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A civilização nunca vai parar de se mexer, pois sempre acordará com fome Nepô da safra 2011;

 

Já discuti um pouco este tema aqui.

Mas é algo recorrente, pois todo pensador de qualquer época se depara com uma questão central:

– o que é inerente ao homem, permanente, pouco muda?

– e o que é histórico, algo que se dá conforme dada situação?

A realidade social gira em torno destes dois campos.

As pessoas do “sistema” tentando convencer a todos que o “modus vivendi, operandi e pensanti” são os melhores, que não tem outro e até que foram e são eternos.

E quem está fora do “sistema”, filósofos, críticos, pensadores, visionários, empreendedores, etc afirmando que as coisas não são bem assim e podem ser vistas de outro jeito.

É a luta do rochedo (convicções estabelecidas) contra o mar (novas convicções).

Aquilo que é permanente e o que é transitório na humanidade.

Marx ao pensar sobre o mundo, ao defender o conceito do materialismo histórico, argumentou que as necessidades humanas são aquelas que nos definem enquanto sociedade.

E que essa procura de resolver estes problemas, a materialidade que isso nos obriga definiria os rumos da história.

E que qualquer estudo histórico só poderia ser pensado, a partir dessa base humana, aquilo que é inerente ao humano, o que vai definir qualquer sociedade: nossas necessidades materiais.

O fato do marxismo estar hoje em baixa, devido as experiências trágicas dos países dito comunistas, não invalida algumas ideias do autor, que se deparava com a separação do que era momento e o que não era, tal como o lucro, propriedade privada, etc.

Defendia que a produção era algo fundamental, mas que poderia ser feita em outras bases que não a baseada no lucro e na posse dos meios por uma dada minoria.

Defendia um retorno a produção comunal, anterior ao capitalismo, na qual haveria uma outra possibilidade de se estabelecer a sociedade.

Daí a ideia do comunismo, a produção comum, que ocorreria nos países desenvolvidos, que chegariam a um patamar de riqueza, que os levaria a uma revolução, compartilhando a produção.

Até me pergunto se não teremos um resgate de Marx, ao se pensar na colaboração e no pós-capitalismo.

Um Marx 2.0?

A ver.

Concordo com ele, como, aliás, tempos depois Maslow também quando avaliou que o ser humano, antes de qualquer coisa, precisa comer, dormir, se vestir, etc para conseguir se estabilizar e passar para outros estágios de motivação.

É simples: tem lógica!

Maslow

Na verdade, qualquer reflexão sobre a realidade deve partir desse ponto de vista.

Precisamos sobreviver e isso define como o ser humano se move.

Quais são as bases humanas mais permanentes, que formam a nossa estrutura e quais aquelas que fazem parte da névoa que os interesses de cada sociedade nos levam a acreditar que são permanentes?

Todos os grandes pensadores foram obrigados a lutar contra os conceitos do seu tempo, ao analisar que aquelas “verdades” eram fruto de conceitos pontuais, que faziam sentido em dado momento, mas não eram algo que ia acontecer sempre.

Ou que era possível imaginar algo diferente do que até então havia sido pensado, tal como Darwin ao pensar na evolução das espécies, que combateu a visão de que Deus havia criado o homem.

Ou Freud ao conceber que o ser humano tinha um lado inconsciente e as crianças viviam sua sexualidade, desde o nascimento, confrontando com a ideia de seres donos de sua vontade, um bloco e de pessoas assexuadas até determinada idade.

Hoje, ao analisar nosso mundo diante de uma revolução informacional temos uma tarefa similar.

O que nesse nosso mundo é permanente na humanidade e o que é um modismo passageiro da história, que avança em seus milhares de anos?

O que pode mudar em futuro próximo, a partir de um novo ambiente informacional de troca e de espaço de ideias, antes inimagináveis em uma mídia hierárquica, fechada e difusora do senso comum dominante?

  • A ideia de direito autoral, copyright (direito de copiar) por exemplo, ainda mais num mundo que copiar é muito fácil e com fiscalização praticamente impossível;
  • O lucro como o único motivador humano para a produção, já que outras formas de produção aparecem com outras motivações, tais como o Linux, o Wikipédia, a incorporação da colaboração voluntária de colaboradores e de consumidores;

 

    São alguns temas que vêm à tona, a partir de mudanças do ambiente, que demonstram que tais conceitos não eram permanentes, mas frutos de um contexto histórico, que podem mudar.

    E vão, ou precisam ser repensados, para se adaptar a essa nova ecologia.

    Difícil?

    Sim, mas não será a primeira vez que o mar e o rochedo entram em confilto.

    E nem será a última.

    Que dizes?

     

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