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Independente do resultado da próxima eleição, podemos dizer que vivemos o fim de uma Era PT no país. Hoje, o PT não tem militantes ideológicos, mas pagos para fazer campanha, que é a demonstração clara que um ciclo se fechou. Um partido ideológico tem militantes, um fisiológico (ou digamos tradicional) tem cabos eleitorais.

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Vamos aos fatos.

Em 1979, surgiu uma frente de esquerda formada por várias correntes políticas de todos os lados, que se unificou em torno de algumas bandeiras largas, que agregavam:

  • – contra o stalinismo –  no Brasil o Partidão, que dominava boa parte do dito movimento social;
  • – contra exclusão social;
  • – um partido construído a partir das bases;
  • – um compromisso ético na política;
  • – em defesa de algo difuso, tal como um socialismo democrático.

Na época, havia se esgotado a frente de oposição, formada pelo MDB, formada pós-ditadura, que se dividiu entre o PT e o que hoje é o PSDB.

Passados mais de 30 anos, a frente se dividiu, como toda frente, que cumpre um determinado papel na história:

  • Parte criou o PSOL e outras siglas mais a esquerda;
  • Parte saiu da política;
  • Parte morreu ou foi assassinada, como o Chico Mendes;
  • Parte continuou no PT;
  • Parte está com a Marina, na Rede;
  • Parte no PSB;
  • Parte por aí.

Não houve, entretanto, nessa avançar do PT em direção ao poder uma narrativa que fizesse a ponte do que foi abandonado antes e o que se transformou agora!

Quem foi para o Governo abriu mão do projeto do socialismo? Caso não, o que é um socialismo democrático? Aderiram ao capitalismo? A que tipo de capitalismo?

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Muitos dizem que o PT é o partido mais ideológico do país.

Discordo, nunca foi enquanto partido, mas enquanto uma frente de esquerda difusa, que tinha no socialismo democrático – nunca colocado em prática em nenhum país do mundo – como bandeira.

(O PT, na época, era contra Fidel e Stalin, contra a ditadura do proletariado, apesar de várias práticas internas autoritárias.)

Ideologia, a meu ver, é algo que aponta uma visão, um ideário, que aponta uma direção de “a” para “b”, de onde estamos para onde vamos. Faz-se as frentes em torno disso e cria-se partidos, propostas e movimentos para “ganhar”  “organizar!” a sociedade para estas ideias.

O ciclo PT se esgotou, assim,  enquanto um ideário claro.

Hoje, é algo confuso, sem narrativa, sem discurso, sem auto-crítica, sem uma visão clara de onde estamos e para onde vamos.

É o que está acontecendo, aliás, com toda a esquerda da América Latina, orfã de um novo projeto, ficando, assim, agarrado a um passado que já não existe e se sustenta mais, vide o que está acontecendo na Venezuela.

(É bom dizer que com a complexidade que temos hoje temos que inventar um modelo econômico social, da república e do capitalismo para lá, para melhor e não para trás, para pior, se não faltará tudo.)

  • O que é triste é que o PT se esgotou sem debate, sem discussão.
  • Não acabou, definhou como proposta.
  • Hoje, é um MDB com alguns arroubos mais radicais.

O PT, assim, ficou dividido em dois grandes grupos:

  • – os ainda ideológicos – um pequeno segmento dogmático de uma esquerda conservadora mais tradicional, que não consegue se reinventar. Lembra muito o velho MR8 do passado (do ponto de vista de um final trágico), que caiu nos braços do Orestes Quércia – O MR8 não tinha um líder carismático;
  • – e os dirigentes principais, que se alinharam em torno de uma figura emblemática, do Lula e seu projeto particular narcisista de poder.

Seria um Peronismo tupiniquim atualizado.

Sai MDB, entra PT, mas sai PT e entra o que?

O que nos coloca diante de um novo enigma ideológico.

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O que precisamos ter para o século XXI em um Brasil desigual, com sérios problemas de organização política, que aponte um sonho político mais viável para os órfãos do PT?

Tenho repetido sempre a necessidade de entender o momento histórico e a Conjuntura Cognitiva que estamos vivendo como a ÚNICA forma de ter propostas.

Os movimentos comunista e liberal dos últimos dois séculos foram construídos dentro de uma Era Cognitiva marcada pela potencialização e limitações dos papel impresso, seguidos pela Ditadura Cognitiva dos meios eletrônicos de massa, que nos legou, devido a concentração de ideias, as fases mais radicais do fascismo e do comunismo.

Era um ambiente que nos limitava em termos de participação.

Hoje, a Internet refaz todo o cenário social-político e econômico do novo século, pois permite criar ferramentas de participação de massa, que cria um espaço de mudança organizacional muito mais descentralizado do que no passado. As cartas estão sendo reembaralhadas.

É preciso, entretanto, enterrar o Ambiente de Pensamento fruto daquela Era Cognitiva Analógica e construir um novo, que aponte uma saída para as desigualdades, mas dentro de um novo contexto.

Não concentrador como foi tanto a esquerda quanto à direita do século passado, mas renovador, descentralizador, que possa tentar incluir com autonomia e não para usar os mais pobres para se manter no poder.

Há claramente nas manifestações em todo o mundo um clamor por uma refundação da república em outras bases.

O som das ruas é claro: estamos cansado deste rabo, que está balançando o cachorro.

E os projetos que temos hoje é evitar apenas de trocar de rabo.

É preciso reinventar o cachorro!

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Defendo a criação de um movimento Republicano Digital, supra-partidário, cujo eixo, acredito eu, deve girar em torno da descentralização do poder, do capital e das oportunidades, com forte ênfase na inclusão social, via digital, com formas criativas de recuperar o gap, através da autonomia e incentivo ao talento represado.

Um novo ciclo se abre e precisamos construir uma nova frente política, matando as ilusões que tivemos no século passado no mundo e no Brasil, que nos leva a compreender que:

  • – o capitalismo é uma rede, que precisa ser muito mais capilarizada e descentralizada;
  • – assumir que sem uma rede produtiva descentralizada, via iniciativa privada (não importa o nome) passaremos grandes necessidades, pois estamos diante de uma mega complexidade demográfica, que nada centralizado vai nos ajudar a superar;
  • – precisamos, assim, inovar na maneira de fazer política, através de plataformas de colaboração de massa para aumentar a diversidades das decisões;
  • – precisamos ser criativos para em pouco tempo reduzir o “gap” entre as diferentes classes sociais, não criando dependência, mas autonomia, transformando sofrimento em talento.

Assim, não é  mais “a” versus “b”, mas “a” para “b”.

Um novo projeto político para um novo momento histórico-cognitivo.

É hora de enterrar o século XXI – urgente! E plantar um novo jardim.

É isso, que dizes?

 

 

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