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Avisa para quem quer implantar redes sociais corporativas: há uma relação siamesa entre topologia de rede, gestão e comunicação: não se pode mudar uma, sem mudar as outras.

Agradeço ao Augusto de Franco por me fazer avançar, a partir deste texto dele.

Versão 1.0 – 19 de outubro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Quando pensamos Rede Social Corporativa achamos que é possível fazer uma mágica que é a seguinte, parodiando uma música:

Vou mudar a topologia de rede, mas não vou acender agora. 🙂

Essa é uma dificuldade humana diante de uma Revolução Cognitiva.

E isso parte de uma premissa equivocada que temos sobre as organizações, pois nunca tivemos, em período recente,  a mudança de topologia de rede externa, como estamos presenciando agora.

Essa é a principal mudança de uma Revolução Cognitiva, que dá um verdadeiro nó na nossa cabeça, gerando MUITA CONFUSÃO.

Explico.

Nossas organizações são reflexos da topologia de rede hegemônica na sociedade.

A topologia de rede é definida pelas tecnologias cognitivas de plantão.

Quando temos um tipo de mudança específico nas tecnologias cognitivas, que mudam a topologia de rede, temos mudança, em sequência,  na forma de comunicação e na gestão.

Não se muda uma, sem mudar as outras.

A topologia de rede hegemônica atual, que vem sendo praticada há séculos, desde o surgimento da escrita, é altamente centralizada, piramidal, com hierarquia rígida, bem definida, o que nos impõe um tipo de modelo de comunicação e, por sua vez, de gestão.

Essa topologia tem um tempo de tomada de decisão, de fluxo de troca, que ERA compatível com o tempo externo do mercado que operava todo na mesma tipologia.

Algumas empresas mais fechadas, outras mais abertas, mas sempre na mesma topologia de rede: piramidal e centralizadora, compatível com o modelo hegemônico do mercado.

Uma Revolução Cognitiva tem essa grande mudança nas nossas vidas.

Uma tecnologia cognitiva despretensiosa (Internet) vem para a sociedade e se massifica, alterando a forma de comunicação entre as pessoas e, por sua vez, sem que percebamos a topologia de rede, criando algo descentralizado no lugar da piramidal.

Não é um projeto planejado por ninguém.

Acontece por um conjunto de latências e de pessoas que vão investindo em algo novo, sem um projeto político estratégico planejado de mudança de comunicação ou de gestão, da mesma maneira que tivemos a chegada da escrita, do alfabeto, do livro manuscrito, impresso, tevê, rádio, etc.

Assim, a gestão e a comunicação estão estruturadas sobre uma “placa-mãe”, que é a topologia de rede, definida pelo perfil da tecnologia cognitiva de plantão. Se há uma mudança nessa base, a gestão e a comunicação são alteradas.

Assim, não é possível começar um projeto de Rede Social Corporativa, implantando apenas uma tecnologia nova, pois  ela NECESSARIAMENTE  provoca uma nova topologia de rede (que é a base das trocas humanas), abrindo uma  contradição entre esta e o modelo de comunicação e de gestão implantado.

Abre-se uma caixa de pandora das crises.

É algo novo, que gera uma CONFUSÃO DANADA nas organizações.

Geralmente, o projeto de Rede Social Corporativa cai no colo da Comunicação, que começa por implantá-lo, porém a organização não tem consciência de que ao implantar a nova tecnologia cognitiva descentralizadora internamente, vai começar a mudar a topologia de rede e, por sua vez, o modelo da comunicação,  forçando, sem planejamento, ou vontade, uma mudança na gestão.

E isso nos leva ao impasse, pois a organização acha que está implantado APENAS MAIS uma tecnologia como qualquer outra, como está acostumada, e não percebe que no caso específico está colocando um CAVALO DE TROIA ali para dentro, pois ao implantar a dada tecnologia, está trazendo uma nova topologia INCOMPATÍVEL com o modelo de gestão e de comunicação interna.

