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Zonas 2.0 de inovação podem parecer algo muito exótico, mas não tivemos ou temos escolha, vivemos em um tempo para lá de exótico. Concordas?

Versão 1.1 – 30 de julho de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Respondo aqui as principais perguntas que me fazem sobre a Zona 2.0 de Inovação, uma metodologia que estou desenvolvendo, a partir da interação com clientes e alunos, que visa implantar redes sociais digitais em organizações tradicionais com menor custo e mais eficácia.

Por que criar uma zona 2.0 de inovação e não melhorar apenas os processos que já existem, introduzindo ferramentas colaborativas?

Os estudos, práticas, tentativas feitas até aqui demonstram que o modelo de gestão atual não sobreviverá. É lento diante da velocidade atual do mercado. Temos já alternativas a eles no mercado de empresas nativas, que são mais adaptadas ao ambiente criado pela chegada das redes digitais.

As empresas nativas já nascem mais preparadas para a mudança constante. As atuais organizações foram concebidas para a criação e repetição de processos, ou da manutenção constante. São duas concepções diferentes de organização.

Não existe um meio termo, por mais que isso seja tentado, como vem sendo feito.

No que temos visto, a partir dessa concepção inicial, o custo para migrar o modelo atual para um novo é maior (e incerto) se for tentado de dentro para dentro.

Não é possível juntar as duas culturas passada e futura.
Não é possível impedir que as empresas nativas apareçam.
Que esse novo modelo seja praticado.

Isso é o que o gestor não controla.

O que ele controla e é possível fazer: estudar uma forma racional, planejada, eficaz e barata de fazer essa migração de empresas criadas para repetir passem a empresas criadas para mudar.

Não há outra alternativa, por mais que isso seja difícil de aceitar.

Não existe essa cultura híbrida de uma empresa feita para não mudar que passa a querer mudar constantemente.

Estamos tentando construir um Frankestein: empresas 1,5, que têm cabeça 1.0 e ferramentas 2.0.

É um esforço, infelizmente, inútil.

O ideal é criar algo, uma zona, na nova cultura, que possa ir crescendo na nova concepção e ir migrando aos poucos os problemas atuais  (e não os processos viciados), mas com uma nova forma de resolvê-los.

Qualquer esforço de melhorar os atuais processos, com colaboração, devem ser feitos na direção de aculturamento e posterior migração para a nova zona.

Se iludir que a empresa 1,5 vai vingar e sobreviver é bom, reconforta, mas a vida mostrará – e já mostra – que estamos equivocados.

 Qual a diferença de migrar problemas e não migrar processos?

As organizações se organizam em torno de problemas a serem revolvidos.

Os processos são a expressão da cultura atual para resolvê-los – sob um determinada visão. A Zona 2.0 de Inovação deve importar os problemas e lidar com eles sob uma nova visão, utilizando tudo que o mundo 2.0 oferece.

Vamos se criar, então, novos processos mais ágeis e prontos para serem melhorados, a partir da interação e do diálogo, que é o espírito da empresa digital.

A passagem entre os dois ambientes será assim apenas de pessoas que serão capacitadas para lidar com a nova cultura.

Nesse novo ambiente criaremos, assim, novos processos mais sujeitos à alteração constante, deixando os antigos mais rígidos para trás, procurando resolver novos e velhos problemas de nova maneira, de forma muito mais próxima da verdade do cidadão/consumidor – que já está convivendo (dependendo da idade, região e classe social) em um novo paradigma de relação, comunicação, consumo, desintermediação e interação, que faz do mundo um lugar ainda mais complexo e instável.

As empresas nativas ou as migrantes devem estar prontas para lidar com esse ambiente e não com o estável dos séculos passados, que marcaram sua origem.

Qual a principal dificuldade para se adotar essa visão de zona 2.0 de inovação?

Os gestores não acreditam que o atual modelo de gestão está em fase terminal.

Dependendo do setor de atuação, olham para o lado e não vêm nada que os leve a pensar nessa direção. Os sinais são ainda muito tênues, velados.

Por causa disso, há no mercado uma macro-ilusão coletiva de que se trata de algo pontual e não estrutural, permanente.

Preferem, assim, sob essa ótica,  o que é até razoável, optar por algo mais seguro que é fazer mais do mesmo, acreditando que a mudança, seja lá qual for, não vem e se vier vai demorar várias gerações, adiando qualquer decisão mais radical por enquanto.

O ser humano adora hábitos e luta parar mantê-los, mesmo que façam mal. Isso é da nossa origem diante dos perigos, desde a caverna.

