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Só existe diálogo honesto quando os dois lados estão dispostos a mudar, a partir da interação com o outro – Nepôdo meu e-book de frases.

O maior problema humano hoje é a nossa incapacidade da conversa.

Ainda mais com pessoas que não fazem parte da nossa tribo, geralmente no trabalho, em grupos mais abertos.

O outro nos assusta e precisamos rotulá-lo para nos sentirmos bem, confortáveis e – por que não – superiores.

Perdemos a capacidade de ouvir e falar com sinceridade e disposição para crescer juntos.

Quem não conversa, opta sempre por se fechar em guetos para viver catarticamente na reafirmação de si mesmo.

Motivos mil, consequência milhões! ;(

Todo o esforço hoje, a meu ver, é resgatar essa arte perdida da conversa aberta, do diálogo honesto, em alguma caverna perdida, atrás dos aparelhos dos livros, dos rádios, da tevê e agora da Internet e celulares.

Nada disso garante diálogo, apenas informação.

Ainda mais em profissões que lidam diretamente com pessoas.

Aí se inclui: comunicadores, inovadores, gestores de todos os tipos, informadores, etc…

Assim, acredito que a melhoria das relações está baseado na capacidade do diálogo. E a capacidade do diálogo na melhoria da qualidade da relação.

Evitar a cristalização de guetos, dogmas, tribos, grupos, igrejas, etc.

Quando colocamos o outro em um quadro, é o primeiro passo para nos afastarmos da pessoa e nos ensurdecer.

Sim, não é fácil, mas devemos nos concentrar nessa meta.

Estou assumindo pessoalmente, com toda dificuldade, esse esforço nas minhas aulas, palestras, consultorias, vida pessoal, etc…

Isso, a meu ver, resume uma atitude 2.0, conseguir, de novo, fazer debates honestos.

Quando não dialogamos, tendemos a pasteurizar o outro.

É preciso ouvir para saber:

– como o outro de fato pensa?

– o que há em comum e incomum entre você e o pensamento do outro?

– como ele chegou aquelas conclusões? Amadureceu muito, ou discutiu pouco? Está disposto a rever ou se manter nela?

– qual é, de fato, a disposição dos dois para o diálogo?

– qual é o grau de sua atenção e a do outro quando cada um conversa?

– ambos estão respeitando o outro, sem sarcasmo, ironias, desqualificações, adjetivações?

(Meu filho mais velho, Jonas, me chamou a atenção de que quando se tem problemas no diálogo, começam a surgir os adjetivos. Concordo com ele.)

– como me sinto em relação ao discurso do outro?

– como expresso esse meu sentimento?

– o tempo e o local do diálogo estão ajudando ou atrapalhando?

– ter outras pessoas asistindo ou participando, está ajudando ou atrapalhando?

– a plataforma usada (e-mail, twitter, telefone, pessoal) está ajudando ou atrapalhando?

Problemas recorrentes, que observo que encontra-se ao se conversar de ambos os lados:

– não querer escutar;

– só querer falar;

– não querer falar;

– vontade de doutrinar;

– vontade de ser doutrinado;

– indisposição para mudar.

Acredito que o diálogo é um jogo em que as duas partes devem estar dispostas a superar estes obstáculos, ambas com interesse de mudar, a partir da troca.

Se alguém se diz fechado para a mudança, não há diálogo, mas apenas monólogo e tentativa de doutrinação.

Quase perda de tempo, muito chato, rua sem saída.

Vale o dito: “quando um não quer dois não brigam“, que pode ser adaptado para “quando um não quer dois não dialogam”. Quando dois não dialogam, por consequência, brigam.

(Árabes x Judeus, PSDB x PT, esquerda x direita, etc..são exemplos nessa direção.)

Temos que resgatar a arte do diálogo perdido em alguma caverna lá do passado….se quisermos começar a pensar em fazer projetos inclusivos na Internet, pois a rede é um espaço aberto ao diálogo dos desconhecidos.

Esse é o principal desafio que uma mídia interativa – aberta ao diálogo – traz para a sociedade.

E é o diálogo a principal ferramenta de um agente indutor de mudança.

Concordas?

9 Responses to “Perdemos nossa capacidade de conversar”

  1. samaritano disse:

    Plenamente, Nepo !

