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Se não entendemos o que está DEFINITIVAMENTE mudando e de que forma, não existe a possibilidade de se fazer uma estratégia e alinhamento adequado com a Revolução Cognitiva em curso – simples assim! 

Versão 1.0 – 21 de maio de 2012 (texto reescrito e atualizado)
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

A pergunta que não quer calar em todos os lugares que vou palestrar, aular e consultar é a mesma: como ser mais colaborativo e suar esse recurso maravilhoso de troca nos espaços mais institucionalizados?

Na escola, na empresa, na cidade, no governo, na política. nas ONGs?

Ou seja, como entrar no mesmo ritmo das conversas que ocorrem hoje no Facebook e transformá-la em mais valor para a sociedade?

De tudo que observo, nossa principal dificuldade hoje é isolar e identificar de forma adequada o DNA da revolução cognitiva, aquilo que de fato está mudando na sociedade, na célula menor e que provoca todas as mudanças que estão em torno, a partir dela.

Enquanto a mudança de DNA não estiver clara, toda a política que vem depois não será adequada.

Qual é esse DNA da mudança, afinal?

A Revolução Cognitiva Digital traz algumas mudanças importantes para a célula mater da sociedade, de forma DEFINITIVA:

  • – nova forma de circulação de ideias (mais barata e aberta da que a anterior, da qual os atuais poderes constituídos não conseguem controlar, pois a forma de filtrar mudou completamente);
  • – mais rapidez e flexibilidade na atualização dos documentos, com os quais transmitimos conhecimento, quebrando uma certa ilusão do conhecimento como verdade sólida, passando agora para algo mais líquido;
  • – maior possibilidade e meritocracia na criação de ideias, projetos, documentos a distância, possibilitando uma nova forma de colaboração, fortemente apoiado pelos rastros deixados por cada usuários, seja de forma voluntária ou involuntária.

Tais fatores, visto de forma isolada, ou no seu conjunto, têm e terá forte impacto nas novas gerações, que, na sua maioria, já incorporaram esse DNA, passaram a modificar a forma como o cérebro funciona e irão, a partir de sua retransmissão criar uma nova civilização, ao longo dos próximos anos, décadas, séculos.

Assim, como fomos marcados profundamente com a chegada da fala, da escrita, da escrita impressa, pelos meios de comunicação de massa e agora pela era digital.

Estamos aprendendo que, além de tudo que já tínhamos estudado na política, na sociologia, na antropologia, na economia, história a sociedade é fortemente condicionada pelo ambiente cognitivo que a rodeia.

Esses ambiente não são estáticos e sofrem forte abalo quando há a massificação na sociedade de tecnologias cognitivas desintermediadoras.

Ou seja, muito do que somos, fazemos, nos relacionamos, produzimos, pensamos é devido ao ambiente cognitivo que vivemos. A organização da sociedade, assim, é dependente e fortemente condicionada pelo ambiente cognitivo vigente.

Quando há uma mudança nesse ambiente, há uma alteração de um DNA básico, que se inicia, em cadeia, uma mudança mais geral, realizando ajustes improváveis no ambiente cognitivo passado.

Ou seja, do ponto de vista prático temos um fenômeno complexo ainda sem explicação plausível pelas instituições de plantão – que não foram criadas para pensar algo tão novo, apenas para reproduzir o que já foi consolidado.

O que nos leva a um impasse teórico – uma encruzilhada de pensamento.

Tivemos momentos desse tipo quando Darwin nos trouxe a ideia da evolução da espécie, ou Freud o conceito do inconsciente, ou mesmo Einstein mudou a percepção que tínhamos da energia, do tempo e do espaço.

(Falei mais sobre isso aqui.)

Thomas Kuhn chama esse momento de quebra de paradigma, dentro das revoluções científicas, quando afirma que a Ciência não é uma linha reta, mas algo cheio de curvas e de rupturas.

O autor que compreende o novo fenômeno e consegue descrevê-lo de forma mais simples é Pierre Lévy, que nos mostra na história diversos rompimentos similares nos ambientes cognitivos, inaugurando um novo campo de estudo ainda sem nome, que estou provisoriamente chamando de Macrocognição, que procura analisar o efeito dessas macromudanças dos ambientes cognitivos na sociedade.

O que precisamos assimilar, debater e aprimorar é que mudanças no ambiente cognitivo que alteram a forma de circulação de ideias, criando desintermediação massificada, tem forte poder de mudar o curso da história com muito mais força do que revoluções sociais.

