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Dentro da lógica das variáveis dos ambientes cognitivos podemos dizer que o aumento no volume de quantidade de ideias cria uma latência por mais velocidade do processamento no ambiente, obrigando a todos que dependem dele procurar novas tecnologias, métodos e pessoas (com novas práticas e conceitos) para manter a qualidade no mesmo patamar ou superior – Nepô;

Versão 1.0 – 01 de março de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Compreender o fenômeno de uma Revolução Cognitiva é um desafio para os pesquisadores sociais.

Mais diretamente para os profissionais que lidam com informação, comunicação, conhecimento, que, teoricamente, vêem seu objeto de estudo se modificar sem uma lógica clara.

O que pensávamos dos ambientes cognitivos se mostrou ineficaz.

Eles se movimentam em termos macros, vide a mudança que está ocorrendo em todo o mundo.

Esse movimento macro é um reflexo do que pode acontecer em termos micros.

E por isso cresce o interesse por estes movimentos, pois ajudará as organizações e a sociedade a definir melhor estratégias para o futuro.

Nessa análise, a meu ver, falta algo fundamental.

Alinhavar as variáveis que devem ser colocadas em uma fórmula para definir o DNA das mudanças, tanto a nível macro como micro, que justifique a chegada de uma mudança tão radical, tanto no planeta todo, como também em um ambiente cognitivo pequeno ali da esquina.

Procurar essa lógica é preciso!

Precisamos pontuar alguns conceitos para criar uma hipótese para esse debate aberto, rico e instigante, que pode nos ajudar ampliar nossa capacidade de analisar e tomar decisões mais eficazes sobre o problema.

Primeiro, é preciso apontar o problema da dispersão do estudo das “moléculas” que compõem a ruputra cognitiva:

1- os ambientes de comunicação, informação e conhecimento fazem parte de um todo;

2- são moléculas indivisíveis dentro de um mesmo corpo maior, porém são estudadas em separado, dificultando mais ainda o que já é complexo;

3- a divisão destes campos de atuação/pesquisa mais atrapalha do que ajuda, ainda mais quando são atingidos por uma ruptura desse porte;

4- por isso, é relevante um campo de pesquisa que não consiga ver estas áreas de forma isolada, o mesmo valendo para departamento nas organizações, gestão da informação, do conhecimento e da comunicação deveriam estar no mesmo barco!;

5- por isso, gosto de chamar de Revolução cognitiva (pois abarca os três ambientes) e prefiro falar em circulação de ideias, como uma metáfora para o movimento da informação, comunicação e conhecimento – ideias parece um conceito que ainda não foi invadido por nenhum movimento dos sem-ciência ;);

6- mais ainda: não podemos falar em conhecimento, comunicação ou informação como substantivos, são todos verbos, entidades que só fazem sentido, quando vistos em processo, qualquer tentativa fora desse foco tem um grande risco de cair em um falso-problema;

8- por fim, estes processos não podem ser vistos sem o a análise dos ambientes nos quais estão inseridos, pois a informação, a comunicação e o conhecimento estarão lá embutidos vibrando entre si, a partir de um dado contexto que os determina. Sem isso, caímos também em falsos-problemas.

(Falsos problemas são aqueles que, geralmente, perdemos muito tempo com eles e não nos leva a lugar nenhum.)

Dito isso, os ambientes cognitivos têm alguns elementos importantes que variam com o tempo:

As variáveis mais fáceis de medir:

– Velocidade;

– Quantidade/Volume;

As variáveis mais difíceis de medir:

– Qualidade.

Há, assim, um processo dos ambientes cognitivos que se modifica, a partir destas três variáveis, que se relacionam e interagem. Portanto, podemos dizer que:

  • Se aumentarmos a velocidade, devemos reduzir a quantidade;
  • Se aumentarmos a quantidade, perdemos em qualidade;
  • Se quisermos qualidade, devemos reduzir o volume.

Ou seja, vê-se claramente, por experiência simples de cada um, que há uma certa lógica nestas relações, que algumas pesquisas já demonstraram ter validade, mas há muito ainda o que avançar, ainda mais agora com tantas mudanças evidentes.

Trata-se aqui da procura de uma fórmula a ser testada no campo para ajudar a análise de ambientes cognitivos. Assim, se colocarmos estes elementos em uma fórmula podemos ir compreendendo melhor como os ambientes tendem a se modificar.

Podemos afirmar, por exemplo, que a tendência de qualquer ambiente cognitivo é crescer (e rápido).

Quando fica estável ou diminui, quase sempre está decadente ou em via de extinção.

Movimentos de redução espontâneos e não decadentes são tão raros que não merecem, a princípio, maiores estudos a não ser por curiosidade.

(As exceções podem ser vistas quando há, por iniciativa determinada de um centro o tolhimento de liberdade em ambientes cognitivos, como ditaduras, autoritarismo, etc, que impedem por interesse a circulação de ideias.)

  • Assim, o elemento quantidade (o aumento gradual das ideias) é o principal problema dos ambientes cognitivos que perturba a humanidade, ontem, hoje e, possivelmente, amanhã;
  • Problemas de quantidade, por sua vez, nos levam a problemas de velocidade, pois a tendência do ambiente é ficar mais lento como o aumento do volume;
  • E, por fim, se fica mais lento, começamos a ter uma perda de qualidade dos resultados.