    Assim, como vc, penso que a perda do diálogo honesto é a causa maior de todas as mazelas do mundo contemporâneo. Sou um iniciante nesta luta de resgate, mas encontrei em seu projeto a esperança que motiva e orienta a um novo caminho. Para todos que aspiram em construir um ambiente melhor, a boa dica é seguir as suas postagens. Estamos sempre aqui e divulgando o seu maravilhoso trabalho aonde for possível.

    Abraços e incentivos sempre !

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Samaritano, leve adiante e pratique, não é fácil, pois exige mudança das pessoas que propõem de fato.

    Valeu visita!

    Nepô.

  3. Fala Nepo,

    Cara, esse papo de diálogo é maneiro né? Taí uma coisa que todo mundo acha que rola naturalmente no dia-a-dia, mas no fundo acaba sendo bem diferente. Passei a prestar mais atenção nisso, pois percebi que a capacidade de ouvir estava se tornando um dos meus pontos fracos, e ao mesmo tempo eu reclamava que ninguém me ouvia. Mimimi danado.

    Talvez o diálogo entre para a lista da coisas que achamos que são naturais, que apenas acontecem, mas não são. Bom senso também é uma dessas coisas, meu tio vivia dizendo que “bom senso” todo mundo tem, que ele não conhecia ninguém que achasse que não tivesse. Não quero entrar muito no papo das mídias sociais, mas elas deram um certo ferramental para quem está interessado iniciar e manter diálogos, principalmente para as empresas que andam desacostumadas com a prática. Mas não são o diálogo em sí, como muitos pensam, hoje mesmo vi o perfil no twitter de um “consultor especialista pica das galáxias em social media” que tinha quase 1000 seguidores e seguia apenas uma pessoa. O cara quer gazetear, mas ouvir não é com ele.

    Usei o exemplo apenas para ilustrar a idéia, gosto do seu ponto de vista por mostrar que não tem nada a ver com aplicação da tecnologia, mas com uma mudança de postura que precisamos entender. No caso das empresas fica cada vez mais claro que elas ganharão muito trocando idéias, mas ainda existe uma separação entre comunicação e estratégia/operação dentro das empresas.

    Abs,

    Luiz.

  4. Lucas Queiroz disse:

    Bastante interessante seu texto !
    Saber apreciar o que o outro pensa/fala é primordial para um diálogo onde os dois possam sair ganhando e juntar forças no que pensam em comum!
    Abraço

  5. Bom encontrar vc aqui.
    Vc conhece a Escola de Redes? http://escoladeredes.ning.com/
    É um espaço legal prestes temas que nos andam cutucando.
    Vi que vc está preparando um encontro p/ 2.0 em Governos. É um desafio tentar esta coisa num ambiente de Comando e Controle. Vou dar uma navegada e se for possível tentarei participar.
    Grande abraço

  6. Nepo, de fato vivemos esse drama: tanta informação para tamanha ignorância. Não há muito o que adicionar, você foi muito objetivo na argumentação.
    Só insisto em relacionar essa “motivação” para o monólogo ao ego, essa estrutura falida que insiste em nos aprisionar em uma personalidade que quer se expandir a partir de si mesma, sem considerar o diferente dela. Viajei?

    Abraços!

  7. […] entre outros pontos, nos leva a uma incapacidade do diálogo, ao fechamento para o outro, para projetos […]

  8. luis silva disse:

    conversa é uma coisa: do botequim, do bar, do trabalho – na qual ninguem está exatamente preocupado em mudar a cabeça de ninguem.

    dialogo é feito para dirimir situações de conflito – aí sim é importante ouvir o outro lado e tentar entender o motivo da posição contrária.

    porém muitas vezes, num negocio, por mais diálogo que se tenha, alguns sapos tem que ser engolidos para a realização do mesmo, e se tentar obter um bem melhor para a comunidade.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Luis, não vejo diferença entre papo de bar e diálogo de conflito, cada um pode caminhar para o outro, dependendo da situação e das pessoas envolvidas. O ideal é transformar papos de bar em diálogos e diálogos em papo de bar, no qual as pessoas se escutam e avançam.

      Acredito que só conseguimos mudar a cabeça dos outros quando estamos prontos para mudar a nossa.

      Valeu visita,

      abraços,
      Nepô.

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