Aliás, são a base para que as revoluções sociais ocorram tempos depois, em uma sequência – surto tecnológico, filosófico, rupturas sociais, acomodação e nova Revolução Cognitiva.

Isso é uma guinada de pensamento que solapa o modelo atual de como a história é pensada, nos obrigando a rever o passado e analisar de novo mudanças, a partir de Revoluções Cognitivas anteriores.

É uma forte crise paradigmática das Ciências Humanas, que simplesmente, de forma geral, tem ignorado seus sinais, levando pensadores cada vez mais para longe do futuro.

É isso.

Que dizes?

 

7 Responses to “O DNA da revolução cognitiva”

  1. Bruno disse:

    Nepo, entendo que a “macrocognição” influencia fortemente a sociedade. Mas, sociedades como a Chinesa, por exemplo, possuem a mesma “tecnologia desintermediadora” e não se vê grandes mudanças estruturais naquele país.

    Apesar do DNA da revolução estar presente, esse fenômeno não é tão evidente. Tal revolução seria um fator secundário nesses casos?

    Ou seria essa uma revolução “regional” ao invés de mundial?

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Bruno, boa questão:

    1) o uso chinês é super-controlado;
    2) o efeito da mudança cognitiva é mundial;
    3) mas está se vendo que não basta a Internet, outros fatores políticos e econômicos devem gerar movimentos, tais como os movimentos nos países árabes e na europa, principalmente Espanha (desemprego) ou na Islândia (crise financeira), que resultou em uma constituinte apoiada em rede social;

    Porém, além de movimentos de revolta, de invasão de praça, temos as iniciativas pequenas de empreendedores sociais, que vão ocorrendo, financiados por capital privado, seja para lucro ou para apoio à causa.

    Por aí, grato pela visita e comentário,

    Nepô.

  3. Luciana Sodre disse:

    Acho que até a ultima quebra de paradigma tivemos que esperar até o final para percebe-lá, teorizar sobre ela e estudar suas consequências. As vezes isso durava mais de uma geracao. Hoje, ja temos indicações do que esta acontecendo, já temos que entender, teorizar, dimensionar a consequências e já atuar no paradigma novo. Uma metarevolucao cognitiva? Uma mesma geração tem que dar conta disso, ainda em conflito om a geração anterior, ainda ativa, e já em contato (vamos ser otimistas!) com os nativos desse novo paradigma.

    E concordo com o Bruno: nao aho que vai haver insonomia geográfica. Alias, acho nenhuma tecnologia cognitiva impactou igualmente o mundo todo. Nao podemos dizer que em alguns lugares a ultima revolução cognitiva ainda nao aconteceu?

    Só nao da pra esperar dar conta de tudo pra começar. Vamos de estudo-tentativa-e erro?

  4. Carlos Nepomuceno disse:

    Lu,

    os livros interessantes são os que contam a história da chegada da prensa. E realmente houve diferentes impactos, em diferentes lugares.

    Sim, a chegada me parece universal, com diferenças, conforme a cultura, o momento econômico/político, tradições, difusão da tecnologia.

    Mas há para todos que estão entrando um certo momento em comum, o que é totalmente novo, pois de uma vez só, muita gente está sendo “desfiltrada” – e isso que marca uma macrocognição.

    Bom, é isso,

    bjs,

    Nepô;

  5. […] quando, como agora, vivemos uma Revolução Cognitiva, as metodologias vão ficando obsoletas e nos pegam desprevenidos, pois não temos ferramental […]

  6. Nilton - MBKM RJ24 disse:

    Nepo,

    Você diz no texto… “A pergunta que não quer calar em todos os lugares que vou palestrar, aular e consultar é a mesma: como ser mais colaborativo e usar esse recurso maravilhoso de troca nos espaços mais institucionalizados?”

    Não consigo vislumbrar um outro que caminho que não seja o de investir prioritariamente na conscientização das pessoas para compreender esta mudança. É investir muito mais na discussão do pq (teoria) e entender que o como (prática) é consequência natural… Para que esta compreensão seja disseminada de maneira mais viral, nada melhor do que utilizar-se das ferramentas disponibilizadas por esta revolução ! Penso que educar para “revoluir” é o caminho para compreender a revolução cognitiva.

  7. Carlos Nepomuceno disse:

    Nilton, concordo…o que estou avançando é que devemos criar ilhas de inovação para experimentar a nova cultura que não é continuidade da anterior, mas outra coisa – sugiro dois posts:

    http://nepo.com.br/2012/06/11/zona-franca-de-inovacao/

    http://nepo.com.br/2012/05/09/os-dois-mundos-incompativeis/

    abraços
    N.

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