressão, etc. É preciso purificar um tipo de humano, criar um mito, um santo, bem como, ao mesmo tempo, demonizar um tipo de humano, que precisa ser rejeitado e eliminado, um diabo. A prática da eliminação passa a ser de uso frequente, pois há moralmente uma justificativa para fazê-lo, o que vai se espalhando como uma prática comum. A diferença precisa ser eliminada e não negociada, como é no modelo republicano.

(Algo bem utilizado também pelos movimentos religiosos fundamentalistas.)

E tem que se adaptar a algo que está na cabeça de quem lidera o projeto de “transformação” do velho humano para o novo humano.

O marxismo, assim, não poderá nunca deixar de ser autoritário ou totalitário, pois a opção filosófica adotada na sua origem é de acreditar que tudo isso que conseguimos até agora é algo que pode ser alterado pelo Estado, por um partido e por uma ideologia. E quem o segue está trazendo uma purificação humana ao mundo, são os salvadores da espécie, contra a natureza humana histórica que precisa ser combatida.

É uma não aceitação e negação da história humana.

A violência não nasce depois, quando o regime é implantado, mas ela nasce justamente na sua origem, pois há uma não aceitação do outro como ele consegue ser.

Eu defino como o outro tem que ser e quero impor essa minha visão criada em laboratório para o mundo, acreditando que sou um agente purificador da espécie, o que  torna todo o revolucionário totalitário um messiânico, dogmático.

E o que o torna um santo, pois o mal e o lado perverso da humanidade não está nele, pois conseguiu superá-lo na luta revolucionária em direção à sociedade ideal.

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É uma aposta em um laboratório humano, sem nenhuma base histórica, que comprove que há um pingo de realismo naquelas premissas.

Todo o movimento que parta desse ponto de origem, por mais bem intencionados que sejam seus atores, nos levará a muito mais violência do que o ponto de partida pois há um equívoco na maneira que se pensa a natureza humana.

A estrada é violenta, desde o princípio, pois cada seguidor daquela ideologia já é por si só uma pessoa que está se violentando, colocando as contradições da espécie fora de sua existência, tornando-se um auto-santo sem “pecado”.

O humano, dentro dessa lógica, não se define mais por si, mas há alguém que quer que ele seja algo que a história tem demonstrado que ele não consegue ser.

Note que os movimentos liberais clássicos pós-Idade Média caminharam em outra direção e, por isso, conseguiram construir sociedades menos violentas, comparadas às totalitárias.

(Não existe ser humano ou sociedade sem violência.)

Partiram da história e da natureza humana mais perto do que provavelmente é ou foi, o que nos leva a pensar sociedades mais adaptadas ao ser humano mais tangível, naquilo que ele demonstrou ser mais próximo do que somos ou podemos vir a ser.

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O liberalismo republicano e econômico com verdadeira liberdade para as pontas (coisa que tivemos pouco no século passado), permite que haja limites para a espécie, mas uma possibilidade de recriação gradual em direção a algo incerto, que não é pré-concebido por um centro que sabe o que somos.

O centro não define o que o ser humano deve ser, mas procura criar instrumentos para que ele vá se fazendo e se auto-definindo, via inovação contínua.

Desta forma, elimina-se a necessidade do modelo totalitário, pois o todo não é definido pelo centro, mas cada parte forma o todo.

Não existe a necessidade de criar fronteiras fechadas e impor a sociedade, ela vai sendo adotada por adesão.

A luta liberal, assim, é a luta, antes de tudo, filosófica da liberdade humana, anti-totalitária, justamente por não querer definir o que o ser humano é ou o que deveria ser. Procura ter a a humildade de aprender com a história e acreditar que a natureza humana não pode ser recriada por um centro ou por alguém, que de forma arrogante, vai definir aquilo que nós somos.

O liberalismo – no seu sentido clássico – procura abrir o espaço para que o ser humano se recrie das pontas para o centro e rejeita todo o regime que quer defini-lo do centro para as pontas.

O filme acima deveria passar nas escolas.

É isso, que dizes?

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