Começam, entretanto, de forma contraditória e sem a devida discussão, a gastar dinheiro em empresas 1,5, que não são nem o passado e nem o futuro. Consultorias, tecnologias, metodologias, cursos estão sendo consumidos, mas com resultados, ao final, inquietantes.

Ou seja, entra-se no orçamento projetos que introduzem a nova cultura digital na organização sem a reflexão devida, travestidos de projetos de tecnologia, de comunicação, de marketing, como se não fosse algo que lida com o próprio futuro da organização.

Assim, não estamos mais discutindo se devemos migrar, ou não, para a nova cultura, mas como estamos fazendo isso, consciente ou inconsciente, de forma estratégica, ou não, planejada, ou não.

E se o jeito que optamos, já em curso, é o melhor.

O mercado está repleto de opções fáceis e indolores desse tipo, porém inócuas, mas como diz Alberto Carlos de Almeida, adaptando um pouco: “para cada ilusão desejada, sempre há um pregador disponível”.

Mas não há tempo para essa migração, não é algo para décadas?

Tanto na área pública como privada, temos visto que a mudança 2.0 ocorre de forma repentina, pois o que hoje é um tênue sinal imperceptível, como cupins em um armário, explode quando menos se espera, como foi o caso da Indústria da Música e na área pública, a lei de transparência. Ou na política, as primaveras árabe e espanhola e no Brasil a lei da ficha limpa.

E o tempo que se achava que se tinha, desaparece de repente.

O que ia ocorrer em décadas, derruba a porta na semana que vem.

É bom que se diga: não vivemos um processo contínuo, mas, de ruptura radical.

E, quando a onda chega ao nosso quintal, não se tem tempo para fazer mais nada, pois o cenário mudou e pronto.

Resta apenas se lamentar como tem feito, aliás, publicamente o atual presidente da Nokia.

Qual seria a forma ideal para criar a zona 2.0 de inovação?

O ideal seria ter algo totalmente separado, até, se possível, com um novo CNPJ, como fez a Globo.com e a Americanas.com ou, na área pública, um modelo similar ao projeto da urna eletrônica, que foi completamente separado do antigo modelo.

Um local separado ajuda muito. Mas vai depender de cada realidade.

Porém, nem sempre isso é possível, mas é fundamental garantir uma premissa: que uma equipe que possa parcialmente, ou integralmente, lidar com um determinado problema de uma nova maneira, utilizando uma nova filosofia, que possa ganhar escala ao ponto de lidar com todos os atuais problemas da organização, em um futuro não muito distante.

É uma nova nave pequena com nova cultura que tem o objetivo de matar a nave-mãe, levando gradualmente os problemas para lá.

Essa equipe não volta mais para o modelo antigo, ela vai aumentando o tempo “do outro lado” e lidando com cada vez mais e mais problemas de uma nova maneira.

A Zona 2.0 de Inovação será o túnel para o futuro pelo qual toda a organização vai passar para chegar do outro lado. lidando talvez com o mesmo problema, porém com processos completamente renovados pelo banho 2.0.

O que distingue a filosofia 1.0 da 2.0?

Bom, em primeiro lugar é o espaço de prática de uma nova interação. Os problemas ali são resolvidos em grupo, conversados, discutido, seja presencialmente ou digitalmente. Não existem separações, departamentos, nichos, apenas um problema e pessoas se esforçando para resolvê-lo da melhor maneira possível.

Imagina-se que isso é um caos, não há hierarquia, mas estamos migrando para um modelo mais fluído, de maior interação com o meio ambiente. É preciso entender que a base da inovação é a comunicação, a redução de muros de exercício de um novo tipo de poder.

Não é possível entrar na água e ficar seco ao mesmo tempo por mais que tenha gente que fica por aí tentando. 😉

Assim,  fornecedores, consumidores, cidadãos passam a fazer parte desse ambiente de diálogo. Não ficam do lado de fora esperando que a coisa venha. Além disso, utiliza-se as novas tecnologias digitais para saber como e de que forma podem ajudar a resolver o problema, seja através de espaços wikis (de conversa e armazenamento de registros), rastros digitais (karmas), apelando-se, quando for o caso, para a nuvem, mobilidade, para a geolocalização.

Note que a tecnologia é um instrumento para ajudar no diálogo, que é a nova chave para solução de problemas. Vamos resgatar a comunicação perdida no modelo atual.