KABUM!

E aí vem o impasse.

  • Se não colocar, passa a ficar incompatível com a topologia de rede que o mundo está adotando.
  • Se colocar, precisa fazer um trabalho estratégico, de mudança, de inovação, uma grande ruptura para a qual não está preparada, não tem consciência, e muitas vezes, NÃO QUER (apesar de precisar)!

Se ficar o bicho 2.0 come, se correr, ele pega.

O projeto se inicia, mas logo os colaboradores passam a entender que não podem participar do novo ambiente como o fazem lá fora, no Facebook, por exemplo, pois esbarram nos seguintes impasses:

  • a) a gestão, ou seja os processos de trabalho, correm por um lado e a tecnologia implantada, por outro, pois são duas redes de trabalho paralelas. Uma rede piramidal e centralizada define os processos de trabalho pelo qual o pessoal é pago e presta contas. E a outra descentralizada é algo fora do trabalho, um a mais, que vem atrapalhar a minha vida. Há uma forte tendência de ninguém usar, pois a gestão tem que ser compatível com o modelo de comunicação;
  • b) as pessoas, quando se animam a usar, como a tal ferramenta de comunicação, (digamos solta, como se fosse uma mega caixa de sugestões aberta),  começam a sugerir mudanças nos processos organizacionais, pois é o que motiva a participar (ninguém comunica algo se não estiver insatisfeito), mas logo se vê que o espaço para sugerir coisas, não é compatível com o espírito do projeto, que não é de inovação, mas apenas de implantação de uma falsa modernidade,  sem consciência dos efeitos da nova tecnologia. Há uma forte tendência de ninguém usar.

O projeto tem tudo para jogar dinheiro fora, gerar crises internas, frustrações, tirar o emprego de meia dúzia de pessoas, a empresa sofrer um retrocesso danado  em direção ao mundo 2.0 novo que está chegando.

A moral da estória vai ser:

“Isso aqui não funciona, pois não faz parte da cultura da empresa!”.

Claro que não faz parte, é algo completamente diferente.

Porém, temos que avisar lá dentro, que a cultura aqui fora está mudando, sem pedir licença para a atual cultura da empresa!!!

Ou seja, implantar o projeto de Rede Social Corporativa de forma equivocada pode ser a pá de cal no futuro competitivo da organização, gerar crises e jogar muito dinheiro pela janela.

Não, não é uma tarefa fácil, pois como uma empresa que está vivendo a sua vida normal, definida, vai assumir a mudança DO TAMANHO DA que temos que assumir?

Ainda mais com toda a intoxicação emocional/cognitiva que estávamos acostumados com uma dada topologia de rede, gestão e modo de comunicação que durou séculos????

É uma gestão de mudança para uma mudança que ninguém enxerga que tem que fazer no curto prazo?

E alguém demanda: vamos implantar o projeto de Rede Social Corporativo

KABUM!

(Se alguém for se suicidar, favor, não colocar esse artigo no verso da carta de despedida.) 😉

A tendência de voltar para trás é grande, muito grande.

O único caminho existente para tal impasse é contar com gente que realmente entenda o que está acontecendo e abrir a porteira da conversa, do diálogo, da compreensão para TODOS JUNTOS termos a consciência do desafio organizacional que temos pela frente e passar a  procurar saídas viáveis, etapas, passos a serem dados, de forma organizada,  sem perder duas coisas de vista: a necessidade de mudar para a nova topologia e os problemas que isso vai gerar, criando etapas, mas sempre em direção a mudança inevitável.

Difícil, bota difícil nisso.

Que dizes?

3 Responses to “O impasse das redes sociais corporativas”

  1. […] do impasse das Redes Sociais Corporativas, descrito aqui, temos que ter uma metodologia para fazer a passagem de uma organização 1.0 para uma […]

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