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Escolas de pensamento ficam conhecidas em função de ideias originais de um conjunto de autores, que defende uma posição em torno de alguns eixos centrais, que modificam a maneira de pensar corrente.

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Há uma sinergia entre eles e pesquisas correlatas,  que a rede de pensamento proporciona, que se cria um núcleo de pensamento, que acaba sendo chamado de “Escola”.

Há duas escolas que dialogam bastante, mas não tem conversado.

  • A Escola de Toronto, na comunicação, que tem como o maior expoente McLuhan (século passado) e Pierre Lévy (atual) mais colaboradores.
  • E a Escola Austríaca, na economia, que tem como maior expoente Mises e colaboradores.

A base do pensamento da Escola de Toronto pode ser resumida na frase “o meio é a mensagem” de McLuhan, que tem um significado profundo na maneira de pensarmos filosoficamente o ser humano.

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Ele apontou no meio do século passado que, independente do canal que assistimos, a televisão muda a sua cabeça, pois há mudanças no cérebro.

Tal afirmação, muito combatida na época, se levada filosoficamente, coloca o ser humano como uma tecno-espécie, em que há, pela ordem:

  • – mudanças que são provocadas pelas tecnologias que não temos controle, já que o cérebro tem uma autonomia parcial ao se ajustar, sem pedir licença, para uso das novas tecnologias cognitivas;
  • – que estas mudanças têm impactos sociais, pois um cérebro que se altera é um ser humano que se altera, que, por sua vez, altera a sociedade.

É algo como a quebra de uma onipotência humana que é rompida, pois uma parte relevante das mudanças que vivemos é devida a relação estreita e profunda com as tecnologias no geral e, em particular, às tecnologias cognitivas, que mudam o cérebro (nosso epicentro) sem nos pedir licença.

A história se move TAMBÉM  e MUITO por causa disso, o que muda completamente a maneira de pensarmos a evolução humana, desde então.

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Lévy, que é de Montreal, não se considera um McLuhaniano de carteirinha, mas todo o seu trabalho é FORTEMENTE influenciado por este conceito central da tecno-espécie (o que me faz chamá-lo de Toronteiro).

Vejamos:

  • Lévy supera McLuhan, pois ele consegue, com a chegada da Internet, apresentar um novo cenário histórico, no qual a massificação de novas tecnologias cognitivas marcam profundas mudanças históricas no ser humano (Eras Cognitivas: oral, escrita e agora digital).
  • As teses de McLuhan e Lévy, se levadas a sério, criam uma nova forma de analisar as sociedades e nos colocam diante de um novo século, um novo ambiente cognitivo e uma nova era humana, as partir da massificação da Internet;
  • O que eu fiz, seguidor que sou da Escola de Toronto, foi mostrar que tais mudanças são provocadas fortemente pela Demografia, trazendo a ideia da complexidade demográfica como motivadora do surgimento e massificação das novas tecnologias cognitivas e como uma saída sistêmica para reequilibrar a oferta e a demanda.
  • E de que em cada uma das Eras Cognitivas nós criamos um novo modelo de Governança da Espécie (similar de outros animais), saindo hoje da Analógica Eletrônica (baseada nos animais com um líder alfa bem marcado) para um novo modelo mais parecido com o das formigas, ou melhor, da Governança da Espécie Digital (detalhei isso na minha tese de doutorado e no meu último livro impresso.)

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Lévy chama de Inteligência Coletiva esse movimento de trocas, que ganha nova vitalidade com a chegada da Internet.

Tudo isso vai ter eco na Escola Austríaca de Economia.

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Vejam a definição dela no Wikipédia:

“A Escola Austríaca (também conhecida como Escola de Viena) é uma escola de pensamento econômico que enfatiza o poder de organização espontânea do mecanismo de preços. A Escola Austríaca afirma que a complexidade das escolhas humanas subjetivas faz com que seja extremamente difícil (ou indecidível) a modelação matemática do mercado em evolução e defende uma abordagem laissez-faire para a economia. Os economistas da Escola Austríaca defendem a estrita aplicação rigorosa dos acordos contratuais voluntários entre os agentes econômicos, e afirmam que transações comerciais devam ser sujeitas à menor imposição possível de forças que consideram ser coercivas (em particular a menor quantidade possível de intervenção do governo)”.

Há alguns termos fundamentais na descrição acima, que se aproximam do que nós “Toronteiros” temos estudado:

  • – organização espontânea = inteligência coletiva;
  • – complexidade das escolhas = complexidade demográfica.

A ideia de “menor imposição possível” nos remete ao que temos estudado da retirada de intermediários para tornar as redes mais dinâmicas, que bate justamente com a passagem de uma Governança da Espécie para outra.

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Da passagem das redes analógicas/eletrônicas para as redes digitais.

Como as duas escolas dialogam?

  • A Escola de Toronto serve de guarda-chuva para falar de algo básico da humanidade que é a capacidade das trocas.
  • A Escola Austríaca vê a necessidade da autonomia das redes para que se lide melhor com a complexidade, que foi justamente a conclusão que cheguei vindo da Inteligência Coletiva.

A ponte entre os “Austriqueiros” com os “Toronteiros” é a seguinte:

  • – Toronto dá a base para a percepção de um novo ciclo de inteligência coletiva no mundo, a base do que chamei de liberalismo 3.0, que, no fundo, visa facilitar a chegada da nova Governança da Espécie Digital;
  • – E a Áustria traz ferramentas para que isso seja possível, do ponto de vista econômico, tendo como base a defesa,  nos termos que eles usam, da Inteligência Coletiva do mercado.

O liberalismo 3.0, entretanto, não se resume à economia. Há os aspectos filosóficos, que nos remetem a política 3.0, a escola 3.0, a ciência 3.0, etc 3.0, que vão compor um novo movimento liberal.

É isso, que dizes?

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