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“A política populista caracteriza-se menos por um conteúdo determinado do que por um “modo” de exercício do poder.”

Populismo - BRASIL ESCOLA

Não existe ação possível na vida sem que se tenha um bom diagnóstico do que se está combatendo.

Podemos hoje dizer que a América Latina toda está enfrentando uma onda populista.

A América Latina move-se em bloco ao longo da história.

Há o que podemos chamar de “populismo socialista”, que na Venezuela se chama Chavismo e quando se expande um pouco para o Equador e Bolívia de Bolivarianismo.

E quando vemos o quadro geral, incluindo Uruguai, Argentina, Brasil, Peru e mesmo o Chile podemos chamar de neopopulismo socialista.

Definiria o Neopopulismo socialista da seguinte maneira:

  • Movimento inciado em 1999 na Venezuela por Hugo Chavez, com forte influência de Fidel Castro, chefiado por líderes carismáticos que usam um ideário socialista/comunista de forma grosseira e mal formulada para justificar um projeto de poder com forte apoio de setores mais pobres, desinformados e de classe média, sob o rótulo genérico de “progressista e de esquerda” –  financiado, de forma velada, por grandes conglomerados financeiros e de empresas oligopolistas, interessados em um modelo parecido com o chinês de Capitalismo de Estado.
  • O movimento se aproveita da farta propaganda “de esquerda” pós-ditaduras para criar um ambiente de polarização com os demais setores da sociedade, estabelecendo uma nova ética , em que várias ações, tais como a corrupção, mentira, aparelhamento do estado são justificáveis em nome das lutas contra as desigualdades sociais.
  • O movimento se articula, troca experiências e apoio continentalmente, através da entidade Foro de São Paulo, criado em 1990, o que define a política externa de todos os países de apoio mútuo nas suas arbitrariedades contra os direitos humanos (principalmente em Cuba e Venezuela) e financeiro para projetos de infra-estrutura, principalmente do Brasil para os demais países;
  • Em todos os países o neopopulismo aposta no maior controle do estado de tal forma a garantir a permanência no poder, independente os resultados de seus governantes. Assim, há projetos de controle do estado, da imprensa, da Internet, do judiciário;
  • Quando se estabelecem por mais tempo, procuram manter os líderes carismáticos mais tempo, através de reeleição sem limites, criando uma polarização de vida e morte com as oposições e criando formas, incluindo fraudes eleitorais, para evitar a alternância de poder.

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O Neopopulismo socialista é formado de dois blocos:

  • – um núcleo formado por uma figura carismática, que cria um pólo de poder independente de todos os partidos, com um grupo que define as estratégias conjunturais, a cada conjuntura, por isso que se diz que é um modo de poder e não um projeto;
  • – partidos que se auto-intitulam “de esquerda” e “progressistas” que formam outro bloco, geralmente uma frente que vão desde sociais democratas radicais até comunistas ortodoxos.

As características do Neopopulismo Socialista é uma prática do poder pelo poder, com tudo que isso significa, mas com uma roupagem socialista que o justifica e colhe apoios de setores que se auto-proclamam “progressistas”.

A ideologia “socialismo do século XXI” é vazia, como disse aqui.

É muito mais uma fachada “progressista” para o núcleo populista poder atuar.

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É importante fazer este diagnóstico, pois vai se entender claramente os objetivos, que se desdobrarão em ação e prática desse movimento.

O grave problema que temos é que o movimento populista não tem projeto de país.

Ou seja, não se investe no longo prazo.

Rejeita o capitalismo de maneira genérica, mas não se tem nada para colocar no lugar, criando um semi-capitalismo de estado, que vai gerando crises, ou de descontrole de inflação, abastecimento e, por sua vez, de caos social, como é o caso da Venezuela.

Ou de uma falta gradual de competitividade, inovação e crescimento da região.

De maneira geral, não há projetos inovadores no campo social (saúde, educação, mobilidade, empreendedorismo).

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A incapacidade teórica de formular um projeto viável com a realidade e sustentável faz com que haja uma crise entre o que promete e o que entrega.

Assim, o movimento neopopulista da AL inicia um processo em dois níveis:

  • – uma máquina cada vez mais competente para ganhar eleições criando falsas verdades e trabalhando cada vez mais diretamente com os setores mais empobrecidos da população;
  • – uma máquina de manutenção do poder, gerando mais e mais controle para abafar as críticas da baixa entrega que o neopopulismo é capaz de fazer.

O projeto não tem alternativa.

Tende a recolher ideias do controle para manter o populismo no poder.

Note bem, assim, que não estamos implantando o socialismo na América Latina, pois há um forte interesse de grande empresas no neopopulismo, incluindo bancos, empreiteiras, grandes conglomerados.

Estamos implantando uma espécie de capitalismo de estado com forte controle em países como o Brasil, reduzindo a democracia que temos e tornando cada vez mais difícil a alternância de poder.

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O grande duela entre a realidade e o neopopulismo se dará no Brasil ao longo dos próximos anos, pois o Brasil é o maior, mais habitado, mais complexo e mais capitalista de todos os países latino americano.

O Brasil precisa fortemente da iniciativa privada, diferente da Venezuela e Bolívia, que têm quase 90% do PIB dependente das empresas do estado de Petróleo e Gás. Por isso, lá se pode radicalizar o discurso socialista.

Aqui, entretanto, o governo não controla o PIB do ponto de vista produtivo.

O que veremos nos próximos anos será a tentativa do neopopulismo brasileiro, que podemos chamar de Lulopetismo,  de controlar cada vez mais o estado e a máquina eleitoral para garantir se manter no poder, pois as entregas serão cada vez piores e a tentativa da sociedade brasileira de criar anti-corpos contra esse modelo continental de poder pelo poder.

Depois falo mais sobre isso.

Que dizes?

 

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