Uma empresa mutante é aquela que aposta tudo no diálogo, pois estar preparado para mudar é ter processos de trabalho que permitam que através do diálogo as decisões sejam tomadas rápidas, a favor do consumidor/cidadão, que é dessa relação de confiança e troca que vivem as organizações ainda mais em espaços mais transparentes – que uma Revolução Cognitiva traz.

A tecnologia que ajudar, é bem-vinda, a que atrapalhar, deve ser rapidamente descartada!

Enfim, novos ares 2.0, novos horizontes 2.0.

(No caso das empresas privadas, nada impede que a Zona 2.0 de Inovação conte com captail de risco. E na área pública com recursos de inovação do governo.)

Como se mede o sucesso de uma zona 2.0 de inovação?

Bom, a partir de uma dado problema a ser resolvido, a medição se torna fácil, pois, apesar de ser 2.0, o modelo do custo/benefício não morre e nem vai morrer. 😉

O problema foi resolvido? De que forma? Quanto custou e quanto tempo? Qual custo/benefício? Qual a geração de valor se teve, a partir dessa nova maneira de solução? E quanto foi o custo de solução no modelo novo e no antigo? Qual a taxa de adaptação que o novo ambiente tem conseguido para resolver este e outros problemas?

Quais os problemas se deve levar para a zona 2.0 de inovação?

Precisam ser problemas reais e que sejam da área fim da organização, na qual ela agrega valor para a sociedade seja na área pública ou privada. Digamos que uma empresa de energia vá procurar novas formas de resolver problemas de energia.

Vai se levar para lá um problema de energia qualquer, que será resolvido de uma nova maneira, a partir das trocas com os stakeholders. Só assim se terá um teste real de conceito para se medir, de fato, como se pode utilizar a nova cultura.

Qualquer tentativa híbrida interna não poderá servir de parâmetro, pois vai ter o pior da cultura velha e o pior da nova – um desastre.

Você acredita que a minha organização vai topar algo assim?

Sem discussão, claramente não.

O mercado vai, por tendência humana, optar, antes de mais nada, naquilo que é mais fácil e cômodo, nem que gaste recursos de forma ineficaz.

Acreditar no fim da atual gestão é algo, de fato, assustador.

Porém, tentar um modelo mais gerenciado, que possa apontar uma luz no fim do túnel de forma planejada tem feito muitos gestores se render ao conceito.

Eles conhecem a sua organização e sabem que essa nova cultura é incompatível.

Sabem que vão ter que mudar, o que está no ar é o como.

Quando essa verdade ganha uma metodologia viável para que haja uma saída gerenciada, a luz acende e ele começa a ruminar nessa direção.

É apenas uma questão de tempo de maturação e conversa.

Outro ponto relevante é que o gestor também, ao colocar dinheiro em projetos 2.0, seja lá qual for, será cobrado mais adiante e não vejo ninguém que está hoje nesse marcado dando algum tipo de garantia de sucesso. Uma Zona 2.0 de Inovação, a meu ver, é um risco menor, pois é algo mais planejado e mais embasado dentro do cenário.

Qual o risco maior nesse caso?

Acredito, por fim, que tudo conspira a favor desse modelo ou algo bem similar.

Há uma pressão por implantar projetos 2.0 e cada vez mais quem colocou dinheiro vai pedir resultados.

Quanto mais estes resultados no modelo 1,5, ou híbrido, se mostrarem ineficazes para a geração de valor da organização, mais um modelo como esse de migração planejada, que percebe que a gestão atual está com os dias contados, vai ficar mais interessante e competitivo.

E os cases vão cada vez mais ser maiores.

(Vide empresas de tecnologia que estão criando aceleradoras de negócio para justamente criar inovação do lado de fora.)

Pode parecer, a princípio, algo muito exótico, mas não tivemos ou temos escolha, vivemos em um tempo para lá de exótico e nossas ações devem ser compatíveis.

Isso vai ser bem absorvido, pois não tem nada que muito diálogo, abertura de mente  e vontade de sobreviver nesse nosso complexo mundo rápido não resolva.

Que dizes?

2 Responses to “Zona 2.0 de Inovação: as questões fundamentais”

  1. […] c – e pode-se criar diferentes projetos nessa carteira, desde mudanças pontuais, incrementais às radicais (veja a proposta dos 70%, 20% e 10%, que detalhei aqui). […]

  2. […] direto no Estado, pois é uma forte mudança cultural. A exemplo da urna eletrônica deve haver zonas de inovação 2.0 para testes, para que a experiência, a metodologia, tecnologia, filosofia sejam absorvidas por […]

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