Assim, podemos analisar que um ambiente cognitivo tem as seguintes variantes relevantes que devem ser observadas para análise:

QT = quantidade;

V= velocidade;

QL= qualidade

Podemos ter a seguinte fórmula hipotética:

QT*V
——
QL

Ou seja, quando aumentamos a quantidade (QT) de ideias em um determinado ambiente cognitivo, precisamos aumentar a velocidade (V)  do processamento na mesma proporção para manter a mesma taxa de qualidade (ou melhorá-la) (QL).

(Podemos melhorar a fórmula, mas a tentativa de expressão do que se vê é essa – gosto da lógica, mas nem sempre consigo expressá-la, ajuda é sempre bem-vinda!) 

Com a proposta da fórmula podemos lidar melhor com essas variantes para manter a qualidade, tal como:

1) reduzir a quantidade de novas ideias – (algo que nem sempre é possível, pois o aumento de ideias não depende de quem organiza o ambiente cognitivo);

2) aumentar a velocidade – isso tem sido feito, através da introdução de novas tecnologias cognitivas, novos métodos para lidar com as ideias e a capacidade das pessoas de reinventar processo, sejam os práticos/operacionais ou os teóricos/conceituais;

3) por fim, o aumento ou manutenção da qualidade é o resultado final, da luta entre quantidade que cresce e a velocidade que tem que acompanhar.

Falei mais sobre medição de qualidade neste post.

Dentro da lógica das variáveis dos ambientes cognitivos podemos dizer que o aumento no volume de quantidade de ideias cria uma latência por mais velocidade do processamento no ambiente, obrigando a todos que dependem dele procurar novas tecnologias, métodos e pessoas (com novas práticas e conceitos) para manter a qualidade no mesmo patamar ou superior

  • Esse DNA de como é a relação das variáveis em qualquer ambiente cognitivo explica mudanças tanto em uma biblioteca, que precisa se automatizar;
  • Como em macro movimentos com a chegada da Internet, a partir do aumento radical da população de 1 para 7 bi.

O movimento que modifica o ambiente seria: aumento de volume, necessidade de mais velocidade, mudanças na gestão do ambiente para manter a qualidade.

Nos métodos para melhorar a velocidade do processamento de ideias podemos falar de desintermediação, aumento do compartilhamento e da colaboração, sempre de ambientes mais fechados para mais abertos, que é uma imposição do aumento do volume de ideias a médio e longo prazo.

Podemos dizer que a gestão dos ambientes cognitivos implicam dois tipos de mudanças:

  • Incrementais – ajustes menores em parte dos fatores: tecnologia ou metodologia (mais práticas do que conceituais) ou profissionais;
  • Radicais – ajustes maiores em todos os fatores:  tecnologia, metodologia (mais conceituais do que práticas) e profissionais, principalmente diante de aumentos radiciais no volume de ideias.

Vou aprofundar esse tema no meu pós-doc (obviamente em textos mais científicos, aqui é apenas o esqueleto das ideias) e tentar orientar alunos que possam aprofundar essa fórmula em casos concretos para confirmar ou não confirmar estas hipóteses.

Que dizes?

4 Responses to “Como os ambientes cognitivos mudam?”

  1. Alessandra disse:

    “Procurar essa lógica é preciso!”
    Nepô, já li muito sobre complexidade e imagino que você também… é a onda da vez, ou, quem sabe, a “esperança de achar a lógica”, da vez. Nem sempre me convenço. Principalmente quando encontro esse conceito sendo usado pra explicar qualquer coisa, o que, no fim, não explica coisa nenhuma. Ainda assim, algumas abordagens são interessantes, especificamente do ponto de vista das organizações. Estou lendo agora um artigo da Harvard Bussiness Review (Learning to Live with Complexity by Gökçe Sargut and Rita Gunther McGrath) e lembrei de você:

    “we are hampered by congnitive limits: most executives think they can take in more information than research suggests thay actual can.”

    Imagina para nós da Academia… Tentamos “tangibilizar intangíveis” (falamos rapidamente sobre isso) e encontrar lógica no caos (como correntes da física atual)…

    Do mesmo artigo da HBR: “In an unpredictable world, sometimes the best investments are those that minimize the importance of predicitions”…

    Bonito, né? Mas, será possível para nossas cabeças pensantes? E vamos pensando…Bjs!!

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Ale, bom acho que a ideia de não ficar tentando prever o imprevisível é um bom conselho, pois pode ser paralisante, mas tentar ver o que está mudando, de fato, é algo mais simples.

    Porém, nem isso temos conseguido fazer.

    beijos, tks pela visita e comentário.

  3. Alessandra disse:

    Nepô, são só reflexões…

    Enquanto as organizações precisam aprender a conviver, crescer, inovar e se reinventar em ambientes complexos e imprevisíveis, nós, da Academia, temos mesmo que pensar, discutir, documentar esse processo. Tirar lições e contribuir com as explicações “possíveis”, ainda que sempre provisórias… esse é nosso papel, esse é o SEU papel! Passar por tudo isso de olhos fechados não é possível.-) E que venha o seu pós doc